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Revista questiona enriquecimento de general angolano Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento

Guilherme Correia da Silva18 de fevereiro de 2014

Publicação revela que o influente general "Dino" comprou ações de multinacional suíça desembolsando mais de 200 milhões de dólares.

Foto: FABRICE COFFRINI/AFP/GettyImages

A revista norte-americana Foreign Policy apelida-o de "homem dos 750 milhões de dólares". A investigação do jornalista Michael Weiss revela que, em 2010, o general angolano Leopoldino do Nascimento comprou acções de uma subsidiária da multinacional suíça Trafigura por 213 milhões de dólares.

O negócio poderá ter violado a Lei da Probidade Pública em Angola e terá conferido ao general uma fortuna de 750 milhões. Mas onde o general foi buscar o dinheiro para investir? É o que pergunta Weiss, autor do artigo publicado na Foreign Policy.

Entre as páginas de um prospecto da Bolsa de Valores de Luxemburgo e papéis de uma auditoria, o jornalista encontrou detalhes de um negócio realizado em 2010, quando a multinacional suíça Trafigura vendeu 18,75% do capital da subsidiária Puma Energy International.

Conforme o artigo da Foreign Policy, o influente general angolano Leopoldino Fragoso do Nascimento foi quem comprou as acções. As participações do general terão sido, entretanto, diluídas e ele deterá agora 15% da Puma Energy. As acções do "general Dino", como é conhecido, valeriam hoje 750 milhões de dólares.

A influência de "Dino"

"Onde é que o 'general Dino' arranjou o dinheiro, cerca de 213 milhões de dólares, para comprar uma larga fatia de uma companhia energética? E por que a Trafigura iria vender essa fatia a um dos oficiais mais influentes no Governo angolano?", questiona-se Weiss.

A revista norte-americana publica que, depois do negócio com o general angolano, a Trafigura vendeu à Sonangol, em 2011, 20% da Puma Energy.

Mais tarde, segundo um artigo do Financial Times, repassou à petrolífera estatal angolana outros 10% por 500 milhões de dólares.

Sede da Sonangol em LuandaFoto: Martin Wolter/Panoramio/Cruks

Feitas as contas, as acções teriam saído mais caras à Sonangol do que ao general Leopoldino do Nascimento.

"Por que é que a petrolífera estatal Sonangol pagou mais pelas participações na Puma Energy International do que o 'general Dino'? Coloquei estas questões à Trafigura e disseram-me que tinham uma longa relação com o general, que ele era um proeminente homem de negócios em Angola e que ele já não ocupava uma posição no Governo", explica Weiss.

"O novo bilionário"

O jornalista e ativista angolano Rafael Marques contradiz essa informação. Ele diz que Leopoldino do Nascimento continua a exercer funções no Governo como consultor do general 'Kopelipa', ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano.

"As demissões dos altos funcionários do Estado são validadas por publicação em Diário da República porque ele tinha de ser exonerado pelo Presidente da República que o nomeou. Há, nos Diários da República, a publicação da nomeação, mas não há da demissão do general Leopoldino Fragoso", ressalta Marques.

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Por outro lado, o jornalista angolano afirma que Leopoldino do Nascimento não foi reformado do exército. "Como é que um general no activo preside negócios dentro e fora do país, negócios privados que se cruzam com negócios do Estado? Isso é ilegal à luz da lei da Probidade Pública em Angola."

O site anti-corrupção "Maka Angola", de Rafael Marques, diz que o general Leopoldino do Nascimento é "o novo bilionário angolano". Conforme Marques, para além de ser apontado como o proprietário da Cochan - a empresa que comprou as acções da Puma Energy - o 'general Dino' detém também participações em outros sectores.

O militar teria acções da UNITEL, Biocom, de uma rede de supermercados e de um grupo de comunicação. Além de, segundo a revista Foreign Policy, deter 50 por cento de uma outra empresa: a DTS Holdings.

A DW África contactou a Cochan, do "general Dino", mas não obteve uma resposta até ao fecho da edição.

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