Mais de 110 milhões de cidadãos foram convocados a comparecer às urnas para escolher o chefe de Estado que ficará nos próximos seis anos no poder. Vitória de Vladimir Putin é dada como certa.
Publicidade
Cerca de 110 milhões de cidadãos russos foram convocados este domingo (18/03) para escolher o novo Presidente do país. Apesar de haver oito candidatos na disputa, a vitória do atual chefe de Estado, Vladimir Putin, é dada como certa.
Como o extenso território da Rússia abrange 11 fusos horários, a votação levará um total de 21 horas. As primeiras seções eleitorais foram abertas no leste do país às 22h (horário de Berlim) do sábado e será concluída em Kaliningrado, no extremo ocidental, às 19h deste domingo.
Apesar do frio que domina a capital russa, com média de -10 graus Celsius, a afluência às urnas tem sido alta. Como o voto na Rússia não é obrigatório, foram organizadas atividades festivas e diversos tipos de atrações para adultos e crianças para atrair mais eleitores aos centros de votação e antecipar a comemoração da vitória iminente de Putin.
Todas as pesquisas de intenção de votos indicam que Putin será reeleito com cerca de 70% dos votos para um novo mandato de seis anos. O segundo lugar nas intenções de voto é o candidato comunista Pavel Grudinin, que tem 7% das intenções, seguido pelo líder ultranacionalista, Vladimir Zhirinovsky, com 6%.
Os oito candidatos à presidência compareceram aos centros de votação logo nas primeiras horas das eleições. Putin foi o primeiro e votou na Academia das Ciências da Rússia, uma tradição que cumpre desde que chegou ao poder em 2000. Interrogado por jornalistas sobre o resultado que gostaria de ver nas urnas, Putin disse que se conformará com "qualquer um que obtenha o direito de ser presidente". A última candidata a comparecer às urnas foi a opositora Ksenia Sobchak, a única mulher que concorre à presidência.
Irregularidades
A oposição russa e a ONG Golos, que monitora as eleições, denunciaram este domingo milhares irregularidades durante o pleito presidencial na Rússia. Entre as mais de 1.800 irregularidades registradas estão votações múltiplas e entraves ao trabalho dos observadores.
A Golos disse ter recebido informações sobre empregadores e universidades que obrigaram trabalhadores e estudantes a votarem no local de trabalho ou estudo, em vez do domicílio, para que pussem controlar a participação desses eleitores no escrutínio.
O movimento do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que afirma ter destacado mais de 33.000 observadores para as assembleias de voto, divulgou centenas de casos de fraude, principalmente em Moscovo, São Petersburgo e em Basquíria.
Navalny divulgou no Twitter em que diz mostrar uma urna cheia de votos falsos numa assembleia de voto no extremo-oriente do país. A Comissão Eleitoral russa prometeu investigar o caso. Militantes da oposição também referiram que alguns eleitores foram levados de autocarro pela polícia até assembleias de voto, enquanto outros receberam cupões de desconto por irem votar.
Um vencedor certo
Quando Vladimir Putin foi eleito presidente da Rússia pela primeira vez, em 2000, concorriam 11 candidatos, mas nas eleições posteriores, o número diminuiu drasticamente. A explicação para o grande número de candidatos é a preocupação do Kremlin com a participação eleitoral. Em 2016, a participação nas eleições parlamentares russas caiu drasticamente. Em Moscovo, ficou em torno de 35%.
Observadores eleitorais acreditam que o Kremlin esteja tentando tornar o pleito mais empolgante com os outros sete candidatos na disputa, que não ameaçam a vitória de Putin. O principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, não foi aceito como candidato, devido a uma condenação judicial. O oposicionista interpretou isso como uma tentativa de eliminá-lo, e convocou ao boicote das eleições. O líder comunista Guennadi Ziuganov, que quase sempre ficou em segundo lugar em pleitos anteriores, não participará mais.
Como talvez não seja de espantar para um ex-funcionário da KGB, Putin é um homem que valoriza a própria privacidade e controla estritamente que informações devem chegar ao público. Em quase duas décadas no poder, sua imagem pública passou de um jovem líder relativamente desconhecido para a encarnação do machismo russo e da ambição política. O desejo de redefinir o passado da Rússia parece estar na raiz do tom cada vez mais beligerante com que Putin se dirige tanto à Europa quanto aos Estados Unidos.
Tensões com a Ucrânia
Os eleitores compareceram a 97 mil seções eleitorais na Rússia, além de 400, em outros 145 países. Os russos que vivem na Ucrânia foram proibidos de votar. O governo em Kiev considera as eleições presidenciais russas como ilegais.
Ativistas e membros de partidos nacionalistas ucranianos organizaram protestos defronte da embaixada da Rússia em Kiev e dos consulados em várias cidades do país para protestar contra a votação para as presidenciais russas. Os manifestantes empunharam cartazes com mensagens como "fora com os invasores moscovitas", "morte aos inimigos" ou "não há eleições de Putin na Ucrânia" e tentaram impedir que os eleitores russos se deslocassem até às assembleias de voto.
A península da Crimeia, anexada ao território russo em 2014, irá participar pela primeira vez de um pleito presidencial russo. O antigo território ucraniano reúne 1,5 milhões de eleitores. O governo da Ucrânia advertiu que os organizadores do pleito sofrerão persecução penal.
"A polícia e a Guarda Nacional estão a assegurar a ordem pública e a segurança nas instituições diplomáticas e consulares do país agressor [referência à Rússia]. Recordamos que, segundo decisão do Ministério do Interior, está proibido o acesso dos cidadãos da Federação Russa" aos locais de voto, informou a polícia ucraniana num comunicado.
A trajetória política de Helmut Kohl
Kohl governou a Alemanha ao longo de 16 anos, mais do que qualquer outro chanceler federal. A reunificação das duas Alemanhas e a União Europeia são os pontos altos da carreira política de Kohl, que morreu em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Baumgarten
O pai da reunificação alemã
Helmut Kohl governou a Alemanha ao longo de 16 anos, mais do que qualquer outro chanceler federal. A reunificação das duas Alemanhas e a União Europeia são os pontos altos da carreira política de Kohl, que morreu em 16 de junho de 2017. "Sem ele, a União Europeia de hoje não teria sido possível", disse a chanceler atual, Angela Merkel.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Baumgarten
Nos passos de Adenauer
Kohl entrou para a União Democrata Cristã (CDU) em 1946, ainda como estudante da escola secundária com apenas 16 anos. Foi eleito deputado estadual da Renânia-Palatinado em 1959, aos 29 anos. Em 1966, tornou-se presidente estadual da CDU. A foto de 5 de janeiro de 1967 mostra Kohl e o primeiro chanceler federal da Alemanha pós-Guerra, Konrad Adenauer, na festa dos seus 91 anos, em Bonn.
Foto: picture alliance / dpa
Primeiro-ministro aos 39 anos
Em 1969, com a renúncia do então primeiro-ministro da Renânia-Palatinado, Peter Altmeier, Kohl foi eleito seu sucessor. Ele comandaria o estado até dezembro de 1976. Sempre manteve uma ligação forte a este estado onde também será sepultado no cemitério da catedral de Speyer, no dia 1 de julho de 2017. A foto é de 1971, ano em que a CDU obteve a maioria absoluta no parlamento regional.
Foto: Imago
Em família
A família foi muito importante para a formação da imagem pública de Kohl. Ele costumava passar suas férias de verão com a esposa e os filhos sempre no mesmo lugar, no lago Wolfgangsee, na Áustria. Esta foto é de 1974, e mostra Kohl ao lado da esposa Hannelore e dos filhos Peter (d) e Walter (e) na residência da família, em Oggersheim.
Foto: imago/Sven Simon
Kohl na chancelaria federal
Em 1973, Kohl se tornaria presidente nacional da CDU. Mas ele ainda não tinha atingido sua grande meta: a chancelaria federal. Foi só em 1982, quando divergências entre social-democratas e liberais levaram ao fim da coligação do então chanceler federal Helmut Schmidt, que Kohl finalmente conseguiu alcançar seu objetivo. Na foto, de 1º de outubro de 1982, Schmidt parabeniza o sucessor.
Foto: picture-alliance/dpa
Chanceler federal por 16 anos
Kohl foi três vezes reeleito para a chancelaria federal, ocupando o cargo ao longo de 16 anos, de 1982 a 1998. Ele permaneceu na presidência da CDU, para a qual havia sido eleito em 1973, até 1998. A partir de 2000, passou a ser o presidente de honra do partido. A foto é de 11 de setembro de 1989, quando Kohl foi reeleito para a presidência da CDU.
Foto: picture alliance/Martin Athenstädt
Gesto de reconciliação
Esta foto, que mostra Kohl ao lado do Presidente da França, François Mitterrand, correu o mundo. Ela foi tirada em 22 de setembro de 1984, durante um evento para celebrar a reconciliação franco-alemã, perto do cemitério de Verdun, onde estão enterrados soldados que morreram na Primeira Guerra Mundial. De mãos dadas, os dois líderes criaram uma forte imagem de unidade e reconciliação europeia.
Foto: ullstein bild/Sven Simon
Queda do Muro
Kohl foi literalmente surpreendido pela queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. Ele estava em viagem pela Polónia quando os cidadãos da Alemanha Oriental invadiram a fronteira interna alemã, com a anuência dos guardas do lado oriental. Kohl interrompeu imediatamente sua visita à Polónia. Na foto, de 10 de novembro de 1989, ele é cercado por berlinenses na avenida Kurfürstendamm.
Foto: picture-alliance/dpa
Negociações com a União Soviética
Na foto Kohl (d) aparece junto com Mikhail Gorbatchov (centro), e o ministro alemão do Exterior, Hans-Dietrich Genscher (e), durante uma visita ao Cáucaso, em 15 de julho de 1990, para discutir a reunificação alemã. Durante uma caminhada com Gorbatchov, Kohl obtivera do então chefe do Kremlin a aprovação da reunificação do país e da retirada das tropas soviéticas da Alemanha Oriental.
Foto: picture-alliance/dpa
Acordo entre as Alemanhas
Na presença do chanceler da Alemanha Oriental, Lothar de Maizière (esq. atrás) e do chanceler federal Helmut Kohl (centro atrás), os ministros das Finanças da Alemanha Ocidental e Oriental, Theo Waigel (dir.) e Walter Romberg (esq.), assinam, em 18 de maio de 1990, o acordo da união monetária das duas Alemanhas. O acordo abriria o caminho para a reunificação das duas Alemanhas (RFA e RDA).
Foto: picture-alliance/dpa
Chanceler da reunificação
A reunificação alemã, em 3 de outubro de 1990, foi o ponto alto da carreira de Helmut Kohl. Ele entraria para a história como o "chanceler da reunificação". Na foto, tirada em frente do edifício do Parlamento alemão em Berlim, Kohl aparece ao lado da esposa Hannelore, do ministro do Exterior Hans-Dietrich Genscher (e) e do Presidente Richard von Weizsäcker (d).
Foto: picture-alliance/dpa
"Paisagens florescentes"
No início dos anos 1990, Kohl é festejado pelos alemães-orientais como promotor da Reunificação. É dessa época a famosa expressão "paisagens florescentes", que ele usou para se referir ao futuro imediato da antiga Alemanha Oriental, a República Democrática Alemã (RDA). A foto mostra o então chanceler cercado por admiradores em Leipzig, durante uma campanha eleitoral, em 14 de março de 1990.
Foto: picture-alliance/dpa
Mentor de Angela Merkel
Sem Kohl, o sucesso da atual chanceler federal alemã, Angela Merkel, é praticamente inconcebível. Foi ele que apoiou a política oriunda da Alemanha Oriental no início da sua carreira nacional, escolhendo-a para ser ministra da Família e, mais tarde, do Meio Ambiente. A foto é de 16 de dezembro de 1991, quando Merkel era ministra da Família. Mais tarde, Merkel viria a ser a primeira chanceler.
Foto: picture-alliance/dpa
A derrota de 1998: Fim de uma era
Em setembro de 1998, a CDU e Kohl perderam as eleições parlamentares. Venceu o SPD e o seu candidato Gerhard Schröder, que governou pela primeira vez na história alemã com uma coligação entre social-democratas e verdes. A foto mostra uma cerimónia de despedida para Kohl, em Berlim, com honras militares.
Foto: picture-alliance/dpa
Escândalo de caixa dois
Em 1999, a imagem de Kohl é duramente atingida por um escândalo de doações ilegais para campanhas eleitorais da CDU ao longo dos anos 1990. O partido vira as costas para Kohl, e a primeira a fazê-lo é Merkel, sua protegida. Na foto, de dezembro de 1999, Kohl deixa mais cedo uma entrevista coletiva sobre o caso. Ao fundo, o presidente da CDU, Wolfgang Schäuble, e a secretária-geral Angela Merkel.
Foto: picture-alliance/dpa
Relação rompida
Kohl acabou admitindo que sabia das doações, mas se recusou a dar o nome dos doadores, anônimos até hoje. O processo contra Kohl foi arquivado em troca de uma multa milionária, e ele se afastou da política. Merkel tentou várias vezes se reconciliar com seu antigo mentor, que rejeitou todas as tentativas de aproximação. A foto mostra os dois na festa de 75 anos de Kohl, em Berlim, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa
Segundo casamento e isolamento social
Em 2001 a primeira mulher de Kohl, Hannelore Kohl, cometeu suicídio. Sete anos mais tarde, Kohl casou-se pela segunda vez com Maike Richter (e). Os últimos anos da vida foram marcados por um isolamento social. Após uma queda em 2007, teve dificuldades a falar. Cortou as relações com os seus filhos. Poucas pessoas tiveram acessos a sua casa em Oggersheim, onde morreu em 16 de junho de 2017.