Representante da CPLP inicia missão de diálogo na Guiné-Bissau
13 de janeiro de 2014 Carlos Moura foi o nome escolhido pelo Comité de Concertação Permanente para representante especial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na Guiné-Bissau.
O advogado brasileiro, que já se encontra na capital guineense, vai inteirar-se da evolução da situação no país até à conclusão do processo eleitoral. “As informações que possuo me levam a acreditar que será possível as eleições serem realizadas na data prevista”, a 16 de março, afirma Carlos Moura.
Pouco depois de assumir o cargo, em Lisboa (10.01), Carlos Moura disse aos jornalistas que desempenhará uma “missão de diálogo”, em concertação com as autoridades e a sociedade guineenses.
“O diálogo em função de uma participação política da Guiné-Bissau que como todos sabemos é um Estado-membro que busca encontrar os caminhos da democracia e do progresso”, acrescentou o representante da comunidade lusófona.
Desarmar os espíritos da Guiné-Bissau
O enviado especial do secretário executivo da CPLP, Murade Murargy, considera que o primeiro passo importante a dar é aquele a que chama de “desarmamento dos espíritos”.
“É preciso que as pessoas compreendam que há necessidade de uma concertação política e para isso é preciso que os espíritos estejam desarmados, não só das autoridades diretamente responsáveis pelo país mas de toda a sociedade. E é com esse espírito que eu acabo de assumir esta representação”, disse Carlos Moura.
Nesse sentido, o enviado da CPLP deverá manter contactos com todas as partes interessadas na estabilidade política da Guiné-Bissau. O seu trabalho será “desenvolvido em comunhão com a UNOGBIS [Missão das Nações Unidas na Guiné-Bissau], a União Africana, a CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], enfim, com todos os organismos internacionais acreditados na Guiné-Bissau e evidentemente também com as representações diplomáticas lá acreditadas”, garantiu Carlos Moura.
Formado em Direito e fundador no Brasil do Centro de Estudos Afro-Brasileiros, Carlos Moura já chefiou a representação temporária da CPLP em Bissau, entre 2004 e 2006. Em julho de 2012, encabeçou a Missão de Observação Eleitoral da organização lusófona às eleições legislativas de Timor-Leste.
Arrancou recenseamento de guineenses em Portugal
Esta segunda-feira (13.01), começou em Lisboa o recenseamento eleitoral dos guineenses na diáspora, que desta vez poderão exercer o direito de voto. Uma equipa móvel de seis agentes recenseadores, formados para o efeito, mas que dispõe apenas de um computador, começa a fazer o registo eleitoral na Embaixada da Guiné-Bissau, no Restelo.
Após dois dias, a mesma equipa vai percorrer Portugal até à conclusão do recenseamento, ainda sem data definida.
Este “processo poderá pecar por não termos meios técnicos suficientes. Não se pode comparar Portugal com França ou com Espanha ou com qualquer outra parte onde estejam a viver guineenses, porque aqui é a segunda pátria depois da Guiné-Bissau”, sustenta Mbala Fernandes, Encarregado de Negócios da Embaixada guineense.
Apesar de compreender a situação do país, o diplomata guineense reclama a afetação de mais recursos humanos e meios técnicos. Os trabalhos do recenseamento arrancaram com esta limitação, depois de várias reuniões de concertação com os partidos políticos e associações da comunidade guineense.
De acordo com fontes oficiais, admite-se que possam recensear-se cerca de 40 mil guineenses, entre legais e ilegais, incluindo cidadãos com dupla nacionalidade.