STP: Suspeitos acusados pelo Governo em prisão preventiva
Lusa | Juvenal Rodrigues (São Tomé)
9 de agosto de 2018
Segundo o Executivo são-tomense, os cinco detidos tentaram raptar o Presidente e o líder do Parlamento e matar o primeiro-ministro. Tratamento dado aos presos "roça a violação dos direitos humanos", dizem advogados.
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Os cinco arguidos são três cidadãos espanhóis e dois são-tomenses detidos no sábado e que, segundo o Governo, "atuavam no país como mercenários" e tinham na sua posse "material bélico, facas de mato, granadas, binóculos e óculos de visão noturna e uniformes estrangeiros com distintivos nacionais".
Fonte judicial disse à agência Lusa que o juiz de instrução criminal, António Bonfim Gentil, decretou a medida de coação mais gravosa para os cinco arguidos por considerar que uma eventual libertação dos mesmos sob termo de identidade e residência "poderia embaraçar a recolha de mais elementos de prova para o processo". A decisão do juiz foi conhecida após 12 horas de audição.
São-tomenses nas ruas contra o Governo
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Os cinco arguidos estão a ser defendidos por quatro advogados que se recusaram a falar sobre a decisão do tribunal, mas que lamentaram o "tratamento [sobre os detidos] que roça a violação dos direitos humanos" por parte dos elementos de segurança.
Os advogados, que não quiseram identificar-se, citaram como um dos exemplos o facto dos detidos estarem desde o período da manha "de mãos algemadas voltadas para as costas" e criticaram também a presença no gabinete do juiz de pelo menos "três seguranças fortemente armados, facto nunca visto", enquanto decorria a audição.
Um dos advogados que estava ao serviço do consulado de Espanha na capital são-tomense lamentou também o facto de, apesar da autorização do juiz, os seguranças não terem permitido que conversasse com os detidos espanhóis, cujas famílias deveriam "ser postas ao corrente da situação em que eles se encontram em São Tomé".
"Controlo total do país"Na quarta-feira (08.08), em comunicado, o Governo são-tomense referiu que "face à gravidade da situação e dos atos perpetrados até então pelos indivíduos envolvidos, o Governo acionou imediatamente os mecanismos internacionais de entreajuda em casos semelhantes com países amigos e a Interpol que responderam prontamente na assistência à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Judiciária". Na mesma nota, o Executivo assegurou ter "o controlo total do país".
Reportagem do correspondente em São Tomé
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Esta é a segunda tentativa de subversão da ordem constitucional em menos de dois meses em São Tomé e Príncipe. A 21 junho, o Governo anunciou que tinha detido o deputado do MLSTP-PSD Gaudêncio Costa, ex-ministro da Agricultura, e Ajax Managem, um sargento da Forças Armadas, por "tentativa de subversão da ordem constitucional".
Os dois suspeitos foram postos em liberdade sob termo de identidade e residência pelo juiz de instrução criminal Francisco Silva, que alegou falta de provas para manter os dois acusados em prisão preventiva.
São Tomé e Príncipe: Abate ilegal de árvores para produzir carvão põe florestas em perigo
A desflorestação é um problema em crescendo no arquipélago. Centenas de metros quadrados estão a ser ilegalmente desbastados para a produção de carvão. Os autores deste negócio aparentemente rentável continuam impunes.
Foto: DW/J. Rodrigues
Abate indiscriminado de árvores
O abate indiscriminado de árvores está a abrir clareiras na floresta e a atingir centenas de metros quadrados de área protegida. As leis em vigor não estão a ser aplicadas e os prevaricadores, mesmo quando apanhados em flagrante, não são sancionados. Por isso, o abate indiscriminado de árvores tornou-se uma ameaça crescente para as florestas de São Tomé e Príncipe.
Foto: DW/J. Rodrigues
Jovens desempregados
O corte das árvores é feito sobretudo por homens desempregados e sem qualquer ocupação. São na maioria jovens desvaforecidos que cortam os ramos e dividem as árvores em pedaços que são utilizados para produzir carvão. O porte da árvore é indiferente para este negócio.
Foto: DW/J. Rodrigues
Limpeza do "forno"
O processo de produção de carvão passa por várias etapas. A primeira é a descoberta de um local apropriado para a criação do "forno". Se este local já existir, o passo seguinte é a limpeza adequada do mesmo. O local serve de depósito da madeira para dar origem ao carvão.
Foto: DW/J. Rodrigues
Preparação dos troncos
Os troncos são alinhados criteriosamente, para depois serem completamente cobertos de folhas e de barro, antes de se dar início à fogueira que pode durar vários dias. Os pedaços de madeira são escolhidos a dedo para que no forno possam encaixar o maior número de ramos.
Foto: DW/J. Rodrigues
Criação de "chaminés" na terra
Para obter uma boa qualidade de carvão, além da qualidade da madeira, é preciso fazer a abertura de “chaminés” para favorecer a saída do fumo. Em função do tamanho dos troncos e do “forno”, o procedimento dura entre uma e duas semanas e é controlado pelo menos duas vezes por dia.
Foto: DW/J. Rodrigues
Retirada do carvão
Quando o fumo diminui consideravelmente, ou desaparece por completo, significa que o carvão está pronto para ser retirado. Nesta fase, é obrigatório esfriar o local com água. Depois desse processo, o carvão é recolhido e ensacado. De um forno pequeno podem ser extraídos até 15 sacos de carvão. Um grande, com dois metros por dois metros e meio, pode dar origem a 50 ou 60 sacos.
Foto: DW/J. Rodrigues
Carvão chega ao mercado
O carvão é depois ensacado e vendido nos mercados das vilas e cidades. O custo de cada saco pode rondar os 4 ou 5 euros. O carvão é um produto com relativa procura e o seu preço torna este negócio rentável. Afinal, o custo de produção é muito baixo e carece apenas de matéria-prima ilegalmente recolhida das florestas.
Foto: DW/J. Rodrigues
Carvão utilizado na cozinha
O carvão é comprado e utilizado para uso doméstico, sobretudo na confeção de alimentos. É por isso um produto apetecível, porque permite manter as brasas e o calor de um churrasco durante mais tempo.
Foto: DW/J. Rodrigues
Biogás, uma alternativa
Como alternativa ao carvão e à lenha para cozinhar, está a ser experimentada em algumas comunidades o fabrico de biogás a partir de lixo localmente produzido, como restos de vegetais e cascas de frutos, o que pode ser vantajoso para manter a higiene em alguns locais. Por outro lado, este método é mais amigo do ambiente do que o fabrico de carvão.
Foto: DW/J. Rodrigues
Biogás canalizado para as casas
O gás produzido em cisternas próprias é canalizado para as residências e conectado a um fogão. É uma alternativa sustentável e amiga do ambiente, ao contrário do carvão, que depende da desflorestação e que não só põe em causa o ecossistema natural como também agrava os efeitos nefastos sobre o ambiente.