São Tomé e Príncipe preocupado com ataques no Golfo da Guiné
Lusa | ni
26 de novembro de 2019
São Tomé e Príncipe encara os ataques marítimos como a sua principal ameaça em termos de segurança e defende que a prevenção deve ser assegurada no quadro da cooperação internacional.
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De acordo com Esterlino Gonçalves, chefe de departamento das organizações regionais dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe (STP), "na condição de um país insular temos sempre a preocupação com a segurança marítima".
Gonçalves falava no âmbito da 49ª reunião do Comité Consultivo das Nações Unidas para as Questões de Segurança na África Central (UNSAC) que decorre até sexta-feira (29.11) em Luanda, Angola.
São Tomé e Príncipe é um dos 11 países pertencentes a esta região, que integra ainda Angola, Burundi, Camarões, República Centro Africana, República do Congo, República Democrática do Congo, Gabão, Guiné Equatorial, Ruanda e Chade.
Gonçalves, que também é ponto focal do Comité, ressalvou que STP é "amante da paz", mas admite preocupação face aos ataques no golfo da Guiné lembrando que o país tem uma extensão marítima 161 vezes superior ao seu território.
"Nos últimos tempos registaram-se ataques na costa da Guiné Equatorial. Já no passado também houve e nós queremos prevenir isto", afirmou, apontando o objetivo de impedir que tais "malefícios cheguem" ao território são-tomense e à "região como um todo".
A importância das alianças
E Esterlino Gonçalves vê com bons olhos que a prevenção seja feita num quadro de cooperação internacional, já que São Tomé e Príncipe, além de membro do UNSAC, pertence à Comunidade Económica dos Estados da África Central e à Comissão do Golfo da Guiné.
"Temos algumas limitações e de forma a suprir essas insuficiências, temos de estar aliados aos nossos parceiros. É neste quadro que São Tomé e Príncipe tem feito a sua estratégia", destacou.
Representantes de 11 países africanos estão reunidos até sexta-feira na capital angolana, para analisar a situação geopolítica e as alterações climáticas na África Central.
A reunião vai incidir sobre os desenvolvimentos políticos e institucionais dos últimos seis meses em termos de geopolítica e segurança, bem como assuntos relacionados com a governação, processos eleitorais, situação humanitária, direitos humanos e segurança interna e transfronteiriça.
Tchiloli: Uma tradição única em São Tomé e Príncipe
O Tchiloli é uma tradição secular em São Tomé e Príncipe. É a encenação de uma história sobre traição e amor, com dança e tambores, perante plateias maravilhadas. Mas teme-se que esta tradição possa desaparecer.
Foto: DW/R. Graça
A história do Tchiloli
Tchiloli é uma encenação histórica, sobre traição e amor. O príncipe D. Carloto assassina o amigo, Valdevinos, durante uma caçada. Tudo por causa de uma mulher, Sibila, casada com Valdevinos. E o Imperador Carlos Magno fica com uma tarefa ingrata em mãos: ter de condenar o próprio filho.
Foto: DW/R. Graça
Sede de justiça
Este é o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos. Foi ele que encontrou o sobrinho a morrer, assassinado pelo príncipe. E prepara-se aqui para pedir que se faça justiça. O que fará o Imperador, o pai do príncipe D. Carloto?
Foto: DW/R. Graça
A corte do Imperador
Aqui está. Carlos Magno na sua corte, sem esquecer os óculos de sol. O Imperador condena o filho à morte pelo assassinato de Valdevinos. O príncipe D. Carloto recorre da sentença. Mas o Imperador não volta atrás na decisão. Para o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos, faz-se justiça.
Foto: DW/R. Graça
O "rosto" do Tchiloli
João Taraveira é um dos rostos mais conhecidos das encenações do Tchiloli. Pertence ao grupo "Formiguinha da Boa Morte", um dos mais antigos de São Tomé e Príncipe, formado em 1956. Já percorreu o mundo em atuações. No país, há vários grupos de Tchiloli. Em cada atuação há dezenas de figurantes.
Foto: DW/R. Graça
Tradição única
O Tchiloli é uma tradição única e especial. Segundo alguns investigadores, a peça foi trazida para São Tomé e Príncipe no século XVI por "mestres" do açúcar, vindos da Madeira. Outros defendem que o Tchiloli foi trazido muito mais tarde, no século XIX. Mas o original foi entretanto adaptado. Os tambores e as danças, por exemplo, refletem muito da cultura e tradições de São Tomé e Príncipe.
Foto: DW/R. Graça
Ocasião especial
Quando há Tchiloli, é sempre especial. E Tchiloli na praça Yon Gato, em São Tomé, não acontece todos os dias. Quando acontece, reúne muita gente. Miúdos e graúdos juntam-se nas ruas para assistir ao espetáculo.
Foto: DW/R. Graça
Manter viva a tradição
No ano passado, a Rede Tchiloli começou a organizar um festival para manter viva esta tradição. Os grupos de Tchiloli pedem às autoridades são-tomenses mais apoios financeiros. As indumentárias e os instrumentos usados nas encenações são relativamente caros. E toda a ajuda é pouca. Teme-se que esta tradição possa desaparecer.
Foto: DW/R. Graça
Fim do preconceito
Durante muito tempo, o Tchiloli era tido como algo feito apenas por homens. Mas, pouco a pouco, tem-se desfeito esse preconceito. O Tchiloli da Cachoeira é o único no país em que todos os figurantes são raparigas. Ser figurante é exigente. São precisos muitos meses de preparação.