RENAMO proclama-se vencedor das autárquicas na Matola, tendo afirmado que a demora na divulgação dos resultados oficiais demonstra uma clara tentativa de fraude eleitoral para beneficiar a Frelimo.
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A Comissão Distrital de Eleições da Cidade da Matola, município mais disputado, ainda não divulgou os resultados da votação de quarta-feira (10.10) , mas a RENAMO, o principal partido da oposição em Moçambique, já veio proclamar vitória na cidade e dizer que a demora no anúncio oficial dos resultados evidencia uma clara tentativa de fraude.
Em conferência de imprensa realizada nesta sexta-feira (12.10), que juntou os militantes e simpatizantes, Clementina Bomba, delegada política da RENAMO, declarou que, com base nos números apurados, o seu partido venceu as autárquicas no município de Maputo, concretamente na cidade da Matola, a mais industrializada do país:
“Queremos anunciar que o partido RENAMO ao nível da autarquia da cidade da Matola está, neste momento, a liderar a contagem dos votos. Estamos com 92,5 dos editais processados e estamos com uma larga vantagem, portanto, a vitória da RENAMO é um dado adquirido nesta autarquia na cidade da Matola.”
Introdução dos editais falsos
A RENAMO denúncia igualmente tentativa de introdução dos editais falsos nos municípios da província da Zambézia, tendo considerado que a demora na divulgação de resultados parciais em municípios onde a Resistência Nacional Moçambicana está em vantagem é uma clara tentativa de fraude eleitoral.
Não é só na Matola onde ainda reina confusão na contagem de votos. A RENAMO refere que nos municípios da província da Zambézia há igualmente cenários incompreensíveis. O mandatário do partido, André Majibire, referiu-se, em entrevista telefónica à DW-África, a tentativa de introduzir editais falsos nos referidos municípios, por parte do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).
“Trouxe um ou dois envelopes com editais de quinhentos eleitores. Neste momento levaram os computadores e já sumiram. Nós dissemos aos nossos elementos que estão lá, para se manterem no local... o que aconteceu é que durante a votação, a um dado momento, a polícia fugiu com os kits e com os materiais de votação sem que tenham sido processados.” André Majibire acrescentou que normalmente o apuramento e a contagem de votos são feitos no local de votação, mas estranha a atitude dos órgãos eleitorais.
Falsificação dos resultados eleitorais
Renamo proclama vitória no município da Matola em Maputo
“A contagem e o apuramento têm de ser feitos sim, mas sem aqueles editais que sumiram, porque nós sabemos que foi aquilo... é o que está a acontecer. E isto está a acontecer em Alto Molócué e em Monapo a situação é a mesma. Querem falsificar os resultados porque perderam.”
No município da Matola, André Majibire, disse que a RENAMO está a efetuar uma contagem paralela e os resultados dão vantagem ao seu partido.
“Nós fizemos a contagem até ao momento... Estava a falar com a delegada e fizeram o processamento de mais de 93 por cento dos votos e lá estão os resultados. E nós tínhamos 48, 5 por cento dos votos contra 46”:
As comissões distritais de eleições têm 48 horas para anunciar os resultados do escrutínio, que serão depois verificados e validados pelas comissões provinciais de eleições e depois pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). Após o anúncio da CNE, segue-se a validação e proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional (CC).
Eleições autárquicas em Moçambique de norte a sul
Grandes enchentes marcaram primeiras horas de votação em todo o país. Cerca de quatro milhões de eleitores foram chamados a escolher os presidentes de 53 municípios moçambicanos e respetivos membros de assembleias.
Foto: DW/A. Zacarias
Grande afluência por todo o país
Longas filas marcaram as primeiras horas de votação na cidade de Tete. Pela manhã, o boletim "Processo Político Moçambicano" do Centro de Integridade Pública (CIP) publicou a sua primeira avaliação. Registam-se longas filas em muitos locais, o que sugere que o nível de participação dos eleitores será mais elevado este ano comparativamente às eleições municipais anteriores, que não atingiu os 50%.
Foto: DW/A. Zacarias
Longa espera em Maputo
Na capital, a votação teve início à hora marcada, mas também registaram-se longas filas, relata o correspondente da DW em Maputo, Leonel Matias. Eleitores precisam de tempo e paciência para exercerem seu direito cívico.
Foto: DW/Romeu da Silva
Filipe Nyusi vota em Maputo
O Presidente Filipe Nyusi e sua esposa votaram na Escola Secundária Josina Machel. Nyusi apelou aos cidadãos que já exerceram o seu direito de voto para aguardarem com serenidade a divulgação dos resultados. O líder interino da RENAMO, Ossufo Momade, que se encontra na Serra da Gorongosa, não deverá votar nessas autárquicas, disse à Lusa fonte do partido.
Foto: Presidência da República de Moçambique
Maputo: O voto dos políticos
O cabeça de lista do MDM em Maputo, Augusto Mbazo, disse depois de votar que está a acompanhar este processo "serenamente e muito confiante" na vitória. Também o candidato da coligação Esperança do Povo, José Balate, afirmou que "a vitória está garantida". Já o candidato do Movimento Solidariedade Cívica de Moçambique, Carlos Tembe, apelou à adesão em massa dos cidadãos ao processo de votação.
Foto: DW/Romeu da Silva
Maputo: O voto dos políticos
Após votar, Venâncio Mondlane, o membro da RENAMO que viu a sua candidatura como cabeça de lista para a cidade de Maputo chumabada pelo Tribunal Constitucional, disse que os munícipes devem aproveitar a eleição para "marcar uma nova página". Também depois de votar, o cabeça de lista da FRELIMO, Eneas Comiche, exortou para "eleições pacíficas e ordeiras".
Foto: DW/Romeu da Silva
Tete: O voto dos políticos
O governador de Tete, Paulo Auade, foi o primeiro a votar nesta assembleia, seguido do cabeça de lista da FRELIMO, César de Carvalho, que apelou à afluência em massa dos eleitores. Os três cabeças de lista mostram-se confiantes na vitória. Hélder Manuel, do MDM, agradeceu a afluência às mesas de votação. Já Ricardo Tomás, da RENAMO, se disse surpreso com a participação massiva dos eleitores.
Foto: DW/A. Zacarias
Filas também em Nampula
Em Nampula, no norte do país, o início da votação foi caraterizado por "grandes enchentes" e longas filas. Muitos eleitores acordaram cedo para votar. Segundo o correspondente da DW Sitoi Lutxeque, pela tarde, a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar eleitores.
Foto: DW/S. Lutxeque
Garantindo o lugar na fila
Os eleitores usaram objetos pessoais para marcar lugar nas filas. Na Escola Primária Completa de Mutita, na periferia de Nampula, o correspondente da DW Sitoi Lutxeque relatou que "não há desordem". O cabeça de lista do MDM, Fernando Bismarque, apelou a todos os munícipes que exerçam o seu direito de voto para "poderem contribuir para o desenvolvimento da cidade".
Foto: DW/S. Lutxeque
Inhambane preocupa
Em Inhambane, o movimento nas assembleias de voto tem sido fraco desde as primeiras horas do dia em quase todas as autarquias, relata o correspondente Luciano da Conceição. O presidente da Comissão Distrital de Eleições de Maxixe, Mateus Rogério, disse à imprensa que o cenário é "preocupante", mas acredita que muitos eleitores podem ainda afluir às assembleias de voto durante a tarde.
Foto: DW/L. da Conceição
Presença policial causa receio em Nampula
Na Escola Primária Completa da Cerâmica, em Nampula, os agentes da polícia estão a menos de cinco metros, contra os 300 metros recomendados por lei. "Não estão a reprimir os cidadãos, mas isso está a criar algum receio entre os eleitores", diz o correspondente Sitoi Lutxeque. Os cabeças de lista da FRELIMO, Amisse Cololo, do PAHUMO, Filomena Mutoropa, e da AMAJPS, Castro Niquina, já votaram.
Foto: DW/S. Lutxeque
Detenções
Dois presidentes de assembleias de voto foram presos por distribuir boletins de voto extra aos eleitores, informa o Centro de Integridade Pública. Os casos aconteceram em Massinga, província de Inhambane, e na Ilha de Moçambique, em Nampula. Na Ilha de Moçambique, o caso foi descoberto por um delegado da RENAMO.
Foto: DW/L. da Conceição
Atrasos na Beira
Na cidade da Beira, numa mesa de voto da Escola Amílcar Cabral, às 09:17 a votação ainda não tinha começado, alegadamente por falta de uma urna. Muitos dos eleitores diziam estar cansados de esperar e alguns abandonaram os postos de votação.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Montagem na última hora
Cinco das oito mesas de voto na Escola Secundária de Muchatazina também não abriram à hora prevista (07:00), constatou o correspondente da DW na cidade da Beira, Arcénio Sebastião. Esta é assembleia número 07029-09 que acabava de ser montada como se vê a cabine.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Beira: O voto dos políticos
Os cabeças de lista Manuel Bissopo, da RENAMO, Augusta Maita, da FRELIMO, e Daviz Simango, do MDM (foto), já votaram. Todos se mostram confiantes na vitória, diz o correspondente Arcénio Sebastião, que está a acompanhar o escrutínio, na cidade da Beira.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Quelimane: "Indícios de fraude"
Eleitores, nos postos de votação de Cololo e Instituto industrial de Quelimane, estão assustados com a presença da Força de Intervenção Rápida, fortemente equipada. A agitação marcou ainda a votação na Escola Primária de Coalane, onde os nomes de mais de 300 eleitores, entre eles o cabeça de lista da RENAMO, Manuel de Araújo, não constavam na lista. Araújo lamenta os "indícios de fraude".
Foto: DW/Marcelino Mueia
Idosos sofrem sem prioridade em Quelimane
Idosos queixam-se de discriminação nas filas de votação. Contam que as filas são tão longas que não conseguem permanecer de pé muitas horas. Os mais novos não cedem lugar. A idosa Joaquina Álvaro, diz ter chegado ao posto de votação da Escola Primária 17 de Setembro, em Quelimane, às 8 horas locais, mas até às 12 horas não tinha votado.
Foto: DW/M. Mueia
Pemba: Votação a bom ritmo
Pela manhã, a votação decorria a bom ritmo na cidade de Pemba, segundo o correspondente da DW Delfim Anacleto. O governador provincial, Júlio José Paruque, apelou a todos os intervenientes no processo eleitoral em curso para manterem a calma e aguardarem os resultados nas respetivas residências. Paruque mostrou satisfação pela "participação da juventude estreante".
Foto: DW/D. Anacleto
Em Xai-Xai há assembleias vazias
Em Xai-Xai, a votação arrancou à hora prevista. Nalgumas assembleias, a afluência era grande, mas noutras, como na Escola Primária Completa 7 de Outubro (foto) não se via quase ninguém até às 10:00, constatou o correspondente Carlos Matsinhe. Segundo a RENAMO, alguns delegados tiveram acesso impedido em 15 mesas de voto, alegadamente porque nas suas credenciais não constava o número da mesa.
Foto: DW/Carlos Matsinhe
Evidência de Fraude
Segundo a lei eleitoral, o cidadão que se mudou há mais de seis meses não pode votar no anterior lugar de residência. Mas Guilhermina Sitoe, diretora de Saúde, Mulher e Ação Social em Massingir, Mirna Chiboleca, diretora de Educação em Guija, e Hermenegildo Chivure (na foto, de calças azuis), administrador de Chicualacuala há mais de dois anos - todos membros da FRELIMO - votaram em Xai-Xai.
Foto: DW
Avaliação parcial das autoridades
Para a polícia, o processo eleitoral está a decorrer dentro da normalidade em todas as autarquias. A CNE diz que decorre com serenidade e harmonia. A missão de observação eleitoral Sala da Paz afirma ser preciso corrigir "pequenos incidentes" e ilícitos eleitorais que têm estado a ocorrer. O STAE garante que as urnas só vão encerrar quando for atendido o último eleitor que estiver na fila.