Depois de mais de duas semanas de crise que praticamente paralisaram São Tomé e Príncipe por causa das dificuldades de abastecimento, o país começou esta manhã a receber combustível.
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"As bombas de gasolina já estão a ser abastecidas", disse esta sexta-feira à agência de notícias Lusa o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.
O combustível veio do Togo, após um navio mais pequeno ter feito a trasfega em alto mar e ter conseguido atracar na ilha de São Tomé, revelou o chefe do Governo, que prometeu apurar responsabilidades sobre as dificuldades de abastecimento.
Entretanto, também a petrolífera angolana Sonangol "aceitou antecipar a entrega que estava programada para final deste mês", disse o diretor administrativo e financeiro da Empresa de Combustíveis e Óleo (ENCO), Orlando da Mata.
Foram encontradas parcerias internas para evitar o colapso do país, nomeadamente 500 mil litros de gasóleo disponibilizados pela Voz da América, revelou ainda Orlando da Mata, que também é deputado da Ação Democrática Independente (ADI, no poder).
Maior crise de combustíveis de sempre
Foi a maior crise de combustíveis da história de São Tomé e Príncipe. As gasolineiras deixaram de vender combustíveis há duas semanas, com os reservatórios a atingir níveis críticos. A economia ficou praticamente paralisada e toda a cadeia de negócios foi afetada.
A compra dos combustíveis ao Togo custou ao Governo 11 milhões de dólares. A petrolífera angolana Sonangol passou a fornecer os combustíveis a São Tomé e Príncipe a pronto pagamento, devido uma dívida que o país acumula há vinte anos, estimada em 300 milhões de dólares.
A atuação do Governo gerou duras críticas da oposição. Jorge Bom Jesus, ex-primeiro-ministro e presidente do maior partido da oposição, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), acusou o Executivo de Patrice Trovoada de "amadorismo e incompetência técnica e política" na gestão da crise.
Tratamento do lixo em São Tomé e Príncipe
Financiado pela União Europeia e Portugal, o centro de processamento e tratamento de resíduos de São Tomé protege o meio ambiente e a saúde pública. Recolhe por dia toneladas de resíduos.
Foto: DW/R. Graca
Recolha de resíduos
Inaugurado em 2016, o centro de processamento de lixo recolhe todos os dias toneladas de resíduos. Financiado pela União Europeia e Instituto de Camões, o centro é gerido pela ONG Tese em parceria com a Santa Casa da Misericórdia do país. A sua missão é proteger o meio ambiente e a saúde pública.
Foto: DW/R. Graca
Cemitério de garrafas
Três vezes por semana é feita a recolha de resíduos em três distritos de São Tomé. Água Grande, Mé-Zóchi e Caue. Já no estaleiro, os funcionários do centro têm a missão de separar os resíduos.
Foto: DW/R. Graca
Bebidas alcoólicas
São recolhidas por semana grandes quantidade de garrafas de bebidas alcoólicas consumidas no país, provenientes da Europa. Segundo um estudo divulgado em 2016, São Tomé e Príncipe é um dos países onde do consumo alcool é excessivo. Para inverter o cenário, as autoridades aumentaram a taxa de importação de bebidas alcoólicas, em 2017.
Foto: DW/R. Graca
Areia de vidro
As garrafas quando chegam ao centro de processamento são trituradas numa máquina e transformadas de seguida em areia de vidro. Esta foi uma das vias encontradas pela Tese para tornar o projeto auto-sustentável. Objetivo é reduzir a extração de inertes nas praias devido ao aumento de construção de casas alvenaria no arquipélago.
Foto: DW/R. Graca
Artesão de vidro
A areia de vidro é usada na construção civil. A ONG Tese também a utiliza na produção de artesanato. O estaleiro tem capacidade de produzir por dia várias toneladas de areia de vidro.
Foto: DW/R. Graca
Abaju ecológico
Um grupo de artesãos aderiu ao projeto. São produzidas neste atelier bancadas para cozinha, lava-loiças e candeeiros. Os moldes e as cores dependem da encomenda dos clientes. A entrega final é autorizada depois da aprovação de um técnico superior.
Foto: DW/R. Graca
Máscaras de vidro
Os artigos produzidos à base de areia de vidro foram expostas pela primeira vez na feira de produtos reciclados do Centro Cultural Português, na capital São Tomé. Um exemplo de como se pode promover o empreendedorismo, baseado no conceito de economia verde, em beneficio do ambiente.
Foto: DW/R. Graca
Economia verde
Parte das receitas arrecadadas com a venda de areia de vidro e peças de artesanato revertem a favor da Santa Casa da Misericórdia de São Tomé e Príncipe, um dos integrantes do projeto.