O  Ruanda anunciou a saída do principal bloco económico da África Central, acusando a organização de estar do lado da  República Democrática do Congo (RDC).

A decisão foi tomada depois de, no sábado (07.06), os líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) terem prolongado a presidência da Guiné Equatorial por mais um ano devido às tensões entre a República Democrática do Congo e o Ruanda.

"A Conferência adiou para outra data a passagem da presidência rotativa da comunidade para a República do Ruanda e, consequentemente, decidiu manter Sua Excelência Obiang Nguema Mbasogo como presidente em exercício da comunidade por um período adicional de um ano", segundo o comunicado final da cimeira.

A decisão foi tomada no final da 26.ª sessão ordinária da CEEAC, realizada em Malabo, na Guiné Equatorial, que marcava a vez do Ruanda assumir a presidência em exercício da comunidade regional.

 "Instrumentalização" da CEEAC

No comunicado divulgado às primeiras horas de hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ruandês afirmou que a “instrumentalização” da CEEAC pela RDC, “com o apoio de certos Estados-membros”, viola os direitos do Ruanda “garantidos pelos textos constitutivos” da organização.

“Consequentemente, o Ruanda não vê qualquer justificação para permanecer numa organização cujo funcionamento atual contraria os seus princípios fundacionais e o seu objetivo original”, sublinharam as autoridades de Kigali.

De acordo com a denúncia de Kigali, a CEEAC “ignorou deliberadamente” o direito do Ruanda a assumir a presidência rotativa do organismo, “com o objetivo de impor a vontade da RDCongo”.

Um comissário da CEEAC, que falou à AFP sob condição de anonimato, disse que “a situação era tensa entre os ministros do Ruanda e da RDC”.

Os líderes da África Central concluíram na Guiné Equatorial a 26ª cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) com a intenção de avançar para a consolidação da paz e o reforço da integração regional.

O Presidente da Guiné Equatorial e atual presidente rotativo da CEEAC, Teodoro Obiang Nguema, sublinhou os progressos realizados no sentido de uma comunidade “mais integrada, solidária e próspera” e destacou a importância da cooperação com a União Africana (UA).

A Conferência aprovou o lançamento da zona de comércio livre da comunidade a 30 de agosto de 2025.

O  Chade, o Gabão, a República Democrática do Congo, a República do Congo e São Tomé e Príncipe estiveram representados na cimeira pelos seus presidentes, com o Burundi a ser representado pelo seu vice-presidente e o Ruanda pelo primeiro-ministro.