Programa voluntário de vacinação teve início, este domingo (08.12), na fronteira com a RDC. Executivo ruandês espera vacinar 200 mil pessoas em 12 meses.
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"Todos os países das zonas de alto risco, ainda que não atingidos pelo ébola, foram aconselhados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a utilizar uma nova vacina desenvolvida pelo grupo norte-americano Johnson & Johnson", disse a ministra da Saúde do Ruanda, Diane Gashumba, numa conferência de imprensa em Kigali.
Com a iniciativa, o Executivo ruandês espera vacinar 200 mil pessoas em 12 meses nos distritos de Rubavu e Rusizi, a norte e sul do lago Kivu.
A ideia é "proteger aqueles que têm grandes chances de entrar em contato com pessoas que vivem em áreas onde há relatos de que o ébola está ativo", acrescentou a ministra.
A vacina Ad26-ZEBOV-GP é um medicamento experimental produzido pela gigante farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson. Foi usada pela primeira vez em meados de novembro em Goma, na República Democrática do Congo (RDC).
A luta contra o ébola na República Democrática do Congo
02:08
Até agora, não há casos de ébola confirmados no Ruanda.
O epicentro do surto na RDC, que já matou mais de 2.200 pessoas desde agosto de 2018, está localizado 350 km ao norte de Goma, na região das cidades de Beni e Butembo - na fronteira com o Uganda.
Mais de 250.000 pessoas na República Democrática do Congo já foram vacinadas com outro medicamento.
Vacina é bem-vinda
As pessoas que trabalham no setor da saúde, nos postos fronteiriços, os agentes da polícia e os empresários que viajam frequentemente entre os dois países estão a receber prioridade na campanha de vacinação.
Mas todos os residentes nos distritos fronteiriços podem pedir para serem vacinados, se assim o desejarem.
Os primeiros voluntários expressaram apoio à medida.
"Vivemos preocupados por causa do que estava a acontecer na República Democrática do Congo", disse Joel Ntwari Murihe, um dos primeiros ruandeses a ser vacinado, à AFP.
"A vacina é uma garantia para a segurança das nossas vidas e das nossas crianças," acrescentou.
Em agosto, o Ruanda fechou brevemente sua fronteira com a República Democrática do Congo e orientou os seus cidadãos a não visitar o país, quando os primeiros casos de ébola foram registrados em Goma.
A cidade é a capital regional da província congolesa de Kivu do Norte, na fronteira entre os dois países.
No interior do hospital de campanha de Macurungo na Beira
As estruturas do centro de saúde que é referência no atendimento de cerca de 35 mil pessoas na região foram severamente danificadas com a passagem do ciclone Idai. Hospital de campanha já atendeu dois mil pacientes.
Foto: DW/F. Forner
A rotina
O hospital de campanha nos arredores do centro de saúde Macurungo, na Beira, está a funcionar desde 24 de março. "Montamos um centro médico avançado com uma tenda para cirurgia e consultas, além de mais duas tendas para avaliação pós-parto das mães", descreve a médica infectologista Telma Susana Vieira Azevedo, que liderou por dois meses a equipa da Cruz Vermelha em Macurungo.
Foto: DW/F. Forner
Um passeio pelas tendas em Macurungo
Um enfermeiro da equipa da Cruz Vermelha caminha pelas tendas de lona do hospital de campanha gerido em parceria com a ONG Médicos do Mundo. Já foram realizadas mais de duas mil consultas, além de uma média de sete partos diários. Este hospital é referência no atendimento de 35 mil pessoas na região, onde as condições habitacionais ficaram muito debilitadas após a passagem do ciclone Idai.
Foto: DW/F. Forner
No interior do hospital destruído
A noite de 14 de março na Beira foi marcada pelos fortes ventos que arrancaram telhas, chapas e coberturas das casas e edifícios públicos. O hospital de Macurungo sofreu sérios danos estruturais. Mesmo assim, algumas áreas do edifício continuam a ser utilizadas. “Nosso objetivo é conseguir reconstruir o centro de saúde e só depois deixar a Beira”, diz a médica Telma Susana Vieira Azevedo.
Foto: DW/F. Forner
Balanço pós-Idai
Segundo dados do fundo de redução de desastres do Banco Mundial (GFDRR), Moçambique ocupa a terceira posição no ranking de países africanos mais expostos a múltiplos riscos associados às mudanças climáticas, como ciclones periódicos, secas, inundações e epidemias. Esta foto mostra o coração do hospital de campanha montado em um dos bairros que mais carecem de atenção à saúde.
Foto: DW/F. Forner
Os grandes desafios de Beira
Esta é uma foto aérea do hospital de campanha em Macurungo na Beira. Além da reestruturação de hospitais, as cidades afetadas pelo ciclone Idai também encaram os desafios de reconstrução de moradias, escolas e das infraestruturas urbanas. A ONU estima que o país necessite de pelo menos 200 milhões de dólares de ajuda internacional nestes três primeiros meses pós-ciclone.
Foto: DW/F. Forner
O estoque de medicamentos
Além de servirem como consultórios e locais de operação, algumas tendas do hospital de campanha foram construídas para armazenar equipamentos, medicamentos e demais suprimentos médicos. Nesta foto, o médico Luís Canelas opera um dos computadores que realiza exames de ultrassonografia. O hospital de campanha também realiza exames laboratoriais, como exames de sangue e testes de malária.
Foto: DW/F. Forner
Apoio à população
Em momento de descanso, o enfermeiro da Cruz Vermelha de Cabo Verde Mariano Delgado brinca com uma das pacientes no pátio externo. Estima-se que cerca de 400 mil crianças foram afetadas. "Precisamos fazer um trabalho mais ativo de equipas móveis para ir às populações deslocadas", diz Michel Le Pechoux, representante adjunto do UNICEF em Moçambique.
Foto: DW/F. Forner
Pulverização contra a malária
Homens uniformizados com luvas e protetores fazem a pulverização contra a malária em casas nas ruas de Búzi, a 150 km ao sul da Beira. Os casos de malária aumentaram e um mutirão tenta conter a proliferação do mosquito transmissor.
Foto: DW/F. Forner
Cadastro de pacientes
Esta é a tenda de triagem onde os pacientes são recebidos para a marcação de consultas. "Recebemos pacientes com doenças crónicas, hipertensão, doenças cardiovasculares e parasitárias, bem como pacientes que sofrem de desnutrição e portadores do VIH/SIDA", explica a infectologista da Cruz Vermelha portuguesa Telma Susana Vieira Azevedo.
Foto: DW/F. Forner
À espera de consultas
As salas de espera no centro de saúde Macurungo ficam diariamente superlotadas com pacientes que sofrem das mais variadas doenças. O cólera está sob controle, mas os casos de malária estão a ser acima do habitual. "As chuvas fazem com que haja poças d’água que são óptimas para a proliferação dos mosquitos havendo mais vetores para transmitir a doença", diz a infectologista Telma Susana Azevedo.
Foto: DW/F. Forner
Atendimento
Esta é uma das tendas do hospital de campanha Macurungo destinada às consultas médicas e atendimento aos pacientes. Nesta foto, o doutor Miguel e o enfermeiro de Cabo Verde Mariano Delgado dividem o espaço realizando atendimentos e curativos.
Foto: DW/F. Forner
Nos bastidores
Num momento de descanso após o almoço, estes três profissionais de saúde aproveitam a pausa no início da tarde antes de continuar com os atendimentos. Esta sala com macas também serve de refeitório e sala de reuniões. As equipas de médicos, enfermeiros e pessoal de apoio técnico trabalham diariamente sem cessar e se revezam a cada três semanas.