Protestos: Saúde acusada de não proteger doentes crónicos
28 de novembro de 2024O facto resgistou-se durante três fases das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. As vítimas eram diabéticos, hipertensos, doentes com insuficiência renal e asmáticos.
O Observatório do Cidadão para a Saúde critica o ministro da Saúde, Armindo Tiago, por não ter protegido os doentes crónicos durante as manifestações que decorrem no país desde 21 de outubro.
A organização entende que o ministro não está a dar a cara para disseminar mensagem de sensibilização aos manifestantes para protegerem a saúde dos doentes crónicos.
Segundo o diretor executivo daquela agremiação, António Mathe, o Ministério da Saúde também devia adoptar medidas extraordinárias.
"Seria a provisão de médicos e enfermeiros no contexto das manifestações. Deviam ser alocados médicos e enfermeiros para poderem fazer face a várias situações que iam acontecendo no terreno. Nós tivemos muitas mortes que podiam ter sido evitadas", lamenta.
Iniciativas individuais
A organização diz ainda que os médicos e outros profissionais de saúde tiveram a iniciativa de colocar nas suas viaturas um panfleto que os identificava para escapar das vandalizações dos manifestantes.
António Mate diz que se esta iniciativa fosse do Governo seria mais abrangente e os profissionais de saúde podiam trabalhar mesmo no meio dos manifestantes: "Garantir que os manifestantes ficassem sensibilizados em relação ao serviço nobre que os profissionais de saúde exercem."
"Obviamente que uma ideia mais estruturada, saída de um órgão de topo a tomar uma comunicação pública teria um cariz mais abrangente e seria uma mensagem oficial por parte de quem tutela o Ministério da Saúde", considera.
As consequências dos protestos
Durante as três fases das manifestações, alguns cidadãos, não só doentes crónicos mas também acompanhantes foram afetados. Aliás, nesta quarta-feira (27.11), Venâncio Mondlane sugeriu aos automobilistas que deixassem as suas viaturas nas rodovias e que fossem a pé para o trabalho e houve consequências nas unidades hospitalares.
Um cidadão contou à DW: "Acabo de sair de casa e vou ao hospital a pé visitar o meu filho."
Já outro lamentou: "Ninguém tem uma informação certa, só dizem para esperar."
"Mandaram-nos esperar e não sabemos se teremos atendimento ou não", diz outro cidadão.
Em três fases das manifestações, o Observatório fala em 30 mortes de doentes como diabéticos, hipertensos, asmáticos e com problemas renais: "No grupo das pessoas que perderam a vida estão algumas que foram afetadas diretamente com o lançamento do gás lacrimogéneo, como doentes asmáticos e diabéticos... que por causa da sua condição de saúde não aguentaram com o gás."
E Mate sublinha "que estas pessoas nem estavam diretamente nas manifestações foram situações em que o gás foi lançado para as suas casas."
O candidato Venâncio Mondlane reforçou as manifestações nesta nova etapa que se vai estender até sexta-feira (29.11).