Trata-se da primeira visita de Estado aos EUA de um dirigente africano em mais de 15 anos, numa altura em que o Presidente Joe Biden procura contrariar os ventos geopolíticos em todo o continente.

Ruto foi recebido pelo Presidente norte-americano na Casa Branca onde se reuniram com líderes tecnológicos.

Biden destacou o lançamento de "uma nova era de cooperação tecnológica” entre os dois países, afirmando que "o vice-Presidente já está a criar uma nova parceria público-privada para aumentar os investimentos e a inovação. Se esta relação continuar a crescer como está, penso que beneficiará não só os Estados Unidos e o Quénia, mas terá benefícios positivos literalmente em todo o mundo."

Um dos principais temas da agenda da deslocação aos EUA é o envio de forças quenianas para o Haiti. A primeira leva deverá fazer a viagem de 12.000 quilómetros até à capital haitiana, Porto Príncipe, esta semana, apesar de um novo recurso judicial em Nairobi contra o destacamento. Ruto defendeu o empreendimento como uma "missão para a humanidade".

Segurança em África

O Presidente queniano reuniu-se igualmente esta quarta-feira (22.05) com o Presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, no Capitólio, onde discutiram os desafios de segurança em África.

"Estamos muito gratos pela parceria do Quénia, pela oposição aos extremistas em todo o mundo, pela parceria para nos opormos ao al-Shabab e aos jihadistas e para enfrentarmos os Houthies no Mar Vermelho. Estamos muito gratos pelo que o Quénia tem feito para ajudar o Haiti nos últimos dias para tentar manter a estabilidade”, disse Johnson.

Há anos que os Estados Unidos têm parceria com o Quénia nos esforços de combate ao terrorismo no continente, incluindo a luta contra o grupo extremista al-Shabab.

Receio de vazio com saída de tropas dos EUA

Uma força de manutenção da paz da União Africana (UA) deverá deixar a Somália no final do ano. No encontro com Mike Johnson, Ruto disse que espera trabalhar com os EUA para fazer frente aos desafios de segurança na região.

"Como disse, e bem, temos lutado contra o al-Shabab nos últimos 20 anos. E parte da conversa que vamos ter é sobre como podemos garantir que a retirada das tropas do Exército não cria um vazio que acabe por ser preenchido pelo al-Shabab", afirmou.

 E Johnson defendeu ainda que "o Quénia, os Estados Unidos, e os estados da linha da frente têm de trabalhar em conjunto para ver como isso pode ser feito".

Depois da Cimeira de Líderes EUA- África, em 2022, Joe Biden não cumpriu a promessa de visitar o continente como Presidente. Ontem ao receber Willam Ruto, disse que planeia fazer uma visita oficial a África em fevereiro, depois das eleições presidenciais americanas, um anúncio que pressupõe a sua vitória sobre Donald Trump.