País já tem quase 2 mil casos da doença chamada pelas autoridades de "celulite necrotizante". Um plano de ação, que envolve diversos órgãos do Governo e a OMS, investiga as causas da infecção.
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Os hospitais em São Tomé e Príncipe registaram esta semana 42 novos casos da chamada "doença desconhecida", que já foi diagnosticada em quase 2 mil pacientes desde outubro do ano passado em todas as regiões do país. Apesar dos registos, as autoridades de saúde do país afirmam que o número de infectados "está com tendência para diminuir".
Seis meses depois de a doença começar a afetar o sistema nacional de saúde do arquipélago, o Governo diz ter chegado a conclusão de que se trata de uma "celulite necrotizante". Contudo, ainda não é conhecida uma cura para a doença.
"O tratamento direcionado para esta doença em concreto ainda não temos", disse Maria Tomé Palmer, diretora dos cuidados de saúde são-tomense.
De acordo com a médica, os pacientes estão a ser tratados com "uma combinação de antibióticos", conforme a orientação de um infecciologista português, o primeiro a ser chamado pelo governo são-tomense para analisar a doença.
"Porque está envolvida a infecção da pele que depois rapidamente desenvolve para necrose, com a morte do tecido", explica Maria Tomé Palmer, sublinhando desconhecer até então o agente patológico que causa a infecção.
Mais de 50 amostras foram enviadas para laboratórios especializados nos Camarões, Benim, Portugal e Bélgica para determinar o agente etiológico responsável pela doença e sua propagação, informou a médica.
Plano de ação
O Governo também aprovou um "plano de ação" de combate ao surto e criou um comité nacional e outro multidisciplinar para fazer face a doença que preocupa seriamente as autoridades.
A organização mundial da Saúde (OMS) enviou para São Tomé uma representante para "acompanhar de perto e coordenar o surto epidémico". Outros dois consultores epidemiologistas da OMS chegaram a São Tomé esta semana para trabalhar com os médicos nacionais para esclarecimento dos agentes causadores dos casos de celulite necrosante.
Segundo a diretora dos cuidados de saúde, a faixa etária mais atingida pela enfermidade é a partir dos 35 anos, sendo que os homens representam 57% e mulheres 43%. A doença alastrou-se para todos os distritos do país.
Número de infectados pode ser menor
Em janeiro deste ano as autoridades sanitárias haviam avançado 1.994 casos de pessoas infectadas pela doença de origem desconhecida, porém o Ministério da Saúde considera que este número deve ser menor, uma vez que alguns pacientes tiveram o caso registado em mais de um posto de saúde. As autoridades estão a verificar os livros de registo, mas acredita-se que "o número não ultrapassa os 1.350 casos", referiu o ministério.
Turismo rural recupera património de São Tomé e Príncipe
Investidores estrangeiros estão a apostar na recuperação do património histórico de São Tomé e Príncipe. Veem nas roças abandonadas uma oportunidade de negócios para o turismo rural de luxo.
Foto: DW/C. Vieira
Roças abandonadas viram hospedagem de luxo
Investidores estrangeiros estão a apostar na recuperação do património histórico de São Tomé e Príncipe. Veem nas roças abandonadas uma oportunidade de negócios para o turismo rural de luxo. Na Ilha do Príncipe, as roças Belo Monte e Sundy passam por uma reforma para receber clientes em busca de férias cinco estrelas. Na foto, vista a partir do terraço de Belo Monte.
Foto: DW/C. Vieira
Hotel boutique em Belo Monte
Situada na Ilha do Príncipe, a Roça Belo Monte começou a operar como hotel boutique em 2015, depois de passar por uma recuperação que manteve o antigo estilo colonial, com arquitetura clássica e mobiliário elegante. Ao todo, o hotel oferece 15 quartos e estão em construção três chalés. O proprietário é o holandês Rombart Swanborn, um empresário que cresceu no Gabão.
Foto: DW/C. Vieira
Casa grande adaptada ao mais alto padrão
A casa grande costumava ter apenas um quarto, além da sala de estar e demais ambientes. Com a reforma, foram adaptados espaços originalmente usados como área de trabalho, para armazenar produtos e a cozinha. Agora, o edifício oferece três acomodações de luxo, com casas de banho individuais. Há também uma biblioteca e áreas de convívio. O hotel conta ainda com piscina, bar e restaurante.
Foto: DW/C. Vieira
O conforto tem o seu preço
Uma diária em Belo Monte custa, atualmente, entre 150 e 450 euros por pessoa, dependendo da estação do ano e do tipo de pacote turístico. Na foto, um dos quartos no prédio onde antigamente funcionava o hospital. As instalações disponibilizam casa de banho privativa, ar condicionado, televisão e internet.
Foto: DW/C. Vieira
Investimento em pesquisa científica
O valor gasto na reabilitação da Roça Belo Monte não foi divulgado. O investidor espera reaver o montante em 10 anos. Belo Monte ainda se encontra parcialmente em obras. Na foto, o prédio que irá abrigar um museu no terreno do hotel, onde cientistas poderão pesquisar sobre a história, fauna, flora e vida marinha da região, entre outros.
Foto: DW/C. Vieira
Reforma a todo vapor em Sundy
A Roça Sundy é outra roça em reabilitação na Ilha do Príncipe, situada a cerca de 140 km da capital São Tomé, está concessionada ao grupo HBD, do empresário milionário sul-africano Mark Shuttleworth. Será parte de um resort agrícola cinco estrelas de turismo sustentável. A casa grande será transformada num restaurante e oferecerá cursos profissionais de cozinheiros e empregados de mesa.
Foto: DW/C. Vieira
Formação e aproveitamento de mão de obra local
A reabilitação dos prédios centenários da Roça Sundy encontra-se em curso e tem por objetivo preservar ao máximo a estrutura original. Para tal, 20 trabalhadores participam numa formação para pedreiros. Aprendem a usar técnicas e materiais tradicionais, mais amigos do meio-ambiente. Carlos Sanches, de 21 anos, "nunca tinha trabalhado com cal", que agora usa para a pintura ou na argamassa.
Foto: DW/C. Vieira
Meio-ambiente tido em conta
Material reciclado também é utilizado nas obras. O vidro recolhido nas comunidades é moído e substitui a areia em rebocos e blocos, por exemplo. O português Manuel de Sousa Gomes, responsável pela formação dos profissionais, diz que pretende transmitir aos trabalhadores "técnicas de reboco e o brio no trabalho".
Foto: DW/C. Vieira
Impactos para a população local
O Grupo HBD apresenta o projeto da Roça Sundy como motor financeiro para a população local. Atualmente emprega mais de 100 das pouco mais de 400 pessoas que ainda vivem na senzala de Sundy. Futuramente, a população deverá ser realojada. Os investidores estrangeiros prometem aos moradores a doação de casas novas fora da roça, deixando o espaço livre para os turistas.
Foto: DW/C. Vieira
Esperança para os moradores
Miguel Guadalupe, de 31 anos, é um dos moradores da senzala da Roça Sundy. Acredita que o realojamento será bom para a sua família de seis pessoas. E espera que, com a chegada dos investidores estrangeiros, haja "mais trabalho e mais dinheiro".