Saúde de Moçambique poderá sofrer sem dinheiro para pesquisas na área
20 de setembro de 2012 Segundo a DW África apurou, apesar de um assinalável crescimento no ramo da pesquisa, Moçambique continua a ser um dos mais fracos em África em termos de investimento em recursos humanos e investigações científicas.
Em 2010, por exemplo, a despesa bruta de investigação em saúde era de pouco mais de 1,6 mil milhões de euros contra os 500 mil registados em 2008. Porém, o dinheiro gasto em 2010 é considerado muito pouco para o setor, segundo especialistas.
Investimento estratégico
Perante este quadro a Organização Mundial de Saúde (OMS) apela aos parceiros de Moçambique a desembolsar fundos pois a situação pode tornar-se dramática: "Em termos de financiamentos, estamos informados que o Instituto Nacional de Saúde (INS) enfrenta dificuldades sérias que poderão comprometer os seus planos de expansão. Fazemos um apelo para o aumento do financiamento doméstico e internacional", pediu diz Luis Sambo, da OMS em Moçambique.
Para ultrapassar este cenário, a OMS reiterou apoio aos esforços do governo para a melhoria da saúde em Moçambique.
O Instituto Nacional de Saúde e a rede nacional de centros de investigação testemunham a determinação do país na criação de um sistema nacional de investigação. "Comparado com o mundo desenvolvido e mesmo com alguns países africanos, ainda temos imenso trabalho para ser feito", constata Ilesh Jani, diretor do INS. "Portanto, nos próximos anos, há que fazer um investimento estratégico na área de investigação e saúde para pelo menos possamos chegar ao nível daquilo que os países africanos fazem", ambiciona.
Mais saudável
A resposta para o HIV, o combate à malária, à tuberculose e a redução da mortalidade infantil revela-se ainda insuficiente para conter as mortes decorrentes destas doenças.
O ministro da Saúde, Alexandre Manguele, diz que para o sucesso nesta matéria o governo e parceiros de cooperação devem honrar os compromissos assumidos nas várias declarações de apoio à investigação. "O investimento na investigação em saúde irá resultar em formas mais custo-eficiência para atingir ganhos significativos nos indicadores de saúde, para que tenhamos um povo mais saudável", afirma.
O director científico do INS, Francisco Mbofana, disse à Televisão Pública de Moçambique que os financiamentos devem se destinar exatamente para as áreas prioritárias na investigação em Moçambique.
Mas, nem sempre as agendas de pesquisa correspondem às necessidades do país nesta área: "Nós temos, por exemplo, dentro do país, várias organizações que fazem pesquisa. A questão é: será que essas pesquisas que essas organizações fazem são relevantes para o país? Às vezes não", explica Mbofana. "Por isso, defendemos uma agenda de pesquisa para o país que não vai enumerar todas as prioridades, mas que vai dar uma linha de orientação sobre onde temos que concentrar os poucos recursos que temos", diz.
A exemplo de iniciativas de sucesso em Moçambique, o Instituto de Investigação em Saúde na Manhiça é uma das instituições que possui financiamentos privados e está na linha da frente para encontrar uma vacina para a prevenção da malária.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)/RK
Edição: António Rocha