19 de dezembro está presente em todas as conversações na República Democrática do Congo: às 23:59 (hora da RDC) chega ao fim o segundo mandato de Joseph Kabila como Presidente do país.
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A tensão aumentou nas últimas horas na capital do Congo Democrático onde centenas de pessoas desafiaram as autoridades e foram manifestar pelas ruas de Kinshasa contra a continuação no cargo do Presidente cessante Joseph Kabila, cujo mandato expira dentro de poucas horas.
A data da próxima eleição presidencial permanece incerta, tal como o papel que Joseph Kabila, terá num eventual periodo transitório: pontos litigiosos continuam na agenda do diálogo, considerada de última chance, mediada pela igreja católica. Um diálogo que foi suspenso até quarta-feira, 21 de dezembro. A oposição está determinada a tudo fazer para que seja respeitado o prazo, enquanto vários movimentos da sociedade civil continuam a lançar apelos à população para que levem a cabo manifestações que possam obrigar Kabila a abandonar o poder.
Paz no país
Num dos bairros populares de Kinshasa, o correspondente da DW África, falou com uma vendedora de rua que, apesar de deplorar o aumento do custo de vida, reclama uma única coisa, a paz no seu país. "Não tenho nenhuma esperança em relação ao dia de hoje, ou seja até à meia-noite de 19 de dezembro. Esta data só diz respeito aos políticos...nós a população sómente queremos viver em paz e entrar no novo ano de forma tranquila".
Misseka, é um jovem de trinta anos e trabalha num banco em Kinshasa. Segundo ela, a população do país deve juntar-se nas ruas e marchar até ao Palácio para exigir o respeito da Constituição pelo Presidente cessante Joseph Kabila.
"Gostaria de ver o povo congolês unido à frente do Palácio da Nação e dizer ao senhor Presidente para abandonar o cargo como diz a Constituição".
Cristina, é estagiária num hospital da capital congolesa e para ela uma marcha ou as manifestações são ações que devem ser levadas a cabo para que a população seja escutada, mas a jovem exorta os seus concidadãos a pensarem no futuro imediato, ou seja após o dia de hoje.
"Não aprecio muito o que está a acontecer no meu país. 19 de dezembro é o fim oficial do mandato do Presidente e ele mais do que ninguém deve saber como fazer e do outro lado, a população que vai para as ruas, enfrenta as forças da ordem, etc...Mas fazer isso tudo para quê? Não acredito que depois destas manifestações, violencias e outros atos Kabila abandone tão depressa o poder. Não acredito nesta possibilidade. Por isso digo é preciso que sejam encontrados outros mecanismos para que a Constituição não seja violada".Apelos à calma
Entretanto, a ONG de defesa dos direitos do Homem, a Human Rights Watch, alerta que "existe um sério perigo da RDC mergulhar-se no caos".
Também a ONU, já apelou os congoleses à calma e à contenção e, em particular, as forças de segurança "que devem garantir os direitos à liberdade de associação".
Congoleses em Luanda
A comunidade congolesa radicada na capital angolana, Luanda, vive com apreensão o momento político na República Democrática do Congo (RDCongo) e aponta o dedo ao Presidente Joseph Kabila.
Angola partilha com a RDCongo uma fronteira de 2.511 quilómetros sendo o Governo de José Eduardo dos Santos aliado histórico de Joseph Kabila.
19.12.2016 RDC/Kabila - MP3-Mono
Sancionar os corruptos
Após a votação pública dos 15 casos "mais simbólicos de grande corrupção", a ONG Transparência Internacional selecionou e anunciou esta quarta-feira (10.02) os 9 casos que passaram para a "Fase de Sanção Social".
Foto: picture alliance / AP Photo
Isabel dos Santos
Depois da votação pública dos 15 casos "mais simbólicos de grande corrupção" da Transparência Internacional, 9 casos foram destacados pela organização. A filha mais velha do Presidente angolano não faz parte, apesar dos 1418 votos. Segundo a TI, a seleção dos 9 foi baseada não só nos votos, mas também no impacto nos direitos humanos e na necessidade de destacar o lado menos visível da corrupção.
Foto: Nélio dos Santos
Teodoro Nguema Obiang
Conhecido pelo seu estilo de vida luxuoso, o filho do Presidente da Guiné Equatorial é, desde 2012, o segundo Vice-Presidente da República. A Guiné Equatorial é o país mais rico de África, per capita, apesar do Banco Mundial alegar que mais de 75% da população vive na pobreza. Teodoro somou apenas 82 votos e - como Isabel dos Santos - não foi nomeado para a fase de sanção social.
Foto: DW/R. Graça
Banco Espírito Santo
As suspeitas de corrupção do BES (Banco Espírito Santo) começaram quando o grupo financeiro português entrou em bancarrota em 2014. Foram descobertas fortes evidências de corrupção, fraude e lavagem de dinheiro. Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, já esteve preso e foi recentemente libertado sob fiança. O BES somou 193 votos e também não passou aos 9 maiores casos de grande corrupção do mundo.
Foto: DW/J. Carlos
Mohamed Hosni Mubarak
Presidente do Egito entre 1981 e 2011, Mohamed Hosni Mubarak somou 207 votos e encontra-se agora preso. Mesmo assim, não aparece na lista dos casos de grande corrupção que a Transparência Internacional quer sancionar socialmente. Também o comércio de jade do Myanmar e a China Communication Construction Company ficaram de fora com 47 e 43 votos, respetivamente.
Foto: picture-alliance/AP
Transparência Internacional
"Unmask the Corrupt" é um projeto da Transparência Internacional que após receber 383 submissões, nomeou os 15 casos mais simbólicos de corrupção. Após receberem mais de 170 mil votos, reduziram os 15 para 9 casos. A Transparency International quer promover uma campanha mundial para aplicar sanções sociais e políticas nestes exemplos de corrupção. A DW África mostra-lhe os 9 casos nomeados.
Estado americano de Delaware
O Estado norte-americano de Delaware está entre os 9 casos mais simbólicos de corrupção. O jornal The New York Times chegou mesmo a apelidar o Estado como "paraíso fiscal corporativo" pela possibilidades que oferece às empresas. Somou 107 votos. "Está na hora da justiça e das pessoas mostrarem o poder das multidões", afirmou em comunicado de imprensa José Ugaz da Transparência Internacional.
Foto: Getty Images/M. Makela
Zine al-Abidine Ben Ali
Com 152 votos está o ex-Presidente da Tunísia, que governou entre 1987 e 2011. É acusado de roubar mais de dois mil milhões de euros à população tunisina e de beneficiar amigos e companheiros a escapar à justiça. É conhecido pelo seu estilo de vida extravagante e saiu do Governo em 2011, na sequência de protestos nas ruas da Tunísia conhecidos como a Revolução de Jasmim ou Primavera Árabe.
Foto: picture-alliance/dpa
Fundação Akhmad Kadyrov
A Fundação Akhmad Kadyrov tem como fim o desenvolvimento social e económico da Chechénia. Mas é acusada de gastar as verbas a entreter e oferecer presentes a estrelas de Hollywood e para o benefício de Ramzan Kadyrov (na foto), presidente da região russa da Chechénia e filho do falecido Akhmad Kadyrov. Segundo a TI, Ramzan Kadyrov usou as verbas para comprar jogadores de futebol. Reuniu 194 votos.
Foto: imago/ITAR-TASS/Y. Afonina
Sistema político do Líbano
Com 606 votos, o sistema político no Líbano, nomeadamante o Governo, as autoridades e as instituições, encontram-se também na lista da Transparência Internacional. Segundo a filial libanesa da TI, a corrupção encontra-se em todos setores sociais e governamentais, existindo "uma cultura de corrupção" no país. Considera o Líbano um país "muito fraco" em termos de integridade.
Foto: picture-alliance/dpa
FIFA - Federação Internacional de Futebol
A Federação Internacional de Futebol, mais conhecida como FIFA, é acusada de ultrajar milhões de fãs. Os respoonsáveis pelos cargos mais elevados são acusados de roubar milhões de euros e estão a ser analisados 81 casos suspeitos de branqueamento de capitais um pouco por todo o mundo. Há suspeitas que várias eleições de países anfitriões de mundiais de futebol foram manipuladaa. Conta 1844 votos.
O senador da República Dominicana conta 9786 votações. Foi acusado de branqueamento de capitais, abuso de poder, prevaricação e enriquecimento ilícito no valor de vários milhões de dólares. Bautista já esteve em tribunal, mas nunca foi considerado culpado, o que originou vários protestos por parte da população dominicana.
Foto: unmaskthecorrupt.org
Ricardo Martinelli e companheiros
É ex-Presidente do Panamá e empresário. Ricardo Martinelli terminou com 10166 votos e possui atualmente uma rede de supermercados no país, entre outras empresas. Está envolvido numa polémica de espionagem política durante o seu mandato entre 2009 e 2014, utilizando alegadamente dinheiros públicos. Tem outras acusações em tribunal, incluindo vários crimes financeiros e subornos e perdões ilegais.
Foto: Getty Images/AFP/J. Ordone
Petrobras
A petrolífera Petrobras, empresa semi-estatal brasileira, ficou em segundo lugar com 11900 votos. As acusações de subornos, comissões e lavagens de dinheiro de mais de dois mil milhões de euros, conduziram, alegadamente, o Brasil a uma profunda crise política. O caso envolve mais de 50 políticos e 18 empresas. A população brasileira já protestou várias vezes nas ruas para exigir justiça.
Foto: picture alliance/CITYPRESS 24
Viktor Yanukovych
O ex-Presidente da Ucrânia foi o mais votado. Acumulou 13210 acusações e é acusado de "deixar escapar" milhões de ativos estatais em mãos privadas e de ter fugido para a Rússia antes de ser acusado de peculato. Yanukovych começou o seu mandato em 2010, foi reeleito em 2012 e cessou as suas funções no ano de 2014, quando foi destituído após vários protestos populares.