Robert Mugabe não olha a custos para festa de aniversário
26 de fevereiro de 2016Será uma festa de aniversário opulenta à semelhança de outras no passado. O Presidente zimbabueano, Robert Mugabe, não parece ter olhado a gastos. Não foram divulgados números oficiais, mas estima-se que as celebrações deste sábado (27.02) custarão, pelo menos, 800 mil dólares. Para assinalar os seus 92 anos, o governante mais antigo do mundo deverá soprar as velas de um bolo de 92 kg.
A festa será na cidade de Masvingo, 300 quilómetros a sul da capital, Harare, e uma das áreas mais atingidas por uma das piores secas dos últimos anos, agravada pelo fenómeno El Niño.
"Mugabe está apenas interessado na preservação do poder político, não na transformação da vida das pessoas. Ele é uma pessoa egoísta, tacanha e individualista", diz o analista político Pedzisai Ruhanya.
O jornal zimbabueano The Independent fez as contas: Os 800 mil dólares da festa de aniversário poderiam ser usados para comprar 2.666 toneladas de milho, segundo os preços oficiais em vigor.
Insegurança alimentar
Mais de três milhões de pessoas precisam de assistência alimentar no Zimbabué. O país pediu 1,5 mil milhões de dólares em ajuda à comunidade internacional. Em Masvingo, o local da festa, muitos estão desapontados com o Presidente.
"É uma chacota ter uma festa de aniversário numa província que está literalmente em ruínas com a seca", afirma um morador.
"Acho que é uma questão de prioridades erradas", diz outro habitante. "Poderiam ter comprado comida para as pessoas que estão a morrer de fome na província de Masvingo em vez de vir aqui para realizar celebrações desnecessárias. As pessoas estão a sofrer."
"Vamos comemorar mesmo em guerra"
Os apoiantes de Mugabe insistem, no entanto, em honrar os feitos heróicos do Presidente, aconteça o que acontecer. Políticos do partido no poder e empresários doaram dinheiro para a festa.
O líder juvenil do partido de Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF, na sigla em inglês), não considera que seja insensível realizar uma festa de aniversário tão opulenta numa altura em que muitos passam fome.
"Não é uma festa. Estamos a celebrar a vida de uma pessoa que trouxe muito de bom ao seu país", disse Pupurai Togarepi em entrevista à DW África. "Esta celebração tem sido realizada durante anos de seca e durante anos de colheitas abundantes. Vamos comemorar mesmo em guerra, porque para nós é fundamental."