Quatro funcionários do Estado entre as vítimas do atentado contra um posto militar. Ataques do grupo radical islâmico nigeriano multiplicaram-se nos últimos meses no Chade, país vizinho da Nigéria.
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Quatro funcionários do Estado, um militar e um civil foram mortos num ataque a um posto de controlo do exército do Chade, numa ilha no Lago Chade, na madrugada deste domingo (06.05), informou uma fonte militar.
"Elementos do grupo rebelde Boko Haram atacaram um posto avançado do exército chadiano na localidade de Gabalami, não muito longe de Kinassarom, numa ilha do Lago Chade, matando dois funcionários da alfândega, dois funcionários do departamento de águas e florestas, um militar e um civil", declarou a fonte.
Os atacantes foram expulsos pelas forças de segurança do Chade e conseguiram escapar sem sofrer perdas.
Exército tenta impedir regresso
Os ataques do Boko Haram, grupo 'jihadista' nigeriano, multiplicaram-se nos últimos meses no Chade, país vizinho da Nigéria. Há vários anos, o exército chadiano e os "comités civis de vigilância" patrulham a área do Lago Chade para impedir o retorno do Boko Haram à região.
Os membros do Boko Haram foram perseguidos pelo exército chadiano e pela Força Mista Multinacional (FMM, força regional para o combate ao grupo terrorista) na maioria das localidades chadianas ao redor do lago, que tinham tomado. No lado nigeriano, o exército persegue os 'jihadistas' num de seus principais feudos, a Floresta Sambisa (no estado de Borno, nordeste).
O Boko Haram está localizado principalmente na Nigéria, onde continua a realizar atentados e ataques à polícia, além de sequestrar jovens raparigas.
Entretanto, o grupo também atua em vários países fronteiriços (Chade, Camarões e Níger). Desde 2009, mais de 20.000 pessoas morreram só na Nigéria vítimas das ações do Boko Haram e do conflito que os opõem ao exército.
Reféns do Boko Haram libertados na Nigéria: "Ainda dói"
As 293 mulheres e crianças libertadas na semana passada pelo exército nigeriano das mãos do Boko Haram foram levadas para um campo de refugiados perto da cidade de Yola. Mas o seu sofrimento está longe de terminar.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
O sorriso perdido
"O que se percebe imediatamente é que as crianças aqui quase não riem", conta um funcionário do acampamento de Malkohi, na periferia da cidade nigeriana de Yola. Cerca de metade das perto de 300 pessoas que eram mantidas em cativeiro pelo Boko Haram tem menos de 18 anos. Um terço das crianças no acampamento sofre de desnutrição.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Primeiros dias de vida no acampamento
Lami Musa é mãe da mais recente moradora do acampamento de Malkohi. Deu à luz na semana passada. Um dia depois foi salva por soldados nigerianos. Durante a operação de resgate várias mulheres foram mortas pelos terroristas. "Apertei firmemente a minha filha contra o meu corpo e inclinei-me sobre ela", recorda a jovem mãe.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Filho perdido durante o cativeiro
Halima Hawu não teve tanta sorte. Um dos seus três filhos foi atropelado enquanto os terroristas a raptavam. Durante a operação de resgate um soldado nigeriano atingiu-a numa perna, porque os membros do Boko Haram usam as mulheres como escudos humanos. "Ainda dói, mas talvez agora o pior já tenha passado", espera Halima Hawu.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Poucos alimentos para as crianças
Babakaka, de três anos, teve de passar seis meses com o Boko Haram. Só raramente havia algum milho para as crianças, contam antigos prisioneiros. Quando foram libertados pelos soldados, Babakaka estava quase a morrer de fome. Babakaka continua extremamente fraco e ainda não recebeu tratamento médico adequado no acampamento.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Sobrevivência por um triz
A mãe de Babakaka foi levada para o Hospital de Yola juntamente com cerca de outras vinte pessoas gravemente feridas. Durante a fuga, alguém que seguia à sua frente pisou uma mina. A explosão foi tão forte que a mulher ficou gravemente ferida. Perdeu o bebé que carregava.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Roupas usadas do Ocidente
Exceptuando algumas doações de roupas velhas, ainda não chegou muita ajuda internacional às mulheres e crianças do acampamento de Malkohi. Aqui há falta de muitas coisas, sobretudo de pessoal médico. Não há qualquer vestígio do médico de serviço no acampamento. Apenas duas enfermeiras e uma parteira mantêm em funcionamento o posto de saúde temporário.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Dependentes de voluntários
"Não entendo por que motivo o nosso serviço de emergência nacional não faz mais", reclama a assistente social Turai Kadir. Por sua própria iniciativa, Turai Kadir chamou uma médica para tratar das crianças mais desnutridas. Na verdade, essa é a tarefa da NEMA, a agência nigeriana de gestão de emergências, que está sobrecarregada.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
"Incrível capacidade de resistência"
Regina Musa voltou há poucos meses dos Estados Unidos para dar aulas de Psicologia na Universidade de Yola. Agora, a psicóloga presta aconselhamento psicológico a mulheres e crianças. "As mulheres têm demonstrado uma incrível capacidade de resistência", diz Musa. Durante o período traumático, muitas delas também se preocupavam com os filhos de outras pessoas. Autor: Jan-Philipp Scholz (em Yola)