Segundo o governo de Jorge Bom Jesus, o Orçamento foi elaborado com a "colaboração e apoio" do Fundo Monetário Internacional e prevê, pela primeira vez, que mais de 50% do valor total tenha origem em receitas internas.
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O Governo são-tomense entregou, no final da semana, ao parlamento o projeto do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, avaliado em 143 milhões de euros, e as Grandes Opções do Plano, anunciou o ministro do Planeamento e Finanças.
Segundo Osvaldo Vaz, destes quase 143 milhões de euros, o Governo liderado por Jorge Bom Jesus projeta que mais de metade do valor tenha origem em receitas internas - ou seja, 52,4 por cento, o que corresponde a 70,6 milhões de euros, sendo que o restante será proveniente das receitas externas.
"Nós estamos a lutar para que nesse exercício possamos suportar as nossas despesas correntes", disse Osvaldo Vaz, sublinhando que para as despesas de investimento, o país "ainda terá que depender em cerca de 90 por cento do apoio externo".
O governante referiu que este orçamento foi elaborado com a "colaboração e apoio" do Fundo Monetário Internacional (FMI), particularmente no que diz respeito à receita e despesas correntes.
Trata-se do primeiro orçamento do país cuja execução conta com mais 50% de receitas internas.
Apoio do FMI
Osvaldo Vaz justificou que o executivo pretende fazer uma "gestão financeira cautelosa e disciplinar o país financeiramente", tendo sublinhado que essas projeções foram feitas "com sustentabilidade, analisadas e discutidas com o FMI".
"É a primeira vez que o FMI participa diretamente e opina na elaboração do orçamento do país", acrescentou Osvaldo Vaz, que não avança valores sobre a garantia do apoio externo para a execução das despesas de investimento, que diz rondar os 90 por cento.
Osvaldo Vaz não deu indicações da perspetiva do Governo quanto ao crescimento económico, referindo apenas que "até ao final do ano a taxa [de crescimento económico] será superior à do ano passado".
O ministro garantiu que a taxa de inflação poderá manter-se em 5,4%, valor registado em setembro e que o governante considera "muito bom".
Já o défice primário poderá manter-se igualmente em 2,1% e as reservas internacionais estão previstas para três meses e meio.
Osvaldo Vaz adiantou que o Governo está a negociar a nível da concertação social, partidos políticos e órgãos de soberania para se proceder a um reajuste salarial em 2020.
O Orçamento do Estado são-tomense em 2019 foi de cerca de 134 milhões de euros.
Tchiloli: Uma tradição única em São Tomé e Príncipe
O Tchiloli é uma tradição secular em São Tomé e Príncipe. É a encenação de uma história sobre traição e amor, com dança e tambores, perante plateias maravilhadas. Mas teme-se que esta tradição possa desaparecer.
Foto: DW/R. Graça
A história do Tchiloli
Tchiloli é uma encenação histórica, sobre traição e amor. O príncipe D. Carloto assassina o amigo, Valdevinos, durante uma caçada. Tudo por causa de uma mulher, Sibila, casada com Valdevinos. E o Imperador Carlos Magno fica com uma tarefa ingrata em mãos: ter de condenar o próprio filho.
Foto: DW/R. Graça
Sede de justiça
Este é o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos. Foi ele que encontrou o sobrinho a morrer, assassinado pelo príncipe. E prepara-se aqui para pedir que se faça justiça. O que fará o Imperador, o pai do príncipe D. Carloto?
Foto: DW/R. Graça
A corte do Imperador
Aqui está. Carlos Magno na sua corte, sem esquecer os óculos de sol. O Imperador condena o filho à morte pelo assassinato de Valdevinos. O príncipe D. Carloto recorre da sentença. Mas o Imperador não volta atrás na decisão. Para o Marquês de Mântua, tio de Valdevinos, faz-se justiça.
Foto: DW/R. Graça
O "rosto" do Tchiloli
João Taraveira é um dos rostos mais conhecidos das encenações do Tchiloli. Pertence ao grupo "Formiguinha da Boa Morte", um dos mais antigos de São Tomé e Príncipe, formado em 1956. Já percorreu o mundo em atuações. No país, há vários grupos de Tchiloli. Em cada atuação há dezenas de figurantes.
Foto: DW/R. Graça
Tradição única
O Tchiloli é uma tradição única e especial. Segundo alguns investigadores, a peça foi trazida para São Tomé e Príncipe no século XVI por "mestres" do açúcar, vindos da Madeira. Outros defendem que o Tchiloli foi trazido muito mais tarde, no século XIX. Mas o original foi entretanto adaptado. Os tambores e as danças, por exemplo, refletem muito da cultura e tradições de São Tomé e Príncipe.
Foto: DW/R. Graça
Ocasião especial
Quando há Tchiloli, é sempre especial. E Tchiloli na praça Yon Gato, em São Tomé, não acontece todos os dias. Quando acontece, reúne muita gente. Miúdos e graúdos juntam-se nas ruas para assistir ao espetáculo.
Foto: DW/R. Graça
Manter viva a tradição
No ano passado, a Rede Tchiloli começou a organizar um festival para manter viva esta tradição. Os grupos de Tchiloli pedem às autoridades são-tomenses mais apoios financeiros. As indumentárias e os instrumentos usados nas encenações são relativamente caros. E toda a ajuda é pouca. Teme-se que esta tradição possa desaparecer.
Foto: DW/R. Graça
Fim do preconceito
Durante muito tempo, o Tchiloli era tido como algo feito apenas por homens. Mas, pouco a pouco, tem-se desfeito esse preconceito. O Tchiloli da Cachoeira é o único no país em que todos os figurantes são raparigas. Ser figurante é exigente. São precisos muitos meses de preparação.