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Revelação da crítíca de cinema chega ao Talent Press Durban

18 de junho de 2021

O crítico de cinema e produtor moçambicano Hélio Nguane é um dos convidados do Talent Press Durban, na África do Sul, que decorre de 16-25 de junho. O evento conta com a parceria do Festival Internacional de Berlim.

Mosambik Journalist und Filmproduzent Hélio Nguane
Foto: Armand Venter

Hélio Nguane é um jovem que desponta na crítica cinematográfica moçambicana. Mas o seu trabalho se estende aos outros Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), de várias formas, como por exemplo através da rádio.

Nguane esforça-se por massificar o interesse pela crítica cinematográfica, até agora muito circunscrita ao meio artístico. O produtor não se deixa vencer pelas dificuldades e por isso voa cada vez mais alto: desta vez foi convidado a participar do Talent Press Durban, decorre de 16 a 25 de junho, no contexto de uma iniciativa que conta com a parceria do Festival Internacional de Berlim. A 14ª edição decorre na África do Sul.

Quase 30 iniciativas de representantes de 16 países africanos irão participar no evento que decorre este ano de forma virtual, devido à pandemia de Covid-19.

Em entrevista à DW, Hélio Nguane, que representa Moçambique no Talent Press Durban na área da crítica, começou por revelar que é a primeira vez que participa num evento internacional de cinema.

Hélio Nguane (HN): É a primeira vez que participo num evento desta envergadura. Tenho participado em alguns eventos moçambicanos, mas não são da mesma dimensão internacional.

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DW África: Espera então que seja um pontapé de saída para a arena internacional e uma oportunidade para obter mais conhecimentos?

HN: Sem dúvidas! Este evento para o qual fui selecionado abre várias portas em termos internacionais, além dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), em que já participava como co-produtor e coordenador do programa ‘Cinema em Foco' que é transmitido na RDP-África. Então já tinha essa oportunidade de conquistar o universo dos PALOP, mas agora participando neste evento tenho a oportunidade de encontrar países, não só os que falam português, mas também os que falam francês e inglês.

DW África: Explica-nos a sua relação com os PALOP...

HN: A relação tem sido alicerçada, de certa forma, pelo programa Cinema em Foco, que coproduzo desde 2019. Um programa essencialmente sobre o cinema e é radiofónico. O programa permite-me entregar em contacto com vários atores dos PALOP, que vivem em diferentes cantos do mundo. Semanalmente recolho informação e divulgamos essas informações. É conectar o mundo dos PALOP com o resto de mundo para que se saiba o que está a ser feito em termos cinematográficos. Desta forma, conseguimos criar um circuito que liga a outros países em termos de cinema. 

DW África: O que é que o Hélio apontaria como um grande exemplo de cinema nos PALOP?

Hélio Nguane no Talent Press Durban 2021Foto: Privat

HN: Temos vários, por exemplo, em Moçambique temos vários concursos, mas podemos aqui falar de dois com mais destaques: o concurso que é feito pelo Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA) e também o concurso produzido pelo Cugoma, entre vários outros. Da Guiné-Bissau temos o Welket Bungué, de Cabo Verde temos a Samira Vera Cruz, que tem produzido também grandes documentários. De Angola temos a geração 80 que tem projetado grandes cineastas. Então, o cinema em português está em alta, o que falta é a divulgação. Com este programa de cinema estávamos a tentar trazer à ribalta estes cineastas.

DW África: Acha que Talent Press Durban é uma iniciativa de esforços para inclusão de outros nichos de mercado nas grandes telas internacionais?

HN: Sim, é uma questão de inclusão, de reforçar a união entre os países africanos e consegue-se perceber que a língua não tem sido um obstáculo. Grande parte das vezes temos países que falam francês ou inglês que estão muito avançados em termos de cinema e abrindo espaço para que ingressem os países da língua portuguesa. É tentar aumentar o círculo para que possamos evoluir mais e aprender com os outros países. 

DW África: A crítica das artes em Moçambique ainda está muito circunscrita aos interesses dos artistas. Envolver consumidores, as massas, também neste circuÍto ainda é uma utopia?

HN: Diria que é um processo, porque para que tenhamos um boom é necessário que os fazedores tenham a noção em como as suas obras são críticas. Porque depois passamos para uma segunda fase, que é a fase das pessoas estarem mais esclarecidas sobre a importância da crítica. Nós estamos numa fase de transição, embrionária, para os primeiros passos. E tendo as iniciativas de monitoria de informação das pessoas para que tenham mais ferramentas para fazer a crítica é muito bom. Percebemos que há obras que estão a ser feitas, mas existe pouca crítica jornalística em relação a essas obras. Então, estamos a tentar puxar para que a crítica seja bem-encarada pelos artistas. Muitos encerram as críticas como algo que descredibiliza o seu trabalho ou que o recusa, mas na verdade é algo que engrandece o seu trabalho. 

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