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ConflitosRepública Centro-Africana

RCA: Principais grupos rebeldes rompem o seu cessar-fogo

Lusa
25 de dezembro de 2020

A coligação de grupos armados que há uma semana lidera uma ofensiva contra o Governo da República Centro-Africana anunciou quebrar o seu "cessar-fogo unilateral" de três dias devido à "teimosia" do Governo.

Zentralafrikanische Republik russisches Militärfahrzeug in Bangui
Foto: Camille Laffont/AFP

A coligação de grupos armados que há uma semana lidera uma ofensiva contra o Governo da República Centro-Africana anunciou esta sexta-feira (25.12.) quebrar o seu "cessar-fogo unilateral” de três dias devido à "teimosia” do governo.

Face à "teimosia irresponsável do Governo” que teria "rejeitado” o cessar-fogo, a Coligação de Patriotas pela Mudança (CPC) "decide romper a trégua de 72 horas que se impôs até agora e retomar a sua marcha implacável até ao seu objetivo final”, segundo um comunicado confirmado à agência France-Presse por dois grandes grupos rebeldes.

Ao declarar o cessar-fogo na quarta-feira, a coligação tinha convidado "o poder a observar um cessar-fogo no mesmo período” e apelado ao chefe de Estado, Faustin Archange Touadéra, favorito do escrutínio presidencial, a "suspender as eleições cujas condições de bom funcionamento nunca estiveram reunidas”.

Na quinta-feira (24.12), Ange-Maxime Kazagui, porta-voz do governo, reagiu, criticando "um não acontecimento”. "Não vi essas pessoas pararem as suas ações”, disse à AFP.

Rebeldes ameaçam atacar Bangui

O Governo "rejeitou com arrogância” esta "hipótese de paz”, afirmaram os grupos rebeldes. "Seguiram-se vários ataques às posições ocupadas pelos patriotas da CPC”, segundo o comunicado.

República Centro-Africana prepara-se para eleições de domingo em clima de conflitoFoto: ALEXIS HUGUET/AFP

A autenticidade do documento foi confirmada à AFP pelo movimento 3R (Regresso, Reclamação, Reabilitação), um dos pilares da coligação, e pela Frente Popular para o Renascimento da República Centro Africana.

"Agora, ou o Governo nos dispersa ou marchamos sobre Bangui [a capital], que é o nosso objetivo final”, declarou à AFP o general Bobo do movimento 3R.

Os combates recomeçaram em Bakouma, a cerca de 250 quilómetros de Bangui, segundo Vladimir Monteiro, porta-voz da Missão das Nações Unidas na República Centro Africana (Minusca).

O governo acusou a 19 de dezembro o ex-presidente François Bozizé, cuja candidatura às presidenciais foi invalidade, de "tentativa de golpe de Estado”, após a aliança e a ofensiva desta coligação, o que foi desmentido por Bozizé.

Os líderes dos três principais grupos armados ocupam grande parte do território da RCA Foto: AFP/Getty Images

Eleições presidenciais de domingo

A população da República Centro-Africana (RCA) elege no domingo o Presidente do país, para um mandato de cinco anos, e escolhe os seus representantes na Assembleia Nacional.

A corrida presidencial, que conta com 17 nomes no boletim de voto, fica marcada pela ausência do antigo Presidente François Bozizé, que viu a sua candidatura ser invalidada no início do mês pelo Tribunal Constitucional da RCA. Entre os opositores, encontra-se Anicet-Georges Dologuélé, candidato do partido União para a Renovação Centro-Africana, que nas anteriores eleições disputou a segunda volta frente a Touadéra.

A RCA foi devastada pela guerra civil depois de uma coligação de grupos armados dominados por muçulmanos, a Séléka, ter derrubado o regime do Presidente François Bozizé em 2013.

Os confrontos entre a Séléka e milícias cristãs e animistas anti-Balaka provocaram milhares de mortes.

A recém-criada coligação reúne grupos das milícias Séléka e anti-Balaka contra o regime de Touadera.

Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a missão da ONU e 55 participam na missão de treino da União Europeia, liderada pelo brigadeiro general português Neves de Abreu até setembro de 2021.

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