Bambari, a quarta maior cidade da República Centro-Africana (RCA), 300 quilómetros a nordeste de Bangui, foi capturada pelos rebeldes. Rússia enviou mais 300 instrutores militares para o país, que vai a votos no domingo.
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"A cidade está sob controlo de grupos armados. Não houve violência contra os habitantes", disse à agência France-Presse o presidente da câmara de Bambari, Abel Matchipata. "Sim, eles estão na cidade", confirmou também um alto responsável do governo centro-africano.
A batalha pelo controlo da cidade levou a duas horas de troca de tiros com as forças armadas e os capacetes azuis da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana, precisaram responsáveis de organizações não-governamentais e das Nações Unidas.
A Rússia anunciou esta terça-feira (22.12) o envio de 300 instrutores militares adicionais para a RCA onde está a apoiar o governo, após uma ofensiva de grupos rebeldes descrita como uma "tentativa de golpe".
"Para ajudar Bangui a reforçar as capacidades defensivas da República Centro-Africana, a Rússia respondeu rapidamente ao pedido do governo e enviou 300 instrutores adicionais para a formação do exército nacional", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado.
A diplomacia russa declarou ter notificado da decisão o comité do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre sanções contra a República Centro-Africana.
No dia anterior, um diplomata russo de alto nível, Mikhail Bogdanov, tinha indicado que Moscovo não tinha enviado tropas para o país, mas tinha lá pessoal ao abrigo de acordos "sobre a formação de quadros e o trabalho dos nossos instrutores".
O porta-voz do governo centro-africano, Ange Maxime Kazagui, tinha avançado que "várias centenas" de soldados e equipamento pesado russo tinham sido enviados para o país ao abrigo de um acordo de cooperação bilateral, sem especificar o número exato nem a data da chegada.
A diplomacia russa manifestou também "grande preocupação" com os acontecimentos dos últimos dias na RCA, que levaram a "uma grave deterioração da situação de segurança".
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Apelos à calma durante eleições
A procuradora do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fatou Bensouda, apelou à calma durante as eleições presidenciais e legislativas de domingo, afirmando que possíveis crimes serão acompanhados pelo tribunal.
"Apelo, entre outros, a todos os partidos, grupos armados, atores políticos e apoiantes para que exerçam calma e contenção", afirmou a procuradora do tribunal sediado em Haia, Países Baixos, citada pela agência France-Presse (AFP).
O apelo de Bensouda surge quando o Governo da RCA sustenta que está em curso uma tentativa de golpe de Estado por parte do ex-Presidente François Bozizé, enquanto os líderes dos três principais grupos armados, que ocupam grande parte do território e conduzem uma ofensiva no norte e oeste do país, anunciaram a criação de uma coligação.
"A realização de eleições numa atmosfera pacífica é essencial na República Centro-Africana para evitar a emergência de uma espiral de violência", acrescentou a procuradora. "Qualquer pessoa que cometa crimes visados pelo Estatuto de Roma, ordene, incite, encoraje ou contribua de qualquer forma para a sua realização, é passível de ser processada perante os tribunais da RCA ou do TPI", alertou.
Em novembro de 2018, o antigo líder anti-Balaka Alfred Yekatom, acusado de crimes contra a humanidade, foi entregue ao TPI. No início de 2019, Patrice-Edouard Ngaissona, considerado pelo TPI como um dos mais proeminentes líderes anti-Balaka no mundo, foi também entregue a estre tribunal.
As eleições gerais de 27 de dezembro na República Centro-Africana vão ser disputadas por 17 candidatos à presidência, incluindo o atual chefe de Estado, Faustin Archange Touadéra, numa votação que vai também decidir a composição do parlamento. Faustin Archange Touadéra procura um segundo mandato, sendo apontado como o favorito à vitória.
15 momentos que marcaram o "annus horribilis" de 2020
2020 ficará para sempre conhecido como o ano da pandemia de Covid-19. Entretanto, foi também marcado por momentos-chave a vários níveis - desde a morte de George Floyd, nos EUA, às manifestações em Angola.
Foto: Jacob King/REUTERS
Isabel dos Santos e o caso "Luanda Leaks"
Em janeiro, a empresária angolana foi constituída arguida por alegado desvio de fundos na petrolífera estatal Sonangol. Ao longo do ano, teve arrestadas as suas contas bancárias e participações da NOS em Portugal, testemunhou a nacionalização da sua parte na Efacec e, ainda, viu o hacker português Rui Pinto - fonte dos documentos que levaram ao "Luanda Leaks" - aguardar o julgamento em liberdade.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Metzel
Sissoco Embaló: Tomada de posse "simbólica"
Em fevereiro, Umaro Sissoco Embaló tomou posse como Presidente da Guiné-Bissau à revelia do Supremo Tribunal de Justiça. Estava ainda em curso um contencioso eleitoral interposto pelo opositor Domingos Simões Pereira, que apelidou a tomada de posse de "golpe de Estado". O novo Presidente demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, nomeando o novo Executivo do primeiro-ministro Nuno Nabiam.
Foto: DW/I. Dansó
OMS declara pandemia de Covid-19
Todos os PALOP entraram em estado de emergência depois da declaração da Organização Mundial da Saúde, em março. A pandemia levou ao adiamento de vários eventos mundiais, como os Jogos Olímpicos e o Campeonato Africano das Nações (CAN). Em abril, mais da metade da população mundial estava confinada em casa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Gonchar
"I can't breathe": A morte de George Floyd
O afro-americano morreu em maio nos EUA, sufocado por um polícia que colocou o joelho sobre o seu pescoço durante durante 8 minutos e 46 segundos. A frase "I can't breathe" ("Não consigo respirar"), proferida por Floyd antes de morrer, tornou-se viral. A morte motivou protestos antirracismo em todo o mundo, levou à vandalização de estátuas coloniais e impulsionou o movimento Black Lives Matter.
Foto: Getty Images/S. Maturen
"Perseguição política" na Guiné-Bissau
Em maio, o deputado Marciano Indi foi sequestrado após ter expressado opiniões que terão desagradado ao Presidente guineense. O ano ficou também marcado pelo rapto e sequestro de vários ativistas, alegadamente por seguranças de Sissoco Embaló. A agitação política levou o ex-primeiro-ministro Aristides Gomes (na foto) a refugiar-se na sede da ONU em Bissau. Gomes fala em "perseguição política".
Foto: DW/B. Darame
Cabo Verde processado por violação dos direitos humanos
O empresário Alex Saab foi detido na ilha do Sal, em junho, mediante mandado de captura dos EUA, que o consideram um testa-de-ferro do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Saab denunciou ter sido torturado na prisão a mando dos EUA. Pela primeira vez, Cabo Verde foi processado por violar direitos humanos no seu território. Em dezembro, a CEDEAO ordenou a prisão domiciliária do colombiano.
Foto: Governo de Cabo Verde
Moção de censura contra Governo de STP
Em julho, o principal partido da oposição são-tomense, a Ação Democrática Independente (ADI), apresentou uma moção de censura contra o Governo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus. A gestão dos fundos contra a Covid-19 foi um dos motivos apresentados pela ADI, que acusou ainda o Executivo de agir com "práticas sistemáticas de ilegalidades". A moção foi rejeitada pelo Parlamento são-tomense.
Foto: DW/R. Graça
Tragédia em Beirute
Em agosto, uma explosão no porto de Beirute, provocada por 2,7 toneladas de nitrato de amónio, devastou grande parte da capital libanesa, provocando mais de 200 mortos e 6.500 feridos. A carga de amónio era uma encomenda da Fábrica de Explosivos de Moçambique e tinha como destino o porto da Beira. Contudo, o navio ficou retido em Beirute por ordem das autoridades locais e a carga foi substituída.
Foto: Getty Images/AFP/STR
"Zenu" condenado no caso "500 milhões"
O filho dos ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, José Filomeno 'Zenu' dos Santos, foi condenado em agosto a cinco anos de prisão por crimes de burla e defraudação, peculato e tráfico de influências. Em causa está uma transferência irregular de 500 milhões de dólares do banco central angolano para a conta de uma empresa privada estrangeira sediada em Londres.
Foto: Grayling
Luta contra a corrupção continua em Angola
Ainda este ano, o empresário Carlos São Vicente ficou em prisão preventiva e o ex-ministro da Comunicação Social Manuel Rabelais (na foto) começou a ser julgado. Ambos são acusados de peculato e branqueamento de capitais. Por outro lado, Edeltrudes Costa, diretor de Gabinete do Presidente João Lourenço, não é alvo de qualquer processo, apesar de alegado envolvimento em escândalos de corrupção.
Foto: Imago/Xinhua
Incêndio na redação do Canal de Moçambique
O editor-executivo do semanário classificou o incêndio ocorrido em agosto nos escritórios do Canal de Moçambique como "atentado terrorista contra liberdade de expressão e de imprensa", acrescentando que "uns são raptados e outros são intimidados". Matias Guente refere-se, por exemplo, ao caso do jornalista Ibrahimo Mbaruco, desaparecido desde abril na província nortenha de Cabo Delgado.
Foto: Adriano Nuvunga/CDD
EI diz ter tomado porto de Mocímboa da Praia
A 11 de agosto, um grupo de homens armados anunciou a tomada do porto da vila de Mocímboa da Praia. O grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ataque. O número de deslocados da província nortenha de Cabo Delgado escalou exponenciamente. Em dezembro, o Governo moçambicano anunciou que pelo menos 560 mil cidadãos tiveram de fugir do conflito.
Foto: Getty Images/AFP/A. Barbier
Biden vence eleições norte-americanas
Novembro foi o mês em que Donald Trump sofreu a derrota nas presidenciais dos EUA. Mas o republicano queixou-se sucessivamente de fraude eleitoral, sem apresentar provas. A Casa Branca terá novos ocupantes: Joe Biden e Kamala Harris, a primeira mulher eleita vice-Presidente dos EUA. Filha de pai jamaicano e de mãe indiana, Harris será também a primeira mulher negra a ocupar o posto.
Foto: Andrew Harnik/Getty Images
Dia da Independência em Angola marcado por manifestações
O dia 11 de novembro foi o mais intenso das manifestações por melhores condições de vida e pela realização das primeiras eleições autárquicas em Angola. A polícia reprimiu o protesto violentamente. A morte do jovem manifestante Inocêncio Matos gerou indignação. Várias pessoas ficaram feridas, incluindo o ativista Nito Alves. Luaty Beirão e outros ativistas foram detidos.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Covid-19: A corrida da vacina
O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar a vacina da Pfizer/BioNTech, aplicada pela primeira vez em dezembro. A primeira pessoa a receber a vacina contra a Covid-19 foi uma mulher britânica de 90 anos (na foto). O dia do arranque do programa de imunização foi apelidado de Dia-V, numa clara alusão ao Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial.