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Sem Kadhafi, União Africana fica desfalcada, acreditam especialistas

17 de outubro de 2011

Com o líder líbio deposto e desaparecido, a União Africana perde um dos seus principais contribuintes. Especialistas acreditam que o novo governo líbio não dará à UA a mesma atenção dada por Mouammar Kadhafi.

Mouammar Kadhafi com os presidentes do Conselho Europeu, Herman van Rompuy (e), e da União Africana, na época o dirigente do Gabão, Ali Bongo (d). (29/11/10)Foto: picture-alliance/dpa

O regime de Mouammar Kadhafi era um dos principais financiadores da União Africana. Depois da queda do ditador líbio, a organização regional precisa encontrar outros caminhos para se manter. Porém, para especialistas, este não é o único desafio que a União Africana (UA) precisa superar.

Para o analista político Denis Tull, o que se sabe é que a Líbia, juntamente com três ou quatro outros países, sustentava o budget da União Africana. A Líbia financiava entre 15 e 30% da parte africana. "Não sabemos exatamente quantas cotas de Estados-membros ele pagava", coloca o especialista em África da Fundação Ciência e Política de Berlim.

"A União Africana ficou desfalcada com a queda do regime de Mouammar Kadhafi na Líbia. O ditador era um dos principais financiadores da organização regional", diz o pesquisador. Ele acredita que a nova liderança do país não terá os mesmos cuidados com a UA.

Previsão pós-Kadhafi

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Durante meses a Líbia foi palco de ataques entre forças contra e pró-KadhafiFoto: dapd

"Já é previsível que o novo governo da Líbia irá se dedicar menos à política africana e se interessar menos pela África", ressalta ao completar que a União Africana terá, com certeza, problemas financeiros.

O especialista acredita que a solução será recorrer cada vez mais à contribuição dos Estados-membros. Para ele, é uma questão de vontade política. Denis Tull revela que neste sentido dois episódios relativos ao conflito na Líbia mancharam a imagem da União Africana.

Para ele, um dos desastres foi que a União Africana persistiu em querer influenciar numa solução política para a Líbia, que não era mais realista, pois já era previsível que a coalisão iria derrubar Kadafi.

O outro, segundo ele, teria sido no momento de reconhecer o Conselho Nacional de Transição. O problema foi que a União Africana não encontrou consenso.

"Houve duas posições. Uma sob a direção da África do Sul que continuou não reconhecendo os rebeldes; e a outra conduzida pela Nigéria". O problema para a União Africana, continua, "está no fato de que quando os dois maiores, e mais importantes estados não estão de acordo, então a organização só pode funcionar mal".

Interesses diferentes

Denis Tull lembra ainda que houve divergência de interesses entre os Estados-membros da UA também em relação às últimas eleições na Costa do Marfim, quando Angola e África do Sul apoiaram Laurent Gbagbo e a própria UA se posicionou a favor de Alassane Ouattara.

Ele explica que já naquela época havia um conflito e a Líbia é o segundo caso, em pouco tempo, em que estados africanos importantes não estiveram em conformidade com a linha política a ser seguida. "Assim, é preciso saber se esta unidade política pode ser estabelecida novamente", alerta o analista.

Autora: Cris Vieira (Berlim)
Edição: Bettina Riffel/Marta Barroso

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