Sanções dos EUA contra Irão não agradam a empresários
Dan Hirschfeld | Nadine Schmidt | Reuters | AP | Lusa | tms
6 de novembro de 2018
As novas sanções económicas impostas pelos Estados Unidos da América contra o Irão podem afetar ainda mais as relações comerciais entre o país do Médio Oriente e a Europa.
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As novas medidas restritivas no setor do petróleo e divisas, criticadas duramente pelos países europeus e também pela China e Rússia, entraram em vigor esta segunda-feira (05.11). E muitas empresas europeias temem uma queda nos negócios.
Empresas alemãs que abriram recentemente escritórios no Irão já estão a sair do país, porque a administração do Presidente norte-americano Donald Trump ameaça penalizá-las.
O Irão ficou isolado do sistema financeiro internacional, comenta Amir Sotoudeh, representante de uma empresa alemã de máquinas de empacotamento na região. "Muitos clientes têm dificuldades em pagar-nos", critica Sotoudeh.
Negócios mais difíceis
Com as sanções, uma simples transferência bancária do Irão para a Alemanha ou na direção oposta passa a ser um problema. Poucos bancos europeus estão dispostos a fazer as transações, porque as principais instituições financeiras têm negócios nos EUA e temem represálias.
Markus Becker-Melching, da Associação Federal dos Bancos Alemães, diz que as sanções norte-americanas não são os únicos obstáculos que os investidores enfrentam. "Em princípio, podemos fazer negócios no Irão, mas temos que ter a certeza de que o país está em conformidade com as leis de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. Isso é muito difícil, porque o Irão tem relativamente pouca transparência no seu setor comercial. E há muita interferência estatal no setor."
Sanções dos EUA contra Irão não agradam a empresários
Sendo assim, os bancos preferem não entrar em negócios no país. O banco alemão Commerzbank foi obrigado a pagar multas milionárias por violar os regulamentos dos EUA. O risco é simplesmente alto demais quando comparado com as oportunidades de gerar lucros no Irão, e o mercado norte-americano é muito mais atrativo e importante.
Custos para o Irão
As sanções da administração de Donald Trump já custaram ao Irão centenas de milhões de dólares em receitas de crude desde maio, segundo as autoridades iranianas. Contudo, alguns países continuam a comprar petróleo ao país, alegando que a suspensão total das relações comerciais é inviável devido à necessidade de conseguir petróleo.
As medidas do Governo norte-americano fazem parte de um esforço mais amplo do Presidente Donald Trump para conter os programas nucleares e de mísseis de Teerão e diminuir a influência da República Islâmica no Médio Oriente. Mas os aliados dos EUA na Europa, que apoiaram o acordo de 2015 em que o Irão concordou travar o seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções, opõem-se à decisão de Trump.
Cronologia da Guerra na Síria
Começou com protestos pacíficos em 2011, mas tornou-se numa guerra civil que já matou 350 000 pessoas e fez milhões de refugiados. Um conflito complexo com vários atores e repercussões à escala internacional.
Foto: Getty Images/AFP/G. Ourfalian
2011: O início e uma Primavera que não foi
A “Primavera Árabe” estende-se à Síria e começam a emergir protestos contra a família Assad, que lidera o país há mais de quarenta anos. O movimento contra o Governo ganhou amplitude na cidade de Deraa, no sul, alargando-se a todo o país. Ao contrário de outros países, onde as manifestações resultaram em mudanças quase imediatas, na Síria marcavam o início de um conflito sem fim à vista.
Foto: picture-alliance/dpa
2012: Escalada de violência e formação da oposição
A violenta repressão por parte de milícias do Governo de al-Assad contra manifestantes desarmados fez escalar a onda de violência. Grupos da oposição, representativos das diferentes ideologias e fações religiosas, começam a organizar-se a partir de 2011, como o Conselho Nacional Sírio, o Comité de Coordenação Nacional, o Exército Livre da Síria (foto) e o Conselho Nacional Curdo.
Foto: AP
2013: Desmantelamento de arsenal químico
Um ataque químico em dois setores rebeldes perto de Damasco, atribuído ao regime de al-Assad, faz mais de 1400 mortos, de acordo com os Estados Unidos. O regime sírio desmente. O então Presidente dos EUA, Barack Obama, estabelece com a Rússia um acordo de desmantelamento de armas químicas da Síria. Em outubro, Damasco inicia a destruição do seu arsenal declarado de armas químicas.
Foto: picture-alliance/AP Photo
2014: A ameaça do "Estado Islâmico"
Apoiada por Washington, uma coligação de mais de 60 países realiza ataques aéreos contra as posições do autointitulado “Estado Islâmico” (EI) na Síria. Cerca de 2000 militares norte-americanos são colocados no norte da Síria, para combater o EI e treinar as forças locais. Em junho, o EI proclama "um califado", e torna a cidade síria de Raqa na sua capital.
Foto: picture-alliance/AP Photo
2015: Rússia entra abertamente no conflito
Em setembro, a Rússia, que desde o início fornecera ajuda militar ao Governo sírio, entra ativa e abertamente no conflito. Inicia uma campanha de bombardeamentos aéreos em apoio às forças de Bashar al-Assad, que leva o Governo sírio a recuperar território perdido para os rebeldes.
Foto: Reuters/Rurtr
2016: Governo controla Aleppo
Em setembro, num único fim de semana, a cidade de Aleppo é alvo de 200 ataques aéreos pelas forças pró-Assad. Em dezembro, após quatro anos de controlo desta cidade, a segunda maior da Síria, as milícias rebeldes acabam por perder Aleppo para as forças governamentais.
Foto: Getty Images/AFP/G. Ourfalian
2017: Ataque químico em Idleb
Um ataque de gás sarin mata mais de 80 civis em Khan Cheikhoun, localidade da província de Idleb, controlada pelos rebeldes e por 'jihadistas'. O regime de Bashar al-Assad é, uma vez mais, acusado de uso de armas químicas. O Presidente dos EUA, Donald Trump, ordena ataques à base aérea Síria de Al-Chaayrate, no centro do país.
Foto: picture alliance/AA/A.Dagul
2017 : Retoma de Raqa
Em outubro, depois de meses de luta, as forças democráticas sírias, dominadas por curdos e apoiadas pela coligação internacional, tomam o controlo de Raqa. A cidade esteve três anos sob o domínio do autointitulado “Estado Islâmico”.
Foto: DW/F. Warwick
2018: Turquia invade Síria e controla Afrin
Em janeiro, a Turquia, que mantinha um dispositivo militar no norte da Síria, lança uma grande ofensiva contra a milícia curda, as Unidades de Proteção do Povo (YPG), em Afrine. Em março, a Turquia acaba por tomar controlo desta cidade. As milícia curda YPG é considerada um grupo terrorista pelo Governo turco, pois é o braço sírio da organização curda da Turquia, o PKK.
Foto: picture alliance/AA/E. Sansar
2018: Forças pró-Assad bombardeiam e retomam Ghouta Oriental
O regime sírio lança uma ofensiva aérea e terrestre, de intensidade inédita, sobre o enclave rebelde de Ghouta Oriental, perto de Damasco. A ação resulta em mais de 1700 mortos, entre os quais crianças. Em abril, depois de bombardeamentos devastadores, mas também de acordos de evacuação patrocinados pela Rússia, o regime assume o controlo de Ghouta Oriental, último bastião dos insurgentes.
Foto: Getty Images/AFP/A. Almohibany
14 de abril de 2018: A resposta do Ocidente
EUA, França e Reino Unido realizam uma série de ataques contra alvos associados à produção de armamento químico na Síria, em resposta a um alegado ataque com armas químicas em Douma, Ghouta Oriental, por parte do Governo sírio. Trump justifica os ataques como uma resposta à "ação monstruosa" do regime de Assad contra a oposição e prometeu que a operação durará "o tempo que for necessário".