Manica: Seguranças violam menores de infantário
24 de agosto de 2021São dois homens com 23 e 26 anos de idade, detidos por terem abusado sexualmente de três adolescentes de 15, 16 e 17 anos e uma jovem de 19 anos nas dependências do Infantário Provincial – uma instituição de caridade em Manica.
Segundo as vítimas, para além de se dedicarem ao cumprimento da sua missão que tem que ver com a ordem, segurança e tranquilidade naquele recinto que alberga pouco mais de 60 crianças órfãs e vulneráveis, os suspeitos passavam o resto do tempo a assediar as raparigas.
De acordo com as declarações das jovens à polícia, os indiciados, para lograrem os seus intentos, aliciavam as meninas do infantário com dinheiro, telemóveis, jóias, relógios, cosméticos e outros produtos.
Relato das vítimas
Segundo explicou uma das jovens, os abusos começaram a 6 de abril deste ano, quando recebeu um convite do suspeito de 23 anos. O segurança queria que ela fosse a sua casa para receber um presente por ocasião do 7 de abril, Dia da Mulher Moçambicana.
"Ele disse-me que vamos para minha casa e lá não iria acontecer nada de mal. Eu saí de casa mentido que ia à escola. Quando chegámos a casa dele, dirigiu-se ao seu quarto e tirou uma caixinha contendo um relógio e colar que me ofereceu. Eu tinha medo de contar aos responsáveis do infantário e às minhas amigas", contou uma das raparigas, de 16 anos de idade.
Outra rapariga de 17 anos de idade confirmou ter sido violada e violentada por um dos seguranças ora detidos. No seu caso, os abusos começaram em junho.
"A primeira vez que dormiu comigo foi na minha casa, segunda e terceira foi na casa dele. Na primeira vez, prometeu-me morte assim que eu revelasse o caso. Na segunda vez, estive na escola, encontrei-me com ele na rua de táxi-mota e levou-me para o quarto e dormiu comigo eu tinha que calar de novo", contou a vítima.
Violadores negam as acusações
O jovem de 26 anos nega as acusações e afirma que a jovem de 17 anos era sua namorada.
"A moça está para completar 18 anos de idade, é a única que eu conquistei no Infantário, mas em nenhum momento juntei-me com ela ou a violei sexualmente", disse o indiciado.
Já o jovem de 23 anos, que também nega os abusos sexuais, diz que apenas oferecia presentes às raparigas do Infantário.
"Eu não violei a menina, apenas lhe ofereci-lhe um telemóvel. Foi somente uma vez que eu conversei com ela, no dia 7 de abril", defendeu-se.
A promessa da Polícia
Mateus Avelino Mindú, porta-voz da PRM em Manica, diz que pesa sobre os homens não somente a acusação de abuso sexual, mas também de tortura psicológica.
"Importa referir que não apenas mantiveram a cópula com as menores como [elas] também sofreram torturas física e psicológica. Já foram arrolados todos os factos na peça de expediente que será remetida ao Ministério Público para que sejam responsabilizados de forma exemplar com vista a desencorajar este tipo de prática", prometeu Mindú.