Resgatadas "algumas" estudantes após ataque do Boko Haram
Lusa | AFP | ms
22 de fevereiro de 2018
As Forças Armadas nigerianas anunciaram esta quinta-feira o resgate de "algumas" das 111 estudantes que desapareceram durante um ataque que o grupo extremista Boko Haram fez há dois dias numa escola feminina em Dapchi.
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"Algumas das 111 meninas desaparecidas em Dapchi foram encontradas e colocadas em segurança pelas forças nigerianas", garantiu Abdullahi Bego, porta-voz do governador do Estado de Yobe, Ibrahim Gaidam.
Anteriormente, a polícia nigeriana evitou falar em rapto. Segundo as autoridades, o ataque levado a cabo na manhã de segunda-feira (19.02) pelo Boko Haram não teria sido bem-sucedido, porque os atacantes não tinham conseguido raptar as estudantes, que teriam fugido com os professores pela floresta.
As famílias das jovens desaparecidas no nordeste da Nigéria na quinta-feira aguardam com ansiedade o regresso a casa das estudantes.
Raparigas de Chibok reencontram famílias
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No momento do ataque, estavam na escola 889 estudantes, segundo avançou a agência noticiosa AP. Os atacantes saquearam a escola e levaram comida antes de fugir da cidade, escreveu a agência EFE.
O ataque, ocorrido no Estado de Yobe, é semelhante ao conduzido em abril de 2014 a outra escola, fazendo recordar o sequestro de mais de 200 raparigas, também pelo Boko Haram, na cidade de Chibok, no vizinho Estado de Borno. Cerca de 100 das raparigas sequestradas foram libertadas, mas 112 continuam ainda em cativeiro.
Buhari sob pressão
A população pressiona o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, para que tome uma posição sobre este novo episódio, para assegurar que não aconteça uma situação semelhante à ocorrida em 2014.
Nos últimos meses, a Nigéria assistiu a um aumento de ataques suicidas, apesar da diminuição da presença do grupo em alguns dos territórios, resultado das operações realizadas pelas forças de segurança do país.
O grupo jihadista passou a adaptar os ataques, perpetrando ações em locais de oração, escolas e campos de refugiados. Desde 2009, mais de 20.000 pessoas já morreram em ataques terroristas.
Reféns do Boko Haram libertados na Nigéria: "Ainda dói"
As 293 mulheres e crianças libertadas na semana passada pelo exército nigeriano das mãos do Boko Haram foram levadas para um campo de refugiados perto da cidade de Yola. Mas o seu sofrimento está longe de terminar.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
O sorriso perdido
"O que se percebe imediatamente é que as crianças aqui quase não riem", conta um funcionário do acampamento de Malkohi, na periferia da cidade nigeriana de Yola. Cerca de metade das perto de 300 pessoas que eram mantidas em cativeiro pelo Boko Haram tem menos de 18 anos. Um terço das crianças no acampamento sofre de desnutrição.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Primeiros dias de vida no acampamento
Lami Musa é mãe da mais recente moradora do acampamento de Malkohi. Deu à luz na semana passada. Um dia depois foi salva por soldados nigerianos. Durante a operação de resgate várias mulheres foram mortas pelos terroristas. "Apertei firmemente a minha filha contra o meu corpo e inclinei-me sobre ela", recorda a jovem mãe.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Filho perdido durante o cativeiro
Halima Hawu não teve tanta sorte. Um dos seus três filhos foi atropelado enquanto os terroristas a raptavam. Durante a operação de resgate um soldado nigeriano atingiu-a numa perna, porque os membros do Boko Haram usam as mulheres como escudos humanos. "Ainda dói, mas talvez agora o pior já tenha passado", espera Halima Hawu.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Poucos alimentos para as crianças
Babakaka, de três anos, teve de passar seis meses com o Boko Haram. Só raramente havia algum milho para as crianças, contam antigos prisioneiros. Quando foram libertados pelos soldados, Babakaka estava quase a morrer de fome. Babakaka continua extremamente fraco e ainda não recebeu tratamento médico adequado no acampamento.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Sobrevivência por um triz
A mãe de Babakaka foi levada para o Hospital de Yola juntamente com cerca de outras vinte pessoas gravemente feridas. Durante a fuga, alguém que seguia à sua frente pisou uma mina. A explosão foi tão forte que a mulher ficou gravemente ferida. Perdeu o bebé que carregava.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Roupas usadas do Ocidente
Exceptuando algumas doações de roupas velhas, ainda não chegou muita ajuda internacional às mulheres e crianças do acampamento de Malkohi. Aqui há falta de muitas coisas, sobretudo de pessoal médico. Não há qualquer vestígio do médico de serviço no acampamento. Apenas duas enfermeiras e uma parteira mantêm em funcionamento o posto de saúde temporário.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Dependentes de voluntários
"Não entendo por que motivo o nosso serviço de emergência nacional não faz mais", reclama a assistente social Turai Kadir. Por sua própria iniciativa, Turai Kadir chamou uma médica para tratar das crianças mais desnutridas. Na verdade, essa é a tarefa da NEMA, a agência nigeriana de gestão de emergências, que está sobrecarregada.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
"Incrível capacidade de resistência"
Regina Musa voltou há poucos meses dos Estados Unidos para dar aulas de Psicologia na Universidade de Yola. Agora, a psicóloga presta aconselhamento psicológico a mulheres e crianças. "As mulheres têm demonstrado uma incrível capacidade de resistência", diz Musa. Durante o período traumático, muitas delas também se preocupavam com os filhos de outras pessoas. Autor: Jan-Philipp Scholz (em Yola)