Secretário-geral da Renamo baleado no centro de Moçambique
20 de janeiro de 2016 O secretário-geral da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) e deputado foi atingido a tiro esta quarta-feira (20.01) quando acabava de realizar uma conferência de imprensa na Beira, tendo o seu guarda-costas morrido no local, informaram o porta-voz do partido, António Muchanga, e a líder parlamentar da força de oposição, Ivone Soares.
A Polícia moçambicana na Beira, centro do país, garantiu à agência de notícias Lusa, estar a tentar esclarecer um tiroteio no bairro da Munhava, onde foi baleado o secretário-geral da RENAMO, embora não confirme a identidade das vítimas.
"Até então nós não confirmamos [o baleamento de Manuel Bissopo]" declarou à Lusa Daniel Macuácua, porta-voz do comando provincial da Polícia de Sofala, adiantando apenas que foi registado um tiroteio no bairro da Munhava e admitindo que não tem informação sobre a identidade das vítimas.
"As equipes todas estão despachadas para o terreno", assegurou Daniel Macuácua, remetendo pormenores para mais tarde.
Segundo o correspondente da DW África na Beira, é muito provável que Manuel Bissopo seja transferido para uma clínica na África do Sul nas próximas horas.
Denúncia de alegados raptos e assassínios de membros da RENAMO
Ivone Soares, líder da bancada da RENAMO descreveu à agência de notícias Lusa que o secretário-geral da RENAMO tinha acabado de denunciar em conferência de imprensa alegados raptos e assassínios de membros do seu partido e preparava-se para se deslocar para uma reunião da força de oposição na Beira, quando a sua viatura foi bloqueada por outros dois carros, de onde saíram os tiros.
Para Ivone Soares, o caso envolvendo Manuel Bissopo vem no seguimento de incidentes anteriores com a comitiva do líder do seu partido, Afonso Dhlakama, no que descreve como um quadro de "terrorismo de Estado".
Ivone Soares atribui à FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) a autoria de todos os incidentes, acusando o partido no poder de tentativas repetidas de assassínio dos dirigentes da maior força de oposição.
A chefe da bancada da RENAMO acusou ainda as Nações Unidas de "assobiarem para o lado" face à situação política em Moçambique, bem como as principais missões diplomáticas em Maputo, referindo os casos concretos de Portugal, Estados Unidos, Reino Unido e Itália como símbolos de "um estranho silêncio".
Falta de justiça social acusa a RENAMO
Segundo Ivone Soares, esta crise é motivada pela falta de justiça eleitoral, insistindo na acusação de fraude na votação de outubro de 2014.
"Fomos roubados em votos e agora estamos a morrer um por um", afirmou a deputada, reafirmando a necessidade de uma intervenção urgente da comunidade internacional.
Recorde-se que a RENAMO pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da RENAMO, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição.