República Democrática do Congo: 28 mortos em colapso de mina
Lusa | EFE
15 de dezembro de 2019
Segundo as autoridades locais, há várias crianças entre as vítimas do colapso de uma mina de ouro, no sábado (14.12), em Ituri, no leste da RDC, onde nos últimos dias se têm registado fortes chuvas.
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"Até agora, retirámos 28 corpos, incluindo crianças que trabalham junto de adultos", disse o deputado local Paulin Odiama, citado pela agência de notícias espanhola EFE, admitindo que o número de vítimas possa vir a aumentar.
O incidente ocorreu na mina de ouro de Ndiyo, no território Watsha, na província de Haut-Uele. O ministro provincial das Minas, Dieudonné Apasa, precisou que o acidente teve lugar no sábado, entre as 17h30 e as 18h00 locais: "Eles foram surpreendidos por um deslizamento de terras que os envolveu. As chuvas que caem quase todos os dias, nos últimos tempos, na região, são as principais causas deste colapso", adiantou.
Segundo Dieudonné Apasa, continuam no terreno as equipas de resgate, "constituídas por agentes das minas e forças de segurança”.
Chuvas provocam dezenas de mortos
Mais a sul desta província, uma rede de organizações da sociedade civil também identificou "31 casos de morte, entre 7 e 14 de dezembro, devido a deslizamentos de terra, subsidência de solo ou paredes desabadas" em Bukavu, onde "a precipitação é particularmente abundante.
Em outubro, o último deslizamento de terras numa mina de pequena escala provocou a morte de 31 pessoas em Maniema, enquanto em Kinshasa a chuva matou pelo menos 41 pessoas em 26 de novembro.
Na República Democrática do Congo, os acidentes em minas operadas por mineiros artesanais são frequentes e muitas vezes mortais, ocorrendo em locais extremamente isolados onde as escavadoras artesanais trabalham em condições difíceis.
A luta diária pelo ouro
Apesar de rica em ouro, a região de Mara Norte é das mais pobres da Tanzânia. A exploração fica à mercê de uma multinacional e os locais que invadem a mina à procura de resquícios de ouro são violentamente expulsos.
Foto: DW/J. Hahn
O tesouro
Nos solos de Mara Norte, no noroeste da Tanzânia, ainda repousam 3,8 milhões de onças de ouro. A mina de ouro que aqui se encontra é uma das seis existentes em todo o país. É operada desde 2006 pela African Barrick Gold, uma subsidiária da Barrick Gold, a maior empresa de ouro do mundo.
Foto: DW/J. Hahn
A mina de ouro
"Gokona" é uma das três minas a céu aberto de Mara Norte. Todos os dias são retiradas pedras de ouro dos solos. O material de primeira contém quatro a cinco gramas de ouro por tonelada. Em cerca de dez anos, no entanto, calcula-se que as reservas aqui estarão esgotadas.
Foto: DW/J. Hahn
A esperança de arranjar emprego
A mina da African Barrick Gold é o maior empregador em toda a região de Mara Norte. Mais de 2.000 pessoas estão diretamente empregadas ou trabalham como fornecedores de serviços externos para a multinacional. No entanto, a maioria das pessoas da região não tem emprego.
Foto: DW/J. Hahn
Muro de proteção
Uma cerca de arame farpado protege a mina de saqueadores, que muitas vezes conseguem fazer buracos na cerca. Por essa razão, a mina é vigiada por seguranças particulares e também por polícias tanzanianos. Constantemente há confrontos, mortos e feridos.
Foto: DW/J. Hahn
Os "invasores"
Muitas vezes, são às centenas os "intruders" – ou "invasores" – como eles próprios se denominam. De manhã, à tarde e à noite, invadem a mina em busca de pedras que contêm pequenas quantidades de ouro e que podem vender a intermediários para obter algum dinheiro.
Foto: DW/J. Hahn
A corrida ao ouro
“Só levamos o que sobra”, diz Jumanne. “Mas a polícia expulsa-nos, persegue-nos nas nossas próprias aldeias”, conta. Tal como muitos outros “invasores” de minas, Jumanne defende que a multinacional devia deixar os montes de cascalho para os habitantes da aldeia.
Foto: DW/J. Hahn
A garimpeira
O cascalho é lavado pelos “invasores”, que procuram encontrar vestígios de ouro. É um trabalho difícil, sobretudo para as mulheres. Passam horas a procurar nos montes de cascalho, mas a maioria parte de mãos vazias. Por mês, esta garimpeira ganha 20.000 xelins tanzanianos (cerca de dez euros).
Foto: DW/J. Hahn
Uma região esquecida
A região de Mara Norte é uma das mais pobres e menos desenvolvidas da Tanzânia. Durante muito tempo, os habitantes das sete aldeias nos arredores da mina extraíam eles mesmos o ouro. O cenário mudou com a chegada das multinacionais, no fim da década de 90. Hoje, a pecuária e a agricultura dão pouco dinheiro.
Foto: DW/J. Hahn
Os desiludidos
“Por nós, a mina não tem feito nada”, dizem estes moradores de Kewanja. Eles não têm água corrente nem eletricidade. Aqui, uma família com mais de 20 membros vive com 300.000 xelins por mês (cerca de 140 euros).
Foto: DW/J. Hahn
Um filho perdido
“A mina levou-me tudo”, conta Gati Marembera Mwita. No dia 6 de novembro de 2012, um polícia disparou contra o seu filho. “Dezenas de invasores, sobretudo homens jovens com armas tradicionais, invadiram a mina”, lê-se numa notícia. “O meu filho não era um invasor”, diz o pai. “Ele estava, por mero acaso, ali perto, a cuidar das ovelhas e das cabras.”
Foto: DW/J. Hahn
Os rendimentos
Pedras - pó - ouro. Os habitantes da aldeia especializaram-se nas diversas fases de produção. Todas elas são perigosas. No final, o pó que contém ouro é misturado com mercúrio altamente tóxico para ligar o metal precioso. Um grama vale cerca de 42 mil xelins tanzanianos (cerca de 20 euros).