Seca continua a provocar mortes no sul de Angola
3 de outubro de 2013A fome que se regista nas províncias do sul e leste de Angola , mais concretamente nas províncias do Cunene, Namibe, Cuando-Cubango, Huíla, Benguela e Kwanza Sul, são fruto de uma longa estiagem iniciada nos finais do ano 2011. E está a tornar-se uma questão cada vez mais preocupante, afirmam as autoridades eclesiásticas e políticas.
Diversos elementos da sociedade têm tentado apoiar as vítimas da seca, mas os esforços ainda são consideradas insuficientes tendo em conta as necessidades das populações atingidas.
Por exemplo, no Cunene, na província mais a sul de Angola, estima-se que meio milhão de pessoas carecem de alimentação e água. As reservas alimentares já não existem e prevêm-se dias difíceis para a população local, pois provavelmente a seca irá prolongar-se até maio de 2014.
Sem comida nem água
"Vivemos uma situação verdadeiramente grave. Não temos alimentos para as pessoas nem para os animais e não temos água", descreve preocupado o bispo da Diocese de Ondjiva, Dom Pio Hipunhiaty.
Relata que mais de meio milhão de pessoas estão a ser afetadas pela estiagem em toda a extensão do território da província do Cunene. "As ajudas estão a chegar mas em quantidades insuficientes. Há gente que não tem mesmo nada", afirma o bispo.
De acordo com o prelado católico, a seca está a resultar no abandono dos locais das terras afetadas pela calamidade e, consequentemente, no abandono das aulas por parte de crianças em idade escolar.
Dom Pio Hipunhiaty relata que muitos estão a partir para "as margens dos rios Cubango, Cunene e Kuvelai" pois lá, "ainda se pode encontrar algum alimento para o gado e água", explica. Este movimento de populares "faz com que os rapazes em idade escolar também abandonem as áreas tradicionais de residência", afirma o bispo.
Cuando-Cubango é a zona mais afetada
A parte sul da província do Kuando-Kubango é a que mais necessita de apoio. Segundo o bispo Dom Mario Lukunde, há gente a morrer de fome e há vítitmas de diversas doenças na zona. O bispo relembra que o hospital provincial não tem suficiente capacidade de resposta, uma vez que existem áreas que não funcionam por falta de equipamentos e especialistas.
"O hospital é pequeno, precisa de um alargamento e por isso torna-se difícil acompanhar bem os doentes", afirma Dom Mario Lukunde.
Conta que há dificuldades de resposta no serviço hospitalar porque "alguns serviços tambem não funcionam bem por falta de equipamentos".
Na província do Namibe "a situação social é marcada pela fome, seca e sede", revela o bispo. Afirma que há a tendência de se dizer que a situação está controlada mas isso, "não é verdade", constata.
Recentemente, a Igreja Católica em Angola lançou uma campanha de solidariedade em prol das 800 mil familias vítimas da seca no sul de Angola, Cuando-Cubango, Benguela e Kwanza Sul, através da Caritas.
O secretário de Estado do Ministério do Interior e coordenador da comissão de proteção civil e bombeiros, Eugénio Laborinho, diz que "o Governo está atento e acompanha os acontecimentos na província do Cunene, Namibe, na Huíla, Cuando-Cubango, Benguela e Kwanza Sul", zonas que, explica, estão a ser particularmente "afetadas pela seca".