São Tomé e Príncipe: MLSTP nega negociações com ADI
10 de novembro de 2018O presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), maior partido da oposição em São Tomé e Príncipe, desmentiu, este sábado (10.11), que haja "negociações oficiosas" com a Ação Democrática Independente (ADI), vencedor das eleições legislativas, para formação de um governo de base alargada.
As declarações de Jorge Bom Jesus à Lusa surgem depois de, esta semana, o primeiro-ministro cessante e líder da ADI, Patrice Trovoada, ter afirmado que o partido estaria a fazer "contactos oficiosos" com as restantes forças para procurar apoios para um governo de base alargada". "Tem havido contactos oficiosos e penso que existem algumas pistas que vamos ter de explorar com boa vontade, com cedências de parte a parte. Veremos nos próximos dias para ver se há possibilidade de se avançar", disse.
A ADI, partido no poder, venceu as eleições legislativas de 07 de outubro com maioria simples (25 em 55 deputados na Assembleia Nacional), enquanto o MLSTP conquistou 23 mandatos e a coligação cinco, tendo estas duas forças reclamado maioria absoluta e anunciado um acordo pós-eleitoral de incidência parlamentar e com fins governativos.
MLSTP ausculta população
Num debate entre cidadãos e o MLSTP, que ocorreu este sábado (10.11) na sede do partido, estiveram em cima da mesa temas como a falta de eletricidade, o desemprego e a pobreza no país. O encontro promovido pelo maior partido da oposição pretendeu recolher contributos da população para a proposta do programa de Governo.
Em entrevista à Lusa, Jorge Bom Jesus afirmou que "neste momento, precisamos de um programa de emergência. Precisamos desenhar atividades e projetos, medidas de políticas para hoje, agora e já, e depois medidas a curto prazo e a médio prazo".
Dando conta que o MLSTP está empenhado em preparar um programa "realista, participativo e colaborativo", Jorge Bom Jesus afirmou que São Tomé e Príncipe é, neste momento, "um país desgovernado, às escuras, onde os apagões se têm prolongado por dois, três dias. Há um mal social, há o desemprego, o país está triste, está com problemas", afirmou o líder da oposição, acrescentando que a escuridão é também intelectual. "Tentou-se durante estes quatro anos [de Governo liderado pela Ação Democrática Independente] empobrecer o são-tomense, embrutecer o são-tomense e é preciso resgatar a dignidade de cada são-tomense", acrescentou.
A Assembleia Nacional deverá ser empossada no próximo dia 22, esperando-se que o Presidente, Evaristo Carvalho, chame depois os partidos para formar executivo.