Resultados preliminares dão vitória a Al-Sisi no Egito
kg | AP | Reuters | Lusa | EFE
29 de março de 2018
O atual Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, está em vantagem na corrida com 21,5 milhões de votos, de acordo com os resultados preliminares das eleições presidenciais, que terminaram esta quarta-feira.
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Segundo o jornal estatal Akhbarelyoum, o seu adversário, Mousa Mostafa Mousa, obteve apenas 721.000 votos. Os resultados oficiais só deverão ser anunciados a 2 de abril.
Depois de três dias de eleições, as urnas fecharam às 22 horas, no horário local, desta quarta-feira (29.03) nas mais de 13 mil assembleias de voto. Na televisão pública e nas ruas, canções patrióticas foram difundidas para incitar os egípcios a votar.
A taxa de participação, que ainda não foi divulgada pela Autoridade Nacional Eleitoral, foi a principal preocupação do regime, diz o analista político Abdel Fattah Bashir que acredita que deverá fixar-se "entre os 30 e 40%". Um número que para Abdel Fattah Bashir é "aceitável, dado que o índice, geralmente, não é muito alto. O resultado eleitoral é bem previsível e as pessoas sabem que o presidente Al Sisi ganhará a eleição, por isso muitas pensam que não é preciso votar".
Resultados preliminares dão vitória a al-Sisi no Egito
As autoridades egípcias ameaçaram os eleitores que se abstivessem do voto, com uma multa de 500 libras egípcias, o que corresponde a cerca de 20 euros.
O único adversário do presidente Al-Sisi é o desconhecido Musa Mustafa Musa, chefe do partido liberal Al Ghad e fervoroso adepto do regime. Outros potenciais candidatos foram detidos por violação da lei ou desencorajados a concorrer, sob pressão das autoridades. A oposição fez um boicote por considerar as eleições como antidemocráticas.
"Muro do medo”
À DW, o analista político Timothy Kaldas afirma que o executivo egípcio "está empenhado em reconstruir o muro do medo que foi derrubado em 2011 como um ato de vingança." O mesmo analista acrescenta que, neste momento, "a brutalidade policial é um grande problema. Muitas ONG estão a ser dissolvidas. Ativistas foram proibidos de viajar e há processos judiciais contra eles. Há dezenas de milhares de presos políticos. É uma repressão muito brutal."
A situação económica do país também é outra das preocupações da população. Segundo o analista Abdel Fattah Bashir, "reformas de medidas de austeridade são políticas necessárias. Então, não acho que o governo continuará a dar voltas com isso".
A taxa de abstenção é historicamente alta no Egito. A exceção foram as presidenciais de 2012, que elegeram o pró-islamita Mohamed Morsi, com uma participação de 51,85% na segunda volta. O ex-Presidente foi afastado num golpe militar em julho de 2013, apoiado por Al-Sisi, que depois assumiu o poder.
Onda de violência no Egito
As forças de segurança egípcias despejaram dois acampamentos de protesto no Cairo onde estavam apoiantes do Presidente deposto, Mohamed Morsi. Centenas de pessoas morreram, milhares ficaram feridas.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ação de despejo sangrenta
Aconteceu o que se temia. Diplomatas internacionais ainda tentaram travar o uso da força. Mas as forças de segurança egípcias acabaram por despejar dois acampamentos de protesto no Cairo onde estavam apoiantes do ex-Presidente Mohamed Morsi, deposto no início de julho através de um golpe de Estado. O despejo gerou uma onda de violência. Centenas de pessoas morreram, milhares ficaram feridas.
Foto: picture-alliance/dpa
Sem olhar a meios
Mulheres, crianças e idosos estavam entre os apoiantes de Mohamed Morsi nos dois acampamentos de protesto no Cairo, junto à mesquita de Rabaa al-Adawiya e na praça Al-Nahda. Aparentemente, o exército egípcio não levou isso em conta quando recorreu à violência para os despejar na manhã do dia 14 de agosto de 2013.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Gás lacrimogéneo e disparos contra manifestantes
Manifestantes e exército defrontaram-se em verdadeiras batalhas de rua. A Irmandade Muçulmana falou de um "massacre" das forças de segurança. A polícia egípcia também sofreu várias baixas. O Governo interino egípcio decretou o estado de emergência no país durante um mês e impôs um recolher obrigatório. A violência no Egito foi duramente criticada a nível internacional.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Brutalidade nos confrontos
A confusão instalou-se sobretudo no acampamento junto à mesquita de Rabaa-al-Adawija. Testemunhas dizem que as forças de segurança expulsaram os manifestantes brutalmente. As entradas para o acampamento teriam sido fechadas, impedindo o acesso a ambulâncias.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Aeroporto do Cairo bloqueado
A polícia e os militares ergueram barricadas à volta do Aeroporto Internacional do Cairo. Foi uma medida de precaução depois do despejo dos acampamentos de protesto na cidade, disse um porta-voz do aeroporto. Alguns voos atrasaram porque os passageiros não conseguiam furar o bloqueio.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Apoiantes de Morsi não desistem
Desde que o Presidente Mohamed Morsi foi deposto pelo exército, a 3 de julho, apoiantes da Irmandade Muçulmana têm ido para as ruas pedir o seu regresso. Para eles, Morsi é o verdadeiro líder do Egito. Por isso, recusam dialogar com o Governo interino.
Foto: Reuters
Violência espalha-se pelo país
Manifestantes e militares defrontaram-se também noutras cidades egípcias, como Assuão (sul), Luxor (sul) e Sohag (centro), onde os manifestantes deitaram fogo a uma igreja copta. No Egito, há cerca de oito milhões de cristãos coptas – a Igreja Copta apoiou a deposição de Mohamed Morsi, no início de julho.
Foto: STR/AFP/Getty Images
"É preciso maior contenção"
A União Europeia está preocupada com a situação no Egito. "A violência não é solução", disse um porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton. "Pedimos a ambas as partes uma maior contenção". O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, apelou às fações rivais a dialogarem.
Foto: Reuters
Mais protestos
Na praça Al-Nahda, no Cairo, os destroços são o que sobra do acampamento de protesto. O clima de tensão no Egito adensou, depois do dia mais sangrento desde a revolta que derrubou o regime de Hosni Mubarak, em 2011. No Cairo, o exército continua a patrulhar as ruas. São esperados novos protestos da Irmandade Muçulmana.