São Tomé: Cresce pressão no caso do arroz do Japão
24 de dezembro de 2021A Ação Democrática Independente (ADI), maior partido na oposição são-tomense, vai apresentar queixa-crime ao Ministério Público sobre a venda do arroz do Japão envolvendo três partidos da coligação no Governo, anunciou o secretário-geral do partido na quinat-feira (23.12).
"Perante a gravidade do que é descrito, não se trata apenas de uma ilicitude. Consideramos que a seriedade e dimensão do assunto exigem o envolvimento do Ministério Público e iremos proceder em conformidade com a apresentação de uma queixa-crime", disse hoje Américo Ramos durante a sessão plenária.
O ADI considerou hoje que "para além da ilegalidade, existe imoralidade" no negócio e defendeu que "caberá ao Ministério Público fazer o seu papel, sob pena de estar conivente perante tamanha denúncia pública feita por um dos envolvidos e atendendo até o papel que o mesmo já desempenhou no país".
Antes, o partido da oposição Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista (MCI/PS), com dois eleitos no parlamento, instou o Presidente da República a demitir o primeiro-ministro e o Ministério Público a investigar a "denúncia muito grave" de Fradique de Menezes.
Entenda o caso
O caso foi tornado público no passado sábado (18.12) pelo ex-Presidente são-tomense Fradique de Menezes, durante um Conselho Nacional da União MDFM-UDD, que integra a chamada 'nova maioria' (juntamente com MLSTP-PSD e PCD), que suporta o Governo de Jorge Bom Jesus.
O antigo chefe de Estado revelou então que os partidos da 'nova maioria' criaram uma "firma chamada 'Capa' por causa do arroz do Japão", oferecido por aquele país para constituição de um fundo para financiamento de projetos sociais, incluindo o processo eleitoral em São Tomé e Príncipe.
"O senhor líder da bancada parlamentar do MLSTP-PSD reúne-se com o senhor primeiro-ministro, com o nosso secretário de Estado do Comércio [...] [referindo] que temos que acabar com isso, porque o povo não está contente e o candidato do MLSTP é capaz de perder as eleições se continuarmos a comercializar o arroz desta maneira", relatou.
MP realiza buscas
Antes mesmo do anúncio do ADI, o Ministério Público são-tomense realizou, na quinta-feira (23.12), "buscas e apreensões" no gabinete do secretário de Estado e na direção-geral do Comércio por suspeitas de participação económica em negócio, entre outros crimes, na venda de arroz oferecido pelo Japão, adiantou fonte judicial.
A mesma fonte da Procuradoria-Geral da República de São Tomé e Príncipe adiantou à Lusa que as diligências ocorrem no âmbito de uma investigação que decorre há dois meses e que foi suscitada por uma denúncia.