Passageiros revoltados com comissões ilícitas no Niassa
Manuel David (Lichinga)
20 de fevereiro de 2019
Na província do Niassa, norte de Moçambique, há seguranças que estão a cobrar comissões ilícitas aos passageiros que querem viajar de comboio. Passageiros pedem que se ponha um ponto final à situação.
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O que era fácil há tempos atrás, agora deixou de ser. Há seguranças a cobrar comissões ilícitas aos passageiros na estação de comboios da cidade de Lichinga, no norte de Moçambique.
A denúncia é feita por vários passageiros, em entrevista à DW África, que dizem que a situação piora no início e no final do ano, quando há mais movimento na estação.
Um dos passageiros, Gaspar José, contou como conseguiu os bilhetes de passagem. "No dia 3 de janeiro, fui à estação. Estive desde as 5 até às 11 horas sem conseguir bilhete. Mas as pessoas entravam e eu não sabia onde aquelas pessoas passavam. Então, quando me aproximei de um dos alfas - e não fui sozinho, fomos muitos tendo aproximado ao alfa - cobrou-nos 510 meticais para dois bilhetes de passagem."
Passageiros revoltados com comissões ilícitas no Niassa
Ou seja, mais caro do que o preço habitual do bilhete na linha Lichinga-Cuamba, que foi fixado pela empresa concessionária da linha, o Corredor de Desenvolvimento do Norte. O preço do bilhete é de 205 meticais, equivalente a cerca de 2 euros e noventa cêntimos.
Situação piorou nos últimos anos
Antigamente, quando o comboio voltou a circular em Lichinga, há três anos, não havia cobranças ilícitas, conta uma passageira, que não se quis identificar por medo de represálias. Mas a situação terá piorado nos últimos tempos.
"Não é como há muito tempo, quando a pessoa saía de casa e ficava na fila até entrar na bilheteira, até cortar o bilhete. Mas agora não. Quando veem que já está cheio, eles começam a dizer que os bilhetes já acabaram, que é para conseguir levar as pessoas para irem cortar bilhetes do outro lado", diz.
Essas cobranças já se terão tornado hábito na estação. Francisco Bernardo, outro utente dos serviços ferroviários em Lichinga, diz que as pessoas pagam as comissões, porque não têm alternativa. "Não é o desejo de cada um, é qualquer um que quer chegar e diz que estou com pressa paga. Isso já é algo normal para nós, porque já estamos habituados", conta.
A DW África enviou um e-mail ao Corredor de Desenvolvimento do Norte, para comentar o assunto, mas até agora ainda não obtivemos resposta.
O "boom económico" na cidade de Nampula
Com mais de 60 anos, a cidade de Nampula está em expansão: hotelaria, instituições públicas e melhores vias de comunicação são alguns dos exemplos. Mas há ainda muitos desafios para superar.
Foto: DW/S.Lutxeque
Cidade na rota do desenvolvimento
A cidade de Nampula completa 62 anos de elevação a cidade a 22 de agosto de 2018. Os últimos anos têm testemunhado uma constante em transformação. Novas infraestruturas, como hotéis, centros comerciais, edifícios de serviços públicos, estradas e vias férreas estão a fazer crescer a cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais oferta hoteleira
Nos últimos anos, o setor da hotelaria e turismo é um dos que mais se tem notabilizado, em crescimento e expansão das atividades na cidade de Nampula. Só nos últimos cinco anos, abriram dois grandes hotéis que dão emprego a milhares de moçambicanos. Na foto vê-se o Grand Plaza Hotel, totalmente de capitais moçambicanos e inaugurado em junho passado pelo Presidente da República.
Foto: DW/S.Lutxeque
Novo Palácio da Justiça em Nampula
A cidade recebeu um dos maiores empreendimentos do setor judiciário que acolhe várias instituições, nomeadamente, a Procuradoria, o Serviço Nacional de Investigação Criminal, o Tribunal Judicial, o Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, e a Administração do próprio Palácio da Justiça. O empreendimento foi construído de raiz e ocupa uma área de mais de dois quilómetros quadrados.
Foto: DW/S.Lutxeque
Centros comerciais desenvolvem economia
Com a descoberta e exploração de vários recursos minerais e naturais na província, muitas empresas, na sua maioria de origem estrangeira, fixam-se em Nampula. Muitas arrendam escritórios em centros comerciais. Um dos exemplos é o Milénio Center, construído nos últimos anos. Fornece serviços de aluguer de escritórios, lojas, cafetarias, estabelecimentos bancários entre outros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Proliferação de quiosques "take-away"
Não são só as grandes empresas que contribuem para desenvolver a cidade. Também há um aumento de quiosques que confecionam e vendem produtos na via pública. Desde 2016, só na cidade de Nampula, as autoridades já municipais já licenciaram centenas destes estabelecimentos para o exercício de atividades. Em quase todas ruas existem quiosques, vulgarmente conhecidos por "take-away".
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais e melhores estradas na cidade
A reabilitação e construção de estradas, em vários pontos do centro da cidade foi um dos marcos dos últimos cinco anos. Boas estradas são uma necessidade para responder ao aumento do parque automóvel que se vem registando desde a independência do país, sobretudo nos últimos anos.
Foto: DW/S.Lutxeque
Grande investimento em ferrovias
A cidade de Nampula, está localizada ao longo do Corredor de Nacala, considerado o "pulmão" económico da província. É atravessada por uma linha férrea que liga ao distrito de Nacala-a-Velha a Moatize, com passagem pelo vizinho Malawi, numa extensão aproximada de 900 quilómetros. A linha representa um investimento de quase 4 mil milhões de euros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Filial do Banco de Moçambique
Na foto vê-se a filial do banco de Moçambique em Nampula. O Banco Central investiu cerca de 240 milhões de dólares nas obras de construção da sua nova sede em Maputo e nas filiais de Nampula e Xai-Xai, bem como na reabilitação e ampliação das filiais de Chimoio e Beira.
Foto: DW/S.Lutxeque
Casas modernas em construção
"Modern Town-Nampula" é um grande projeto de construção que se prevê que resulte em 1800 casas construídas de raiz, no bairro de Mutauanha, numa zona de expansão. Este projeto projeto do Governo moçambicano, através do Fundo de Fomento de Habitação foi lançado em setembro do ano passado e prevê atribuir habitação aos jovens a título de crédito.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mercado Municipal também mais moderno
O Mercado Municipal, vulgarmente conhecido por Mercado Central, é um dos mais antigos estabelecimentos comerciais que sobrevive até aos dias de hoje. Esta infraestrutura já passou por reabilitações e vai sobrevivendo aos maiores e atuais estabelecimentos comerciais. Antigamente, eram vendidos vestuários e diversos eletrodomésticos. Agora, limita-se a produtos de primeira necessidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Construção da estrada Nampula-Nametil
A estrada que liga a cidade de Nampula a Nametil, sede do distrito de Mogovolas, já está em construção. São mais de 70 quilómetros. Os cidadãos consideram que vai alavancar a economia, pois vai ligar, e assim, aproximar, uma zona de produção à cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Bairros periféricos excluídos do "boom"
A cidade de Nampula conta com mais de um milhão de habitantes e dispõe de cerca de 18 bairros. Começam também a surgir zonas de expansão, onde muitos não beneficiam, na sua totalidade, do "boom" económico que a cidade ultrapassa. A degradação de estradas ou mesmo falta de vias de acesso, bem como a falta de corrente elétrica, água potável e lixo abundante são alguns dos problemas.