Seis milhões de dólares contra o ébola desviados em fraude
AP | tm
4 de novembro de 2017
Trabalhadores da Cruz Vermelha e outras instituições terão desviado mais de seis milhões de dólares destinados ao combate à epidemia que fustigou a Serra Leoa, a Libéria e a Guiné-Conacri.
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As revelações seguem-se a uma investigação interna na Cruz Vermelha sobre como os fundos disponíveis foram utilizados durante a epidemia de 2014 a 2016, que matou mais de 11 mil pessoas na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri.
A doença eclodiu na Guiné-Conacri, alastrando rapidamente para a Serra Leoa e a Libéria. No início da epidemia, a resposta da ajuda internacional foi lenta. Entretanto, à chegada aos países afetados, o dinheiro era rapidamente destinado à compra de material médico e ao pagamento de trabalhadores no local.
Cerca de dois milhões de dólares desapareceram como resultado de um alegado "conluio” entre funcionários da Cruz Vermelha e do Banco de Serra Leoa, apontam as investigações.
"Sinto-me dececionado e preocupado com a reação de alguns indivíduos cujas ações prejudicam o incrível trabalho da equipa e dos voluntários da Cruz Vermelha durante o surto do ébola", disse Paul Jenkins, chefe da delegação da Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho (IFRC) na capital da Serra Leoa, Freetown.
Reforçar o combate à corrupção
"As ações deles salvaram milhares de vidas e a IFRC continuará a garantir que os seus fundos são utilizados para os fins a que são destinados", acrescentou Jenkins.
A IFRC garante que está a reforçar a luta contra a corrupção - incluindo a introdução de limites de gastos em "ambientes de alto risco". A Federação planeia também enviar auditores treinados juntamente com as equipas de emergência.
Outras medidas incluirão o treino adicional de pessoal e a "investigação interna dedicada e independente". Os resultados da investigação interna foram publicados pela primeira vez a 20 de outubro. Entretanto, não foram amplamente divulgados até esta sexta-feira (03.11). A IFRC confirmou as conclusões neste sábado (04.11) e disse estar a trabalhar com a Comissão Anticorrupção da Serra Leoa para "investigar e punir os envolvidos".
Demais países
A organização também revelou indícios de fraude nos dois outros países mais atingidos durante a crise do ébola.
Na Libéria, investigadores descobriram "provas de fraude relacionadas com preços sobrefaturados de material de ajuda humanitária, ordenados e pagamento de incentivos aos voluntários". A IFRC estima perdas em torno dos 2,7 milhões de dólares.
Na Guiné-Conacri, pelo menos um milhão de dólares desapareceu em função de práticas fraudulentas. Duas outras investigações estão pendentes, informou a IFRC.
Ébola na Serra Leoa
Mais de 1.500 pessoas já foram infectadas no país. Apesar disso, os habitantes tentam não desistir e desafiam juntos o vírus.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
A vida continua
Todos os dias, Sward Dembi (d) vende pimentões na grande feira da capital de Serra Leoa, Freetown. Claro que ela tem medo de se infectar com o ebola no meio da multidão do mercado apertado, afirma a jovem de 19 anos. Mas ela não tem escolha: a família dela depende dessa renda.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Arquitetura contra o ebola
Em todo o país faltam centros de isolamento para tratar os infectados. Mas também faltam equipes e instalações. O arquiteto Kamara deixou seus outros projetos de lado e ajuda na construção de um centro de isolamento para pacientes de ebola em Freetown, que deve começar a funcionar em poucas semanas.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Proteção policial
Ela não quer revelar seu nome, mas os outros a chamam de "Mama G". Para muitos, a policial é quase uma mãe, que dedica seu tempo para as preocupações das pessoas de seu bairro. Há três semanas, ela foi desligada de suas funções para poder acompanhar o funeral de vítimas do ebola. Um trabalho que a ocupa em tempo integral, admite a policial.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Deixar o país não é uma opção
O alemão Ole Hengelbrock, de 28 anos, foi para Freetown há mais de um ano para cuidar de um projeto da organização humanitária Cap Anamur sobre crianças de rua. Hoje, Serra Leoa já virou um segundo lar para ele. Por um tempo, ele até jogou na Primeira Liga de futebol do país. Hengelbrock descarta a possibilidade de voltar para a Alemanha por causa da crise do ebola.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Voluntário
É a primeira vez que Momudo Lambo, de 28 anos, veste uma roupa de proteção. Ele participa de um treinamento para voluntários dispostos a trabalharem nas estações de tratamento de ebola. Um trabalho perigoso, mas, "em tempos difíceis como agora, algo obrigatório".
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Informação
A única coisa capaz de ajudar contra o ebola é o conhecimento sobre o vírus, afirma Usman Rahim Bah. Com seu próprio dinheiro, ele preparou material informativo, que agora distribui de casa em casa.
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Sempre em serviço
Stella trabalha como enfermeira há quase 30 anos – e, nesse meio tempo, já viu muita coisa. A atual crise, porém, supera tudo. Quando o primeiro caso de ebola foi anunciado em sua clínica e vários colegas pediram as contas, ela decidiu ficar – e hoje se diz confiante que seu país vencerá a epidemia.
Foto: DW/Scholz/Kriesch
Perigo constante
Desmond Reez lidera uma equipe da Cruz Vermelha. Ele é responsável por seus colegas, que diariamente recolhem corpos de vítimas da doença altamente infecciosa para enterrá-los. "Eu sei que nós somos bem treinados e estamos protegidos", disse o sanitarista. Todos os dias, ele espera que a epidemia finalmente acabe.