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Ruanda e SADC a caminho: É preciso sensibilizar comunidades

9 de julho de 2021

O Ruanda anunciou a chegada de mil forças para combater o terrorismo em Moçambique, pouco depois de a SADC ter informado que as operações arrancam a 15 de julho. Forma como irão lidar com a população causa preocupação.

Symbolbild Ruanda Militär Karenzi Karake verhaftet
Foto: Getty Images/AFP/E. Musoni

Esta sexta-feira (09.07) o Ruanda anunciou o envio de um contingente de mil homens das Forças de Defesa e da Polícia Nacional para combater o terrorismo em Cabo Delgado.

Pouco antes, a SADC deu a conhecer o início de operações na província no norte de Moçambique a 15 de julho, com a duração de três meses. De acordo com um comunicado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, a intervenção militar está inserida no protocolo regional de política de defesa e segurança e reconhecido pelas Nações Unidas.

O analista político Dércio Alfazema enaltece a importância da intervenção de outros atores para expulsar os terroristas do norte de Moçambique. "A intervenção da SADC é estratégica e é o primeiro grupo de países que tem o mesmo interesse que tem Moçambique porque esta situação de terrorismo tem de ser resolvida o mais rápido possível para que não se expanda para além de Cabo Delgado."

Alfazema entende que na operação contra os terroristas se deve evitar que eles fujam para outras províncias ou mesmo para outros países para criarem outras bases. "Nós sabemos que o mínimo avanço desta situação, se for para fora do país, vamos entrar imediatamente para os países da SADC. Há uma convergência de interesses para que esta situação seja resolvida o mais rápido possível para que não venha criar raízes e se expandir ao longo da região", lembra.

Sensibilizar e informar as comunidades

O analista político alerta para que a presença de forças estrangeiras não venha a criar confusão no seio da população em Cabo Delgado. "Moçambique ao receber essas forças da SADC e outras terá de consciencializar, sensibilizar e informar as comunidades e também e assumir o seu papel de coordenação de articulação dessas, de modo a que a presença de forças de diferentes países que falam diferentes línguas não venha se traduzir numa confusão", defende.

A vida dos deslocados no centro de reassentamento de Nampula

02:26

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O jornalista William Mapote, editor de política na STV, também manifesta preocupação em relação à forma como esta força vai lidar com a população. "Nós próprios moçambicanos temos que dar a colaboração, porque vezes sem conta tem-se dito que há população da própria província de Cabo Delgado que tem colaborado com os terroristas. Para se evitar este tipo de situações temos de saber quem é quem e como devemos lidar com esta situação", diz.

Para operacionalizar os ataques contra terroristas, o comunicado da SADC escreve sobre o papel da "missão em cenário seis", que aos olhos do jornalista William Mapote pode significar maior e melhor comunicação no teatro de operações. "Essa é mais uma daquelas coisas que confirma essa necessidade de uma maior e melhor comunicação entre as autoridades nacionais e a própria comunicação. São daqueles níveis que só os que estão dentro destes códigos explicar melhor", explica.

Brigada acusada de massacre

Do Zimbabué poderá ser destacada a quinta brigada que foi acusada de ser responsável por um massacre dos Ndenbeles na chamada "operação Gukurahundi". "Espero que a trágica situação que esta brigada fez dela pouco famosa a nível internacional não se repita em Moçambique", confessa William Mapote.

"Olho para essa questão da coordenação outra vez como um dos elementos-chave para determinar que tipo de ações devem ser feitas ou observar questões nomeadamente a salvaguarda dos direitos humanos e proteção das comunidades", lembra.

O terrorismo em Cabo Delgado já ceifou a vida a mais de duas mil pessoas e pouco mais de 800 mil pessoas estão deslocadas.

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