STP vai candidatar-se a património agrícola mundial
Lusa
18 de novembro de 2017
São Tomé e Príncipe vai candidatar-se a património agrícola mundial, estando já a ser preparado "um plano de ação" para submeter o pedido ao Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
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"Queremos promover uma candidatura dinâmica, através da qual o país poderá ter acesso a vários benefícios", adiantou este sábado (18.11) Carlos Tavares, coordenador do projeto ‘For Bio' (Fortalecimento da Sociedade Civil em Matéria da Conservação da Biodiversidade).
"Somos nós, nesta fase, a dinamizar este processo, mas é o Governo que depois irá liderar este processo de candidatura junto do FAO, através de uma comissão multissetorial que será constituída nos próximos dias", acrescentou.
Segundo Carlos Tavares, esta "candidatura é de capital importância, porque independentemente da vertente de ter acesso aos fundos, há o problema da exploração racional da floresta e da conservação da nossa biodiversidade".
Recolha de subsídios
Nos últimos dois dias esta comissão promoveu alguns seminários destinados a "recolher subsídios" para o referido plano de ação que prevê concluir ainda a longo deste ano.
A intenção é de que dentro "dos próximos dois a três meses" a candidatura de São Tomé e Príncipe ao património agrícola mundial seja entregue ao Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura que depois fará a sua avaliação.
O coordenador do ‘For Bio' sublinha que candidatar-se ao património agrícola mundial "traz benefícios enormes para o país", mas será necessário que o arquipélago de São Tomé e Príncipe preencha alguns requisitos.
"O país terá de reunir cinco requisitos que compreendem a segurança alimentar, a biodiversidade, o aspeto paisagístico e as tradições das comunidades relativas ao sistema agroflorestal", explicou Carlos Tavares.
Esse responsável está convencido de que dentro de 12 a 18 meses São Tomé e Príncipe seja reconhecido como membro do património agrícola mundial.
São Tomé e Príncipe: Abate ilegal de árvores para produzir carvão põe florestas em perigo
A desflorestação é um problema em crescendo no arquipélago. Centenas de metros quadrados estão a ser ilegalmente desbastados para a produção de carvão. Os autores deste negócio aparentemente rentável continuam impunes.
Foto: DW/J. Rodrigues
Abate indiscriminado de árvores
O abate indiscriminado de árvores está a abrir clareiras na floresta e a atingir centenas de metros quadrados de área protegida. As leis em vigor não estão a ser aplicadas e os prevaricadores, mesmo quando apanhados em flagrante, não são sancionados. Por isso, o abate indiscriminado de árvores tornou-se uma ameaça crescente para as florestas de São Tomé e Príncipe.
Foto: DW/J. Rodrigues
Jovens desempregados
O corte das árvores é feito sobretudo por homens desempregados e sem qualquer ocupação. São na maioria jovens desvaforecidos que cortam os ramos e dividem as árvores em pedaços que são utilizados para produzir carvão. O porte da árvore é indiferente para este negócio.
Foto: DW/J. Rodrigues
Limpeza do "forno"
O processo de produção de carvão passa por várias etapas. A primeira é a descoberta de um local apropriado para a criação do "forno". Se este local já existir, o passo seguinte é a limpeza adequada do mesmo. O local serve de depósito da madeira para dar origem ao carvão.
Foto: DW/J. Rodrigues
Preparação dos troncos
Os troncos são alinhados criteriosamente, para depois serem completamente cobertos de folhas e de barro, antes de se dar início à fogueira que pode durar vários dias. Os pedaços de madeira são escolhidos a dedo para que no forno possam encaixar o maior número de ramos.
Foto: DW/J. Rodrigues
Criação de "chaminés" na terra
Para obter uma boa qualidade de carvão, além da qualidade da madeira, é preciso fazer a abertura de “chaminés” para favorecer a saída do fumo. Em função do tamanho dos troncos e do “forno”, o procedimento dura entre uma e duas semanas e é controlado pelo menos duas vezes por dia.
Foto: DW/J. Rodrigues
Retirada do carvão
Quando o fumo diminui consideravelmente, ou desaparece por completo, significa que o carvão está pronto para ser retirado. Nesta fase, é obrigatório esfriar o local com água. Depois desse processo, o carvão é recolhido e ensacado. De um forno pequeno podem ser extraídos até 15 sacos de carvão. Um grande, com dois metros por dois metros e meio, pode dar origem a 50 ou 60 sacos.
Foto: DW/J. Rodrigues
Carvão chega ao mercado
O carvão é depois ensacado e vendido nos mercados das vilas e cidades. O custo de cada saco pode rondar os 4 ou 5 euros. O carvão é um produto com relativa procura e o seu preço torna este negócio rentável. Afinal, o custo de produção é muito baixo e carece apenas de matéria-prima ilegalmente recolhida das florestas.
Foto: DW/J. Rodrigues
Carvão utilizado na cozinha
O carvão é comprado e utilizado para uso doméstico, sobretudo na confeção de alimentos. É por isso um produto apetecível, porque permite manter as brasas e o calor de um churrasco durante mais tempo.
Foto: DW/J. Rodrigues
Biogás, uma alternativa
Como alternativa ao carvão e à lenha para cozinhar, está a ser experimentada em algumas comunidades o fabrico de biogás a partir de lixo localmente produzido, como restos de vegetais e cascas de frutos, o que pode ser vantajoso para manter a higiene em alguns locais. Por outro lado, este método é mais amigo do ambiente do que o fabrico de carvão.
Foto: DW/J. Rodrigues
Biogás canalizado para as casas
O gás produzido em cisternas próprias é canalizado para as residências e conectado a um fogão. É uma alternativa sustentável e amiga do ambiente, ao contrário do carvão, que depende da desflorestação e que não só põe em causa o ecossistema natural como também agrava os efeitos nefastos sobre o ambiente.