SADC convoca reunião sobre ataques armados em Moçambique
kg | com agências
3 de abril de 2021
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral quer discutir na próxima semana "medidas de intervenção" regional. Pelo menos 50 sul-africanos que desapareceram devido aos ataques foram localizados.
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O Presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, convocou uma reunião da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para a próxima semana a fim de discutir "medidas de intervenção" regional para a resolução do conflito armado em Moçambique.
"O Presidente Masisi realizará esta reunião na próxima semana na sua qualidade de presidente do órgão da SADC sobre política, defesa e segurança", referiu o porta-voz do Ministério da Defesa da África do Sul, Siphiwe Dlamini.
"A África do Sul será guiada pelos resultados desta reunião sobre como pode ajudar a estabilizar a situação em Moçambique", acrescentou.
Dlamini disse que o Governo de Pretória reiterou o seu apoio às iniciativas regionais da SADC e da União Africana que procuram alcançar a paz e estabilidade no continente, incluindo na África Austral.
Desaparecidos
O Exército da África do Sul localizou pelo menos 50 sul-africanos que se encontravam desaparecidos devido aos atentados terroristas no norte de Moçambique.
"O Governo pode confirmar que, com exceção de uma pessoa que morreu tragicamente na violência, mais de 50 sul-africanos que foram dados como desaparecidos, através do Alto Comissariado da África do Sul, em Maputo, foram localizados", disse o porta-voz das autoridades militares sul-africanas.
A Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) está a assistir o Alto Comissariado de Pretória em Moçambique no repatriamento de nacionais sul-africanos para a África do Sul.
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Apoio sul-africano no norte de Moçambique
Na sexta-feira (02/04), o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que militares sul-africanos estão a garantir em Cabo Delgado a segurança dos seus cidadãos afetados pelos atentados terroristas no norte de Moçambique.
A Força Aérea da África do Sul retirou na terça-feira (30/03) seis cidadãos sul-africanos de Moçambique afetados pelos recentes atentados terroristas no norte do país vizinho, anunciou o Governo de Pretória.
A operação de evacuação para a África do Sul, realizada pela Força Aérea Sul-Africana (SAAF, na sigla em inglês), envolveu também o repatriamento dos restos mortais de um homem sul-africano de 40 anos, que morreu nos atentados terroristas na sexta-feira, na vila de Palma, norte da província moçambicana de Cabo Delgado, disse o Ministério das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano.
Quase 10 mil deslocados
Segundo dados da Organização Internacional das Migrações (OIM), 9.900 pessoas chegaram de Palma aos distritos de Nangade, Mueda, Montepuez e Pemba desde 24 de março.
A informação foi avançada pelo porta-voz em Moçambique do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Saviano Abreu afirmou que o número de pessoas deslocadas após os ataques tem vindo a "aumentar consideravelmente nos últimos dias".
A petrolífera Total retirou esta sexta-feira (02/04) o resto do pessoal que mantinha no projeto de gás no norte de Moçambique, na sequência do ataque a Palma. A retirada completa inclui empresas subcontratadas que se mantinham na área do maior investimento privado em curso em África e cujos trabalhadores saíram por via marítima e aérea.
No entanto, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, minimizou o recente atentado terrorista contra Palma, a cerca de 25 quilómetros dos projetos de gás no norte do país, afirmando que "não foi o maior do que tantos outros" protagonizados pelos grupos armados que atuam em Cabo Delgado, assegurando que segue "segundo a segundo" as operações no terreno.
O movimento terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou na segunda-feira, 29 de março, os atentados à vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia, através da agência oficial do movimento, a Amaq, divulgando imagens.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.