Moçambique saberá ultrapassar a curto prazo os problemas das "dívidas ocultas" e dos ataques terroristas no norte do país, afirma Samora Machel Júnior em entrevista à DW. E apela à diversificação da economia.
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"O povo moçambicano é um povo batalhador, cheio de força e que quer vencer." É com esta convicção que Samora Machel Júnior reage à crise provocada pelo encobrimento de dívidas contraídas pelo Governo sem o aval do Parlamento e aos ataques atribuídos a grupos extremistas islâmicos, que ameaçam a estabilidade no norte de Moçambique.
"Acredito que, nos próximos tempos, conseguiremos resolver esses problemas e olhar com muita esperança para o nosso futuro", diz numa entrevista exclusiva à DW África.
Samora Machel Júnior: "Conseguiremos resolver os problemas"
Também em nome da paz e da estabilidade, o filho de Samora Machel, primeiro Presidente da República de Moçambique, realça o empenho de Filipe Nyusi no âmbito das negociações com a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição.
"Temos visto um grande esforço do nosso Presidente, Filipe Jacinto Nyusi, em querer trazer a paz efetiva. Ele tem dado muitos passos nesse sentido e o povo está a apoiá-lo, porque é necessário termos paz, é preciso que o país tenha estabilidade, para que possamos crescer. Sem estabilidade, sem paz, não podemos fazer o que nós sonhamos, que é trabalhar pelo país e desenvolver o país."
É preciso diversificar
No entanto, o militante da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), membro do Comité Central, é crítico em relação à exploração dos recursos naturais. "Samito" considera que tais recursos não podem ser vistos unicamente como "bênção".
"Não sei se nós devemos olhar simplesmente para esses recursos, o gás e o petróleo, como a solução dos nossos problemas económicos e sociais", afirma.
É que o país tem muitas outras potencialidades a desenvolver, que podem ajudar a diversificar a economia: "Porque nós precisamos de comer, nós temos terra arável. Nós precisamos de indústrias. Essas indústrias não podem estar dependentes só do gás e petróleo. Eu acredito que nós temos que ser capazes de diversificar as áreas de intervenção no país."
Samora Machel Júnior diz que os moçambicanos estão cientes de que ainda há muito trabalho pela frente para transformar e desenvolver Moçambique.
Praças de Maputo: Entre o requinte e a degradação
Em Maputo, são várias as praças que homenageiam episódios e figuras marcantes da história de Moçambique. Entre os exemplos estão a Praça da Independência e a Praça dos Combatentes. Mas nem todas estão em boas condições.
Foto: DW/R. da Silva
Praça da Independência
A praça da Independência é uma das mais bem tratadas da cidade. Acolhe, frequentemente, espectáculos musicais. Entretanto, muitas praças da capital moçambicana são utilizadas pelos munícipes como local de passagem para encurtar distâncias, o que acaba por as degradar. Também sapateiros e lavadores de carros utilizam estas praças para exercer os seus ofícios, ofuscando a beleza destes lugares.
Foto: DW/R. da Silva
Praça dos Combatentes
Foi construída em homenagem aos antigos combatentes da luta pela independência. Localiza-se num dos maiores mercados informais da capital, vulgo Xikheleni (que significa cova). A Praça dos Combatentes já foi requalificada por duas vezes, estando atualmente de novo em obras. No local está a ser erguido um mural com o nome de todos os combatentes.
Foto: DW/R. da Silva
Praça dos Heróis Moçambicanos
Localizada na zona do Aeroporto de Maputo, esta é a praça onde jazem os restos mortais dos heróis moçambicanos, também combatentes da luta pela independência, nomeadamente, Eduardo Mondlane, Samora Machel e Filipe Samuel Magaia. É um local onde todas as datas históricas são motivo para a deposição de uma coroa de flores.
Foto: DW/R. da Silva
Praça Filipe Samuel Magaia
Nesta praça foi erguida a estátua de Filipe Samuel Magaia, o pensador da luta pela independência, que morreu em plena guerra, em outubro de 1966, em circunstâncias ainda não esclarecidas. A praça foi inaugurada em 2017, mas, dada a sua localização, no terminal rodoviário interprovincial, corre o risco de ser tomada pelos ambulantes, o que pode comprometer a sua beleza e infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Praça da OMM
Foi designada Praça da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), com o objetivo de reconhecer os feitos da mulher no país. Na imagem, ao fundo, pode ver-se a estátua de uma mulher com uma criança ao colo. É uma das praças com mais requinte da cidade.
Foto: DW/R. da Silva
Praça do Destacamento Feminino
O nome desta praça pretende homenagear o papel da mulher na luta armada. O Destacamento Feminino foi uma unidade que surgiu no segundo congresso da FRELIMO, realizado em Matchedje, no Niassa, em 1968. Devido à sua localização, próximo à residência onde viveu Afonso Dlhakama, esta praça é vulgarmente conhecida como Maríngué. A praça localiza-se também perto da Presidência da República.
Foto: DW/R. da Silva
Praça Robert Mugabe
Líder zimbabueano durante 37 anos, amigo da FRELIMO e de Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente, Robert Mugabe é uma das personalidades homenageadas nas ruas da capital moçambicana. Esta praça localiza-se na marginal, junto à antiga Facim (Feira Internacional de Moçambique). Longe das atenções dos vendedores ambulantes, o local tem-se mantido preservado.
Foto: DW/R. da Silva
Praça 25 de Junho
É uma das mais espaçosas praças da capital, mas também das que mais sofre com a pressão dos vendedores ambulantes. Pretende lembrar o dia da Independência de Moçambique, proclamada em 1975. Localizada perto da baía de Maputo, esta é a praça de eleição de muitos moçambicanos que procuram descansar, por causa do ar fresco que se faz sentir.
Foto: DW/R. da Silva
Praça 16 de Junho
A Praça 16 de Junho é uma das mais antigas da capital, no entanto, encontra-se abandonada. Localizada na parte ocidental de Maputo, junto ao mercado Nwankakana, de onde parte a ponte Maputo-Katembe, esta praça é conhecida por causa do número elevado de acidentes rodoviários, especialmentem em dias de chuva. Espera-se que a nova ponte Maputo-Katembe traga vida à praça.
Foto: DW/R. da Silva
Praça dos Trabalhadores
Dispensa qualquer apresentação. É uma das referências da capital, muito turística, por causa da sua estátua: uma mulher com uma cobra na mão. O monumento foi erguido em homenagem às vítimas e combatentes da Primeira Guerra Mundial. Esta é também uma das praças tomadas pelos lavadores de carros.
Foto: DW/R. da Silva
Praça 21 de Outubro
A Praça 21 de Outubro limita três bairros históricos: Mafalala, Alto-Maé e Minkadjuine. Apesar dos esforços do munícipio para manter a sua beleza, esta praça foi também tomada de assalto, desta vez pelos "sem-abrigo" que dormem no local, deixando vestígios. O nome, 21 de Outubro, lembra o dia em que, em 1974, se iniciaram os distúrbios na capital e subúrbios da então cidade de Lourenço Marques.