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Revista da imprensa alemã sobre a Líbia

1 de abril de 2011

A imprensa alemã continua a noticiar e a comentar diáriamente os acontecimentos na Líbia. Fazemos um apanhado dos matutinos desta sexta-feira.

A imprensa norte-americana noticiou que o presidente Obama deu ordem, já há semanas, aos serviços secretos CIA para ajudarem os revoltosos na LíbiaFoto: DPA

Agentes dos serviços secretos norte americanos CIA, encontram-se há semanas na Líbia para apoiar os revoltosos na sua luta contra o regime de Mouamar Khadafi, escrevia o diário conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung, citando a imprensa americana da véspera. Já há várias semanas o presidente Barack Obama teria assinado uma ordem secreta nesse sentido.

Agentes e informadores da CIA abandonaram entretanto a embaixada americana em Tripoli e mudaram-se para Bengazi. Ali continuam a fornecer informações às forças armadas do seu país, que são depois usadas nos ataques aéreos. Os EUA não são aliás os únicos que mantêm na Líbia uma rede de espiões. Os serviços secretos britânicos M16 fazem o mesmo.

Os revoltosos líbios não querem apenas apoio moral, mas exigem armas modernasFoto: dapd

Bons conselhos, apoio moral, mas armas não

Os EU hesitam em fornecer armas aos revoltosos líbios porque temem que elas vão parar às mãos de extremistas muçulmanos e de terroristas. Mike Rogers, que é na Câmara dos representantes de Washington presidente do Comité coordenador dos serviços secretos, resumiu a opinião geral na frase: "Nós sabemos o que é que os rebeldes (líbios) não querem; mas não sabemos o que é que eles querem".

O Südeutsche Zeitung, orgão liberal de Munique, citava o coronel Ahmed Bani, porta voz militar dos rebeldes em Bengazi, que disse: "Com espingardas não temos qualquer hipótese contra os tanques com os seus canhões de 155 milímetros. Por isso precisamos de armas modernas". Nos últimos dias as tropas fiéis a Khadafi teriam recuperado terreno.

O Frankfurter Rundschau, um diário liberal, referia-se à fuga para a Grã Bretanha do Ministro líbio dos negócios estrangeiros Mussa Kussa a quem chamavam no seu país "o chefe dos torturadores ou o anjo da morte". Poucos acreditam por isso que ele se tenha distanciado de Khadafi por motivos nobres. Kussa é um sociólogo que estudou nos EUA e era considerado como a mão direita do ditador líbio.

Moussa Kussa, ex-Ministro dos negócios estrangeiros líbio, que era considerado o braço direito de Kadhafi, refugiou-se na Grã BretanhaFoto: AP

Moussa Kussa era conhecido no seu país como "o anjo da morte"

Foi tido como responsável pelo assassínio de inúmeros líbios, membros da oposição que viviam no estrangeiro. Durante 16 anos foi chefe dos serviços secretos líbios no estrangeiro, que apoiaram grupos de guerrilha e organizações terroristas em muitos países. E é considerado como organizador do atentado de Lockerbie, na Escócia, que causou a morte de 270 pessoas; e dum outro no Níger, com 170 vítimas.

O Berliner Zeitung escreve que os serviços secretos líbios ainda não desapareceram e continuam ativos. Prova disso é que aumenta o medo entre os jovens líbios que estudam em universidades alemãs e que são adversários do regime. Alguns deles participaram em manifestações de protesto em frente da embaixada líbia. Na altura foram fotografados por membros da embaixada. As fotos foram depois mandadas para Tripoli e mostradas na televisão. Os estudantes foram acusados de traição e as suas famílias ameaçadas

"A cruzada" de Nicolas Sarkozy na Líbia

O jornal de Berlim Neues Deutschland, de esquerda, comentava a posição do presidente francês na crise líbia: "A princípio a opinião pública apoiou a argumentação do governo de Paris: que se tratava dum apoio solidário aos revoltosos líbios; e que se pretendia impedir o ditador Khadafi de massacrar o seu próprio povo.

Mas a opinião mudou. Sobretudo os comunistas e os grupos de esquerda afirmam que Nicolas Sarkozy tenta usar em proveito próprio a revolta dos líbios que reclamam liberdade. É que a popularidade do presidente nunca foi baixa como agora. E se as eleições fossem amanhã, ele ainda teria menos votos que a presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen.

A esquerda francesa afirma que para o presidente Nicolas Sarkozy a crise da Líbia foi bemvinda, porque a sua popularidade estava em baixoFoto: picture alliance/abaca

Autor: Carlos Martins
Revisão: António Rocha