Restrições mais rígidas na Alemanha para conter Covid-19
kg | com agências
15 de outubro de 2020
O Governo alemão anunciou medidas mais rígidas para travar a propagação da Covid-19, como a redução do número de pessoas em eventos de alto risco. País já soma mais de 6 mil novos casos, número não registado desde abril.
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O aumento vertiginoso de casos de Covid-19 na Alemanha fez o Governo adotar restrições mais duras para tentar conter a pandemia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e os governadores dos 16 estados federados do país decidiram adotar uma abordagem unificada que prevê expandir o uso de máscaras e limitar reuniões.
"Devemos, portanto, evitar um aumento descontrolado ou exponencial de casos. E podemos ver que as taxas de infeção estão a aumentar, como mostram as estatísticas diárias", disse a chanceler.
O anúncio de Angela Merkel, na quarta-feira (14.10), ocorreu depois de a Alemanha ter ultrapassado, pela primeira vez desde abril, mais de 6 mil novos casos diários do novo coronavírus.
Aumento de casos durante o inverno
Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch, agência governamental responsável pelo controlo e prevenção de doenças infeciosas, alertou que os casos da doença vão aumentar durante o inverno.
"Os casos de Covid-19 estão a subir e não sabemos como estes números se vão desenvolver. Mas acreditamos que as infeções pelo novo coronavírus vão continuar a aumentar durante o inverno, sobretudo os casos com grandes complicações", disse.
Covid-19: Aumento vertiginoso de casos na Alemanha
04:39
Angela Merkel disse ainda que está convencida de que as ações tomadas nesta e nas próximas semanas serão decisivas para determinar como a Alemanha irá recuperar da pandemia.
As intensas negociações entre a chanceler e os estados duraram oito horas e tiveram o objetivo de estabelecer uma abordagem mais unificada devido a preocupações de que o sistema federativo alemão esteja a promover regras contraditórias ou confusas.
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Mais exigências e máscaras
As medidas incluem impor limites para aglomerações, bem como o uso obrigatório de máscaras em todos os lugares onde as pessoas tenham contacto próximo durante um período prolongado quando as novas infeções numa zona chegarem a 35 por 100.000 habitantes.
Atualmente, as máscaras só são exigidas nos transportes públicos e nas lojas. O limite anterior era de 50 infeções por 100.000 habitantes.
O ministro da Saúde da Alemanha Jens Spahn, apelou para que os cidadãos respeitem as medidas restritivas adotadas pelo Governo: "Hoje, é preciso evitar algumas coisas para podermos retomar as nossas vidas normalmente amanhã. Esta reflexão é muito importante. Nós conhecemos a dinâmica deste vírus e sabemos como combatê-lo."
Angela Merkel sublinhou que é preciso pedir especialmente aos jovens que dispensem algumas festas agora para ter uma vida boa "amanhã ou depois de amanhã".
As reuniões privadas foram limitadas a 10 pessoas ou duas famílias e os bares e restaurantes são obrigados a fechar depois das 11 da noite. Por isso, o Governo está a preparar um apoio adicional às empresas que tiverem suas atividades interrompidas devido à pandemia.
Segundo o Instituto Robert Koch, embora o número de casos diários seja semelhante ao registado no auge da pandemia em março e abril, agora, estão a ser realizados muito mais testes e, portanto, são descobertas mais infeções.
Onde se podem esconder os coronavírus
Vírus por toda parte: nos alimentos, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o coronavírus.
Foto: picture-alliance/dpa/Jagadeesh Nv
Animais silvestres são tabu
Há fortes indícios de o coronavírus ter sido transmitido inicialmente aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"... Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens.
Foto: picture-alliance/Photoshot/H. Huan
Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus. Assim, como todas as infecções por gotículas, também este novo coronavírus Sars-CoV-2 muito provavelmente propaga-se por mãos e superfícies tocadas com frequência.
Em princípio, os coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (Bundesinstitut für Risikobewertung - BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-CoV-2 por esse meio de transmissão".
Foto: picture-alliance/dpa/Jagadeesh Nv
Medo de produtos importados?
Até o momento não há nenhum caso em que o coronvírus foi transmitido através de produtos importados. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta humidade atmosférica. Mas segundo o BfR, pais não precisam temer contágio através de brinquedos importados.
Foto: Ivivse/Karin Banduhn
Vírus pelo correio?
Em geral, os coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como a sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e humidade, o BfR considera "improvável" um contágio por encomendas de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-CoV-2.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Weller
Legumes e frutas do mercado
Igualmente improvável é a transmissão do coronavírus Sars-CoV-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR. Não são conhecidos casos comprovados. Mas lavar cuidadosamente as mãos antes de preparar a refeição é mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
Foto: DW/M. Mueia
Longa vida no gelo
Embora os coronavírus conhecidos até ao presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-CoV-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
Foto: DW/J. Beck
Pingue-pongue entre cães e os donos?
Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excrementos.