Entre os resultados do encontro de dois dias da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) está a criação de uma comissão para a implementação de um Parlamento Regional.
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Os chefes de Estado e de Governo da SADC criaram no sábado (18.08), em Windhoek, na Namíbia, uma comissão técnica mista para dar seguimento ao processo de transformação do Fórum Parlamentar do órgão em Parlamento Regional até janeiro de 2019. A decisão foi tomada durante o último dia de trabalhos da 38.ª cimeira da organização e resultou de uma proposta apresentada por Angola no encontro.
A comissão é integrada pelos técnicos do secretariado da SADC e do Fórum Parlamentar, e tem a responsabilidade de tratar e enviar aos Estados-membros a proposta de transformação do Fórum em Parlamento Regional, para que possam emitir os respetivos pareceres até janeiro de 2019.
Segundo o presidente do parlamento angolano e do Fórum Parlamentar da SADC, Fernando da Piedade Dias dos Santos, que submeteu a proposta à cimeira, o assunto esteve na agenda do encontro, embora não tenha sido ainda aprovado. Entretanto, de acordo com Fernando da Piedade dos Santos, "os resultados foram positivos".
Fórum Parlamentar
O Fórum Parlamentar da SADC foi criado em 1997 na 17.ª Cimeira da SADC, que decorreu no Malaui, e funciona como instituição autónoma da organização, sendo composto por 15 parlamentos da região, que passarão a 16 depois da adesão das Comores.
De acordo com o presidente do Parlamento da Namíbia, Peter Katjavivi, a intenção desta transformação visa aproximar ainda mais os povos africanos para o fortalecimento da democracia.
"Vamos continuar a trabalhar de forma mais detalhada as questões que os Estados-membros" acham que necessitam de alguma clarificação. "Mas concordamos com a proposta apresentada", referiu Katjavivi.
Se a comissão opinar favoravelmente a transformação do Fórum em Parlamento, a sede da organização ficará em Windhoek.
Industrialização
Os chefes de Estado e de Governo SADC também manifestaram-se "satisfeitos" com o progresso da implementação da estratégia e roteiro para a industrialização do órgão para o período 2015-2063.
Segundo o comunicado final da 38.ª Cimeira da SADC, iniciada na última sexta-feira (17.08), e que terminou no sábado, os 16 Estados-membros da organização regional desejaram a continuidade do empenho na implementação da agenda para a industrialização como principal prioridade para a região.
Na cimeira, em que foi aprovada a adesão das Comores, que se tornou o 16.º Estado-membro da organização, estiveram presentes os presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e de Angola, João Lourenço, que, após um ano de mandato, passou a presidência rotativa do Órgão de Cooperação Política, Paz e Segurança ao seu homólogo da Zâmbia, Edgar Lungu.
Paralelamente, a cúpula da SADC ficou igualmente marcada pela passagem da presidência da organização para o chefe de Estado da Namíbia, cargo até então desempenhado pelo homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa.
Com 35 pontos, o comunicado final refere que na cimeira foi avaliado o desempenho económico regional e exorta os países integrantes do bloco regional a redobrarem esforços para diversificar as economias e melhorar os mecanismos de arrecadação de receitas internas e a gestão da despesa pública.
Também na cimeira, foi aprovado o dia 23 de março como o Dia da Libertação da África Austral, data proposta por Angola.
Joanesburgo, entre a decadência e a revitalização
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida.
Foto: DW/T. Hasel
Entre a decadência e a ressurreição
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida. Fundada em 1886 após a descoberta de enormes jazidas de ouro, Joanesburgo já teve várias fases de boom e momentos de profunda depressão. Isso mostram os vários edifícios construídos em diferentes estilos arquitetónicos.
Foto: DW/T. Hasel
Vida nova nas ruínas industriais
A última e maior das três centrais termoelétricas de Joanesburgo, no coração da cidade, gerou eletricidade para a metrópole entre 1934 e 1942. Depois, o prédio industrial decaiu, até que foi restaurado há dez anos. Desde 2007, a construção abriga a sede da mineradora Anglo Gold Ashanti, a terceira maior produtora de ouro do mundo.
Foto: DW/T. Hasel
Destruídos e abandonados
A fachada neobarroca do hotel Cosmopolitan, construído entre 1899 e 1902, reflete o otimismo que surgiu em Joanesburgo na época da corrida do ouro. A casa em estilo vitoriano, que antigamente abrigava um pub, foi popular entre os operadores de minas por muito tempo. Durante décadas entregue à deterioração, há planos de restaurar a casa e voltar a usá-la.
Foto: DW/T. Hasel
Mercado no centro da cidade
Após o fim do apartheid, muitos bancos e empresas sul-africanos deixaram o centro de Joanesburgo e se estabeleceram no norte da cidade. Muitos sul-africanos negros das favelas e townships (áreas urbanas que foram guetos durante o apartheid), mudaram-se para o centro. Atualmente, eles revitalizaram o centro com uma abundância de pequenas lojas.
Foto: DW/T. Hasel
Brilho fresco
Nas casas de Fietas, subúrbio de Joanesburgo, as lojas e oficinas ficam no piso térreo e os apartamentos, no primeiro andar. Nos anos 60 e 70, o regime do apartheid desalojou quase todos os moradores do bairro, para abrir espaço para os brancos. Uma grande parte das casas foi destruída. O Museu Fietas é um dos poucos edifícios que sobreviveram no estilo original.
Foto: DW/T. Hasel
Uma casa alemã
Em 1935, o arquiteto alemão Wilhelm Pabst fugiu dos nazistas da Alemanha e emigrou para Joanesburgo. Na bagagem, tinha trazido um estilo expressionista, que usou quando ergueu, em 1948, a Chinese United Club Mansion (foto), na época em Chinatown, no centro da cidade.
Foto: DW/T. Hasel
Pistolas diante da tela
O cinema Avalon, no distrito Fordburg, é uma relíquia de uma época em que Joanesburgo ainda era cheia de pequenas salas de cinema. Com a saída de muitos sul-africanos brancos do centro da cidade no início dos anos 90, muitos cinemas fecharam, foram demolidos ou dedicados a novos usos. O Avalon é atualmente uma loja de armas.
Foto: DW/T. Hasel
De endereço chique a casa dos horrores
Dificilmente um edifício simboliza tanto a ascensão, queda e possível renascimento de Joanesburgo como o Ponte City, no distrito de Hillbrow. Inaugurado em 1975, o edifício alto e redondo figurava entre os melhores endereços da cidade. Após o fim do apartheid, em 1994, a construção degenerou e passou a ser considerada extremamente insegura. Atualmente, o prédio é muito popular entre os estudantes.
Foto: DW/T. Hasel
Seguindo os passos de Nelson Mandela
À primeira vista insignificante, o prédio da Chancellor House é historicamente importante. Em 1952, Nelson Mandela e Oliver Tambo abriram aqui o primeiro escritório de advocacia liderado por negros na África do Sul. Na década de 1990, os últimos inquilinos se mudaram daqui. A casa foi ocupada ilegalmente e foi se deteriorando até pegar fogo. Atualmente, o edifício renovado abriga um museu.
Foto: DW/T. Hasel
À espera de novos moradores
Uma visão típica do centro de Joanesburgo: prédios da época do boom da cidade no início do século XX, que no fim do apartheid foram abandonados e negligenciados. Só recentemente as casas antigas têm sido compradas por investidores e parcialmente recompostas.
Foto: DW/T. Hasel
Vestígios do passado
"Lies Beeld", lê-se nesta placa enferrujada de propaganda no centro de Joanesburgo. Publicado na língua africâner (afrikaans), o jornal sensacionalista Beeld foi e é um dos mais lidos na África do Sul. A primeira edição chegou ao mercado em 1974. A publicação é lida, principalmente, por sul-africanos brancos.
Foto: DW/T. Hasel
Testemunhas do terror
Edifício transparente com um passado cruel: durante o apartheid muitos presos políticos foram interrogados, abusados e torturados no 10º andar do prédio da polícia no centro de Joanesburgo. Oito deles morreram, entre os quais o ativista Steve Biko. Um deles foi lançado do 10º andar por seus algozes.