Sem mencionar EUA, Putin defende "paz duradoura" na Ucrânia
1 de agosto de 2025
O Presidente da Rússia "avalia positivamente" a terceira ronda de negociações de paz com a Ucrânia, realizada em Istambul. "Como não se pode avaliar positivamente o facto de centenas de pessoas terem regressado a casa?", disse Vladimir Putin, em alusão à recente troca de prisioneiros de guerra entre os dois países.
Em declarações à emissora de televisão pública russa, esta sexta-feira (01.08), durante uma visita ao mosteiro de Valaam, no noroeste da Rússia, o Presidente russo afirmou que Moscovo continua disponível para prosseguir com as conversações, sublinhando que a guerra decorre a favor do seu país.
Ultimato dos EUA
Sem fazer referência ao ultimato do seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, Putin limitou-se a afirmar que "para resolver a questão de forma pacífica, é necessário conduzir conversas detalhadas, não em público, e isso deve ser feito com calma, no silêncio do processo de negociação".
"Quanto às desilusões de qualquer pessoa, todas as desilusões surgem de expetativas excessivas. Esta é uma regra geral bem conhecida", apontou.
Recorde-se que o Presidente norte-americano ameaçou impor novas sanções a Moscovo e aos países que compram as suas exportações energéticas, como a China e a Índia, caso a Rússia não cesse as hostilidades até 8 de agosto.
Recusando qualquer mudança na sua posição, Vladimir Putin defendeu a necessidade de "uma paz duradoura e sólida com uma boa base que satisfaça a Rússia e a Ucrânia e que garanta a segurança de ambos os países". Destacou ainda a proposta russa para a criação de três grupos de trabalho, nomeadamente político, militar e humanitário, a funcionar remotamente.
No terreno, Putin garantiu que as forças russas estão a avançar "em toda a linha da frente", incluindo nas regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhya e Kherson, reivindicando também o controlo da cidade estratégica de Chasiv Yar em Donetsk – negado por Kiev.
Ao lado do seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, Vladimir Putin anunciou ainda que Moscovo iniciou a produção em massa do míssil hipersónico nuclear Oreshnik, com planos para instalação em território bielorrusso.
Zelensky insiste em reunir com Putin
Por sua vez, também esta sexta-feira, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reiterou o apelo para uma reunião direta com Putin.
"Sabemos quem toma as decisões na Rússia e quem deve pôr fim a esta guerra. Todo o mundo sabe isso também", escreveu Zelensky na rede social X.
Apesar dos sucessivos apelos da Ucrânia a um cessar-fogo imediato, Moscovo insiste na celebração de um acordo de paz "final e duradouro", rejeitando uma mera pausa. Desde o início das negociações em Istambul, em maio, a Rússia levou a cabo alguns dos ataques aéreos mais intensos, especialmente na capital, Kiev.
A Ucrânia e os seus aliados europeus têm repetidamente acusado Putin de não estar verdadeiramente interessado na paz e de estar a ganhar tempo - acusações que o Kremlin rejeita.