Ruanda e Costa do Marfim: boa nota em desenvolvimento
15 de abril de 2013 O Ruanda mostra melhorias significativas no sector da saúde. Nos dez anos entre 2000 e 2010, a taxa de mortalidade infantil reduziu para mais de metade. Aumentou o número de pessoas que recebem assistência médica; há também mais crianças a ir à escola. Estes são alguns dos resultados que se lêem nas 350 páginas do Relatório Europeu sobre o Desenvolvimento de 2013. O relatório pegou nos exemplos do Ruanda, Costa do Marfim, Nepal e Peru para tentar avaliar a utilidade dos projectos de desenvolvimento europeus em África, na América Latina e na Ásia.
O Ruanda é apresentado como um caso particular: em 1994, membros do grupo étnico hutu mataram mais de 800 mil pessoas. A maioria das vítimas pertencia à minoria tutsi ou eram hutus moderados. O genocídio atrasou bastante o desenvolvimento no país.
Ruanda apresenta rápida evolução
Entretanto, o Ruanda já conseguiu atingir um nível de desenvolvimento superior àquele que se registava nessa altura, diz Stephan Klingebiel, do Instituto Alemão para Política de Desenvolvimento, o DIE. Klingebiel supervisionou o estudo sobre o Ruanda e afirma que "tendo em conta o genocídio de 1994, é interessante saber como é que o país conquistou estes êxitos em tão pouco tempo".
O relatório dá a resposta: o executivo ruandês investiu o dinheiro da ajuda ao desenvolvimento concretamente em projectos que combatem a pobreza, por exemplo. Mas o Ruanda está dependente dos doadores: 40% do orçamento ruandês é dinheiro da ajuda internacional, segundo o relatório sobre o desenvolvimento.
Stephan Klingebiel avisa que se o Ruanda quer continuar no bom caminho, tem de pensar a longo prazo, tentando "manter os seus programas para a redução da pobreza e para a ampliação das infra-estruturas sociais".
Tal como o Ruanda, a Costa do Marfim também registou melhorias nos últimos anos, diz James Mackie, do Centro Europeu para a Gestão das Políticas de Desenvolvimento (ECDPM), um outro instituto que ajudou a escrever o relatório.
"Economia quer voltar a erguer-se na Costa do Marfim", diz especialista
No país, as condições para o desenvolvimento também foram desfavoráveis. Depois das eleições presidenciais de 2010, Laurent Gbagbo recusou reconhecer a derrota. Seguiram-se confrontos sangrentos, que levaram à morte de 3 mil pessoas. Depois da prisão de Gbagbo e do adversário Alassane Outtara assumir o poder, a situação acalmou no país.
Isso também se reflecte no relatório. James Mackie acredita que "depois de umperíodo marcado por crises, a economia do país quer voltar a erguer-se". No entanto, o país negligenciou o sector da saúde, diz Mackie. Os responsáveis querem agora mudar essa situação com um programa conjunto da Costa do Marfim com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que nos últimos dois anos se tem ocupado da saúde materna.
Apesar das histórias de sucesso na Costa do Marfim, acredita-se que é pouco provável que os dois países atinjam em 2015 os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecidos pelas Nações Unidas. Mas o Relatório Europeu sobre o Desenvolvimento olha já para o futuro. Os resultados apresentados no documento deverão influenciar também a agenda internacional para o pós-2015.