Saúde em Angola no foco da cooperação económica alemã
22 de outubro de 2014 Na capital federal, Berlim, uma delegação do Governo de Angola esteve reunida esta quarta-feira (22.10) com empresários alemães para falar sobre as possibilidades de negócios naquele país lusófono, o terceiro país mais importante da África Subsaariana no comércio bilateral com a Alemanha.
O Dia da Economia Angola, organizado pela Associação para África da Indústria Alemã (Afrikaverein, em alemão), teve por objetivo oferecer às empresas alemãs uma visão sobre os potenciais e chances de entrada no mercado angolano.
Ricardo Gerigk é delegado da Economia alemã em Angola. Em entrevista à DW África, fala-nos do encontro que contou com a presença do ministro angolano da Saúde, José Van-Dúnem.
DW África: Qual foi o obetivo do encontro?
Ricardo Gerigk (RG): Possibilitar um "network" e permitir aos representantes do governo angolano apresentarem as possibilidades de fazer negócios ou investimentos em Angola. Da parte alemã, basicamente são sempre as empresas que estão interessadas, ou que já têm negócios ou com perspetivas de fazer negócios com Angola.
DW África: No encontro estiveram em foco temas como a saúde, energia, tecnologia, transportes, infraestruturas e logística. Entre esses assuntos, algum deles teve um destaque especial?
RG: Sempre colocamos alguns temas como sendo os mais importantes e, desta vez, foi a questão da saúde. Tivemos muitas empresas alemãs que atuam na área da saúde, seja para o fornecimento de equipamentos, seja da transferencia do "know-how", mas logicamente outros temas como os transportes e o sector da industrialização também foram abordados. A presença no encontro do ministro angolano da Saúde foi muito importante.
DW África: Como disse a saúde acabou por ganhar um pouco mais de destaque e esse foco esteve em projetos médicos e distribuição farmaceutica. Porquê esses dois aspetos específicos e o que é que marcou o painel dedicado à saúde?
RG: A saúde em África está muito debilitada e temos o grande problema dos produtos "no name" [ que não são de marca], que acabam por ser vendidos e comercializados no mercado informal. O que se deseja em Angola é que esses produtos sejam controlados e tenham qualidade. O grande obstáculo atualmente é que esses produtos importandos em Angola são em média 800% mais caros do que a média dos medicamentos em toda a região da SADC [Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral].
DW África: Sobre os outros temas como os transportes, as infraestruturas, a logística e cidades inteligentes. Foram detetadas algumas oportunidades?
RG: No plano nacional foram colocados quais são os programas previstos pelo ministério dos Tramnsportes até 2025 e que serviram de material de informação para as empresas presentes no encontro.
DW África: Houve um despertar de interesse do lado alemão para os investimentos?
RG: Não temos dados para avaliar. Isso é sempre uma decisão muito própria a cada empresa. A única coisa que podemos dizer é: visitem esses países - independentemente dos países que escolher - para poder avaliar melhor e sentir de perto quais são as necessidades, conversar com as pessoas, manter encontros bilaterais e ver quais são as possibilidades para fazer negócio.
DW África: Qual seria a caraterística de Angola que faz com que o país seja interessante para o investimento alemão?
RG: A estabilidade política do país porque Angola saiu de um periodo de 27 anos de guerra e praticamente toda a infraestrutura foi destruída. Então tem que ser reconstruída.
DW África: Que balanço faz do encontro?
RG: Fica difícil fazer uma avaliação. Temos uma sensibilidade para ver que as pessoas com quem conversamos estavam todas satisfeitas e logicamente puderam tirar algumas dúvidas em relação a determinados pontos cujas respostas não encontram nas informações na internet.