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Robert Mugabe celebra 91 anos com festa polémica e opulenta

Columbus Mavhunga / Madalena Sampaio / Lusa27 de fevereiro de 2015

O Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, que completou 91 anos na semana passada e está no poder desde 1980, enfrenta uma nova polémica em torno dos custos dos festejos do seu aniversário que terão lugar no sábado.

Robert Mugabe no dia em que completou 91 anos (21.02.2015)Foto: AP/Tsvangirayi Mukwazhi

Segundo estimativas, os custos da festa de aniversário de Robert Mugabe, agendada para amanhã, sábado (28.02), rondam um milhão de dólares. Diz-se que o montante veio de doações privadas. A grandiosa festa será realizada num hotel de cinco estrelas nas margens das célebres Cataratas Vitória.

Tendai Musasa, presidente da Woodlands Wildlife Conservancy, uma reserva na região das Cataratas Vitória, é um dos muitos zimbabueanos que doaram dinheiro ou animais para garantir que os cerca de 20 mil convidados desfrutem da festa dos 91 anos de Mugabe, o governante africano há mais tempo no poder no continente.

"A minha mensagem de aniversário para o Presidente é simples. Desejo-lhe muitos mais anos de vida. Que deus o abençoe pelos sacrifícios que fez pela generalidade dos africanos e dos zimbabueanos. Sou um daqueles cujas vidas mudaram com a vida deste homem, em termos de educação e também dos recursos que hoje tenho. Sim, ele é meu herói", disse Tendai Musasa.

MDC considera festa "obscena"

Tendai Musasa, que se formou em engenharia na Alemanha, doou dois elefantes da sua quinta. Da ementa do festim constam ainda dois búfalos, cinco impalas e dois antílopes negros, além de dezenas de outros animais.

Os habitantes da região criticaram a oferta, dizendo que os animais foram doados sem os consultar. A oposição do país também ficou indignada com a opulenta festa no Zimbabué, um dos países mais pobres do mundo.

Morgan Tsvangirai, líder do MDC, principal partido da oposição no ZimbabuéFoto: Reuters

O Movimento para a Mudança Democrática (MDC) sugeriu que todo o dinheiro recolhido para a festa, que considera "obscena ", deveria ser doado "para a reabilitação de hospitais públicos , clínicas e escolas rurais na província do Matabeleland do Norte". Propôs ainda que os pratos que serão servidos no banquete sejam distribuídos por orfanatos e instituições de solidariedade da região.

Apelos que não parecem ter chegado aos ouvidos de Innocent Hamandishe, membro sénior da União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF), o partido no poder, e chefe do comité organizador das celebrações.

"As Cataratas Vitória vão ser o ponto central das atividades. Para homenagear o ícone, a maravilha do mundo Robert Mugabe e as Cataratas Vitória, uma das sete maravilhas do mundo, achamos que as celebrações deveriam ter lugar aqui" sublinhou Innocent Hamandishe.

Motivos para celebrar

O mais velho chefe de Estado africano é conhecido por dirigir o país com mão de ferro. Os seus opositores consideram-no um ditador, acusam-no de fraudes eleitorais e de ter adotado uma política económica desastrosa.

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Mas, apesar das críticas, Robert Mugabe acredita ter motivos para celebrar. Está no poder há 35 anos, desde a independência do Zimbabué. Em 2013, após anos de críticas, a União Europeia (UE) começou a normalizar as relações com o país e a levantar longas sanções. E no início do ano assumiu a presidência da União Africana (UA), levando Bruxelas a admitir autorizá-lo a viajar para países europeus nessa qualidade.

O homem que costuma afirmar que vai viver até aos 100 anos também já desmentiu a eventual intenção de deixar a cadeira do poder. Teoricamente, a Constituição zimbabuena permite-lhe manter-se à frente dos destinos do país até aos 99 anos.

UE retomou ajuda direta ao Zimbabué

A UE concedeu no passado dia 16 de fevereiro uma ajuda de 237 milhões de euros aos setores agrícola e de saúde do Zimbabué, que marcou o reinício do financiamento direto do país depois de dez anos de sanções. A ajuda destina-se a fomentar a produção agrícola e a melhorar os serviços de saúde ao longo dos próximos seis anos.

As relações entre a UE e o Zimbabué degradaram-se após as eleições de 2002, marcadas, segundo observadores estrangeiros, por uma série de fraudes que garantiram a vitória do Presidente Robert Mugabe.

A UE aprovou na altura uma série de sanções contra Mugabe, familiares e colaboradores, mas, nos últimos anos, Bruxelas tem vindo a levantar sanções e proibições de viajar. Mugabe, continua no entanto sujeito a sanções europeias, assim como a mulher, Grace, que determinam o congelamento de todos os bens e proibição de viajar para a Europa.

Cataratas Vitória entre a Zâmbia e o ZimbabuéFoto: imago/Bernd Müller
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