Ruanda, Moçambique e Nigéria na imprensa alemã
11 de abril de 2014 As lembranças do genocídio de 1994 no Ruanda marcaram definitivamente as páginas dedicadas a África nos jornais alemães ao longo desta semana. A imprensa seguiu a cerimónia oficial do 20º aniversário, a 7 de abril, no estádio Amahoro na capital ruandesa, Kigali. Lê-se no Berliner Zeitung que, hoje, “hutus e tutsis começam a reaproximar-se de forma cautelosa”. O jornal de Berlim conta a história de um homem, Edouard Bamporiki, que tinha 11 anos em 1994 e encontrava-se no hospital, com malária, quando um homem, com uma criança nos braços, entrou de rompante no seu quarto. O homem tentava esconder-se das milícias que o queriam matar. Ele e a criança que trazia consigo foram massacrados em frente de Edouard.
Também o tageszeitung constata que 20 anos depois do genocídio, a justiça ruandesa ainda continua a procurar, prender e julgar culpados de 1994.
Como lembra o Frankfurter Allgemeine Zeitung, depois do genocídio no Ruanda, o leste do vizinho Congo “não teve mais paz”. A povoação de Kiwanja é um exemplo. Situada nos montes Virung, os seus habitantes vivem sobretudo da agricultura. Com condições favoráveis à produção agrícola e enquadrada numa linda paisagem, poderia ser um pequeno paraíso. Mas, lê-se no artigo do jornal de Frankfurt, “Kiwanja está situada perto da fronteira com o Ruanda e o Uganda, o que, desde 1994, é uma maldição” devido aos confrontos constantes na região.
Moçambique e Nigéria: duas economias em rápido desenvolvimento
Mas não só o Ruanda ocupou as páginas da imprensa alemã esta semana: o Süddeutsche Zeitung debruçou-se também sobre uma cidade africana em pleno boom económico, nomeadamente Maputo. O diário de Munique publicou uma longa reportagem sobre a capital moçambicana que começa assim: “É fácil apaixonar-se por ela”. E continua: “Desde a independência em 1975 [...] Maputo estava como que congelada. Quase nenhum edifício tinha sido construído“. Hoje, Moçambique, e portanto Maputo também, estão em movimento, um movimento “impulsionado pelas descobertas de recursos naturais”, assim se lê no artigo do Süddeutsche Zeitung.
Outro país africano a viver um boom económico é a Nigéria. De acordo com as mais recentes estatísticas relativas ao Produto Interno Bruto, o país é agora a primeira economia africana, tendo ultrapassado a África do Sul. O Frankfurter Allgemeine Zeitung escreve, contudo, que seria “prematuro falar do gigante da África Ocidental como um novo el dorado no continente”. Isto, porque ao contrário da África do Sul, “a Nigéria não tem uma indústria moderna e diversificada”. 80% das receitas do país provêm do petróleo. A Nigéria permanece, assim, difícil para os investidores.