Trovoada apela a primeiro-ministro que reconheça a derrota
28 de setembro de 2022O presidente da Ação Democrática Independente (ADI), partido mais votado nas legislativas de São Tomé e Príncipe, exortou esta quarta-feira (28.09) o primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, a reconhecer a derrota do MLSTP/PSD "o mais rapidamente possível" para apaziguar o clima social.
"Em qualquer caso, o ADI tem maioria absoluta. Em qualquer caso, o MLSTP perdeu as eleições, e uma maneira de apaziguar também a situação é reconhecer a sua derrota, e eu espero que o senhor Jorge Bom Jesus faça isso o mais rapidamente possível", declarou Patrice Trovoada, cujo partido obteve 36.549 votos nas eleições legislativas de domingo passado.
Para trás ficou o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) do primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, com 25.531 votos.
Patrice Trovoada sublinhou que a comunidade internacional, composta por Estados que "são amigos" de São Tomé e Príncipe, são também "Estados responsáveis e com uma tradição democrática ancorada há várias décadas", e que já se pronunciaram, "felicitando o ADIe reconhecendo a sua vitória".
"Amedrontar as pessoas"
Portugal, Guiné-Bissau e Cabo Verde já felicitaram Patrice Trovoada pela eleição, bem como a Internacional Democrata Centrista, a que pertence o PSD português e "composta pelos partidos que fazem parte do grupo dos partidos populares na União Europeia e que são maioritários no Parlamento Europeu", recordou.
O primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, advertiu esta quarta-feira que "nenhum cidadão ou partido político deve pretender substituir as instituições do Estado" e apelou à calma enquanto as autoridades avaliam "algumas irregularidades" detetadas nas eleições de domingo. Adiantou ainda que "os meios de segurança e ordem interna serão ativados para evitar qualquer tentativa de instalação do caos no país e também para garantir a paz social, a coesão nacional e a proteção das pessoas, bens e instituições públicas".
Patrice Trovoada condenou estas declarações, acusando o chefe do Governo de "tentar amedrontar as pessoas", e afirmou que os polícias e militares são-tomenses "passam pelas mesmas dificuldades que o povo são-tomense".
"Por conseguinte, são cidadãos conscientes, responsáveis e não é uma milícia a favor e às ordens do Governo do MLSTP", comentou.
O líder do ADI considerou que o presidente da Comissão Eleitoral Nacional (CEN), juiz José Carlos Barreiros, "falhou" ao não anunciar o número de mandatos por partido, limitando-se a dar conhecimento do número total de votantes para cada força política, o que foi contestado por apoiantes do partido, que se manifestaram entre segunda e terça-feira junto à sede da comissão eleitoral.
"Agora que estão praticamente concluídos os trabalhos a nível das assembleias de apuramento distrital, em que participam todos os representantes dos partidos concorrentes e presididas por um magistrado, eu espero que o presidente da Comissão Eleitoral Nacional volte à razão e apresente os resultados das assembleias de apuramentos", afirmou.