População afirma que a multinacional sul-africana, que explora gás natural na região, não cumpre promessa de construir salas de aula, mercados e furos de água. Empresa minimiza a denúncia.
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As promessas feitas pela Sasol em 2004, ano em que começou a explorar gás natural no sul de Moçambique, não estão a ser cumpridas - a denúncia é feita por moradores de comunidades da província de Inhambane. O Governo local diz que vai contactar a empresa. A direção da Sasol, no entanto, desdramatiza a sitação.
Os moradores dos distritos de Vilanculo, Inhassoro, Govuro e Funhalouro queixam-se de que, entre outras coisas, a empresa sul-africana não está a construir sala de aulas, mercados e furos de água, conforme prometido.
Pedro Manuel, residente no distrito de Govuro, diz que não conhece ninguém que tenha sido beneficiado pela empresa. "Ainda não ouvi falar de zonas em tenha sido instalado um [furo de] água ou que a Sasol já distribuiu alguma coisa", denuncia. O residente de Govuro acrescenta que a multinacional não está a apoiar os idosos vulneráveis, que deveriam ser um setor da comunidade a ser beneficiado pela Sasol.
Obras paradas
Na sede do posto administrativo de Pande, no distrito de Inhansoro, os moradores afirmam que a Sasol começou a construir salas de aula e a abrir um furo de água. Mas as obras nunca foram terminadas, conta Domingos Matsombe.
"Colocaram uma fonte de água manual, não montaram, deixaram e foi roubada. Pede-se a sua excelência [o governador] para recordar à Sasol porque está a explorar os nossos recursos", apela o residente de Pande.
Perante estas reclamações, o governador de Inhambane, Daniel Chapo, prometeu, num comício popular no início desta semana, trabalhar com os gestores da Sasol para encontrar uma solução.
"É dever da Sasol assistir às comunidades locais onde eles atuam", afirmou o governador.
21.04.18 Críticas a Sasol - MP3-Mono
Sul-africana minimiza denúncias
A diretora da área de responsabilidade social na Sasol, Laila Chemane, desdramatiza a situação, mas não avança soluções nem o motivo para o não o cumprimento das promessas.
Sobre a interrupção na construção de salas de aula na região, a diretora explica: "Por causa do número crescente de alunos, o Governo na altura pediu que fizéssemos salas anexas à Escola Secundária de Doane [Inhassoro]". Laila Chemane acrescenta que "na altura em que nos foi pedida a construção, foi na perspetiva para acomodar o número dos estudantes que estava a crescer".
Moçambique: Ultrapassar preconceitos contra pessoas com deficiência fazendo desporto na praia
A equipa de voleibol sentado da AAIPD ruma, uma vez por mês, à Praia da Costa do Sol, em Moçambique, para um jogo ao ar livre. A equipa, que pretende superar preconceitos, conta já com 40 atletas. Número está a crescer.
Foto: Privat
Voleibol sentado de praia
A Associação Aeroclube para Inclusão de Pessoas com Deficiência (AAIPD), criada pelo empresário moçambicano Vaz de Sousa, tem vindo a desenvolver vários projetos na área da inclusão em Moçambique, nomeadamente através da prática de desporto. Recentemente, lançou a modalidade de voleibol sentado de praia.
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Equipa a crescer
A publicidade boca a boca fez com que depressa começassem a chegar atletas. Hoje a equipa é composta por cerca de 40 pessoas portadoras de deficiência, na sua maioria, com membros amputados ou paraplégicas, e com idades compreendidas entre os 27 e os 60 anos, um dado que "surpreendeu pela positiva" o mentor do projeto. O número de interessados tem vindo a crescer.
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Mulheres em maioria
Apesar da prática de desportos em equipa ser muitas vezes associada ao sexo masculino, na equipa de voleibol sentado de praia da AAIPD, a maioria dos jogadores são mulheres.
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Do salão para a praia
A equipa está sob a alçada de Luís, que nasceu em Espanha, mas conta já com nacionalidade moçambicana, e que se interessou pelo projeto. Foi também um dos responsáveis por levar a prática do desporto do salão para a praia.
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Regras semelhantes
Apesar de "específicas" para este desporto adaptado, as regras do voleibol sentado de praia não diferem muito das que conhecemos. O objetivo mantém-se: fazer passar a bola sobre a rede evitando que esta toque no solo. No voleibol sentado de praia, o campo e a altura da rede são menores do que no voleibol convencional.
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Comunidade Mahometana
Graças à ajuda da Comunidade Mahometana, a equipa de voleibol sentado da AAIPD pode, desde o início deste ano, uma vez por mês, rumar à Praia da Costa do Sol para uma partida ao ar livre. À DW África, Vaz de Sousa destaca a "alegria" com que os atletas "vão e voltam" deste dia passado na praia.
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Treinos semanais
Para além das idas à praia, a equipa reúne-se quatro vezes por semana para praticar o voleibol sentado de salão. Os treinos acontecem no campo da Comunidade Mahometana, localizado na baixa da cidade de Maputo.
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Competição
Um dos objetivos da AAIPD é conseguir chegar à competição. Mas, para isso, é necessário que integrem a equipa atletas mais jovens. Algo que não é fácil, explica Vaz de Sousa, pelo facto de, em Moçambique, as pessoas portadoras de deficiência ainda "terem vergonha" de se expor. Para além de outras dificuldades que existem ao nível da locomoção na cidade, por exemplo.
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Mais projetos
A AAIPD pretende juntar às modalidades já existentes - futsal para cegos, atletismo para cadeirantes e voleibol sentado - o futebol para pessoas amputadas. O lançamento de uma campanha para a inclusão de pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho e a organização de um desfile de moda para mulheres com deficiência são outros projetos para o futuro.