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PolíticaCabo Verde

"Sem amizade de Agostinho Neto, Cabo Verde seria mais pobre"

Lusa
5 de novembro de 2022

O Presidente cabo-verdiano lembrou, no lançamento do livro "Agostinho Neto em Cabo Verde: Angola, Nôs Lágrima Ê Igual", na Praia, a presença "extraordinariamente importante" de Agostinho Neto no país.

José Maria Neves , candidate for presidential elections in Cape Verde
Foto: Décio Barros/DW

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, lembrou, esta sexta-feira (04.11), na Praia, a presença "extraordinariamente importante" de Agostinho Neto no país, entendendo que o arquipélago seria "mais pobre" sem o contributo de Angola e do seu primeiro chefe de Estado.

"Em momentos decisivos, Angola deu um contributo importante. Portanto, sem Angola, sem a amizade de Agostinho Neto -- e ele deixou as impressões digitais aos novos líderes angolanos -- hoje Cabo Verde seria, com certeza, um país mais pobre", sublinhou o chefe de Estado cabo-verdiano, durante o lançamento de um livro sobre a passagem de Agostinho Neto por Cabo Verde, nos anos 1960.

Intitulado "Agostinho Neto em Cabo Verde: Angola, Nôs Lágrima Ê Igual", a obra foi organizada pela embaixada de Angola em Cabo Verde, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do primeiro Presidente de Angola, e compila testemunhos de várias personalidades cabo-verdianas, entre eles José Maria Neves.

"Agostinho Neto colocou muitas pedras em Cabo Verde (...) A sua presença aqui foi extraordinariamente importante", lembrou Neves, entendendo que a obra representa o "dever de memória" que todos devem ter e a necessidade de conhecer a história daqueles que em vários momentos tiveram um papel decisivo na luta de libertação dos povos africanos.

Agostinho NetoFoto: picture-alliance/dpa

Entendendo que é um orgulho e uma honra homenagear Agostinho Neto, o Presidente disse que foi "um grande vulto" da história de Cabo Verde, mas também que teve um importante papel na independência de Angola e no continente africano.

O título do livro "Angola, Nôs Lágrima Ê Igual" é um verso de um poema do compositor cabo-verdiano Tonecas Marta, para expressar a ideia da "ligação forte" entre os dois países, segundo a embaixadora de Angola em Cabo Verde, Júlia Machado, não obstante a música ter sido cantada aquando do falecimento de Agostinho Neto, em 10 de setembro de 1979, em Moscovo.

Neste sentido, disse que Neto deixou um "legado muito forte" da necessidade de os dois países caminharem juntos, num novo contexto, agora de desenvolvimento e de prosperidade.

"Queremos caminhar juntos, não só nos momentos de tristeza, mas também nos momentos de alegria", expressou a diplomata, para quem o livro é também a "obrigação" de passar o testemunho às novas gerações do "legado inquestionável" de António Agostinho Neto, que completou 100 anos do seu nascimento 17 de setembro.

Contemporâneo de Agostinho Neto, o antigo Presidente cabo-verdiano e presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, é outras das personalidades que também dá o seu testemunho no livro, por entender que o homenageado é um dos principais protagonistas da luta libertação dos povos africanos sob dominação portuguesa.

Pedro Pires, antigo Presidente cabo-verdiano Foto: picture-alliance/dpa

Neste sentido, sublinhou a necessidade da valorização, de prestigiar e perpetuar os símbolos como Agostinho Neto e tudo o que vez para os povos dos dois países e para África.

"Entendo que nós temos o dever de nos valorizarmos a nós mesmos. Valorizarmos a nós mesmos significa valorizarmos a nossa obra, valorizarmos aquilo que fazemos.Esta homenagem ao Dr. Agostinho Neto vai precisamente nesse sentido, de valorizar Neto, valorizar os seus companheiros, valorizar o povo de Angola e, finalmente, valorizar o fruto de tudo isto que é o Estado soberano de Angola", afirmou Pedro Pires, de 88 anos.

Silvino Manuel da Luz, Osvaldo Lopes da Silva, Manuel Rodrigues Boal, Onésimo Silveira, Fátima Fernandes, Arménio Vieira e Luiz Andrade Silva são as outra personalidades cabo-verdianas que dão o seu testemunho sobre a passagem de Agostinho Neto pelo arquipélago.

Depois de preso em Luanda, o então médico e político foi deportado para Cabo Verde no início dos anos 1960, continuando a exercer medicina nas ilhas de Santo Antão e Santiago, antes de ser transferido para as prisões de Aljube, em Lisboa.

O seu nome foi atribuído ao maior hospital de Cabo Verde, na Praia, há uma rua com o seu nome na cidade do Mindelo, em São Vicente, e um busto na cidade da Ponta do Sol, em Santo Antão.

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