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Ruanda recusa plano de expansão do Corredor do Lobito

Martina Schwikowski | cm
23 de janeiro de 2025

Os EUA propuseram a expansão do Corredor do Lobito para a região em conflito como incentivo a um acordo de paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo (RDC), mas os ruandeses recusaram o plano de expansão.

Mina de carvão na Zâmbia
A República Democrática do Congo, o maior produtor mundial de cobalto, está no centro da competição, tal como a ZâmbiaFoto: Joerg Boethling/imago images

A poucos dias de deixar a Casa Branca, a administração Biden anunciou que os EUA propuseram a expansão do Corredor do Lobito para a região em conflito como incentivo a um acordo de paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo.

Segundo os EUA, o Ruanda não gostou da ideia e recusou o plano de expansão. O Presidente ruandês, Paul Kagame, não participou nas conversações mediadas por Angola durante a visita de Joe Biden ao país em dezembro do ano passado.

Para o analista político Alex Vines, a posição do Ruanda não surpreende. "Não é surpreendente que o Ruanda tenha recuado, pois não estaria interessado em desviar o comércio atravessando as suas próprias fronteiras para a África Oriental. Por isso, tratava-se de um incentivo fraudulento, que poderia ter sido contraproducente", afirma.

À lupa: O incentivo tardio de Biden no Corredor do Lobito

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Disputa pelo acesso ao Corredor do Lobito

O comércio de matérias-primas valiosas na região está a crescer, tal como as infraestruturas de transporte. A Agência Internacional da Energia (AIE) estima, por exemplo, que a procura de níquel e cobalto aumentará vinte vezes entre 2020 e 2040.

Este aumento previsto da procura despertou grande interesse no Corredor do Lobito, levando a uma inevitável disputa pelo acesso. A República Democrática do Congo (RDC), o maior produtor mundial de cobalto, está no centro desta competição, assim como a Zâmbia, que também é afetada.

Também para Evans Chabala, do Instituto de Investigação sobre Políticas em África, a proposta dos EUA "não faz sentido" e questiona: "Porque é que num ambiente de conflito, um comerciante quereria transportar um produto numa linha que se estende rapidamente do leste  ao oeste da RDC antes de entrar em Angola no porto do Lobito?"

Corredor do Lobito: A bandeira na relação entre Angola e EUA

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O analista não vê benefícios também para o Presidente do Ruanda, "porque se Kagame estivesse envolvido no conflito no leste da RDC e estivesse a aceder aos produtos mineiros a partir daí, duvido que quisesse colocá-los num corredor de transporte que atravessa toda a extensão da RDC, quereria que saíssem o mais rapidamente possível do país."

Segundo Chabala, é mais eficiente para o presidente ruandês usar o caminho de ferro de bitola padrão da Tanzânia, que vai de Dar es Salaam até à capital, Dodoma e estendê-lo até Kigali.

De qualquer forma, o analista acredita que o plano de Joe Biden não é exequível, especialmente porque é pouco provável que a nova administração de Donald Trump o siga.

O Corredor do Lobito compreende uma linha ferroviária com 1300 km de comprimento e estende-se do porto do Lobito, em Angola, às zonas de minérios da RDC e da Zâmbia.