Mo Ibrahim não atribui prémio de governação
15 de outubro de 2012 Pela terceira vez o prémio da Fundação Mo Ibrahim, destinado a distinguir a boa governação no continente africano, não foi atribuído. "O comité determinou que nenhum dos candidatos ao prémio cumpre os critérios", discursou esta segunda-feira (15.10) em Londres o antigo presidente da Tanzânia, Salim Ahmed Salim.
Tal como sucedeu em 2009 e 2010 o júri decidiu não atribuir o prémio, que é a nível mundial aquele que dispõe de uma maior dotação financeira: 5 milhões de dólares. Em causa está, justificou Ahmed Salim, a exigência de "excelência".
Excelência sem exceções
"Os critérios estão claramente definidos: nós distinguimos a excelência. E não fazemos compromissos porque isso iria por em causa a credibilidade do prémio", disse Mo Ibrahim, o magnata britânico das telecomunicações de origem sudanesa e criador da Fundação Mo Ibrahim.
No ano passado o prémio foi entregue ao antigo presidente de cabo-verdiano, Pedro Pires, "por ter transformado Cabo Verde num modelo de democracia, estabilidade e crescente prosperidade". Também o ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano foi distinguido em 2007.
Índice de governação em África
Além de anunciar a decisão relativa ao prémio a Fundação Mo Ibrahim, sediada em Londres, também divulgou o seu índice de governação em África.
"O índice mostra-nos como está África, que África está a avançar na direção certa", disse Mo Ibrahim. Este avanço não se verifica "em todos as categorias, mas mesmo assim regista-se uma evolução positiva. E nós esperamos que no futuro haja líderes africanos que continuem a fazer avançar o continente", disse o criador da Fundação.
Em matéria de boa governação há cinco países africanos no topo da tabela: a Maurícia, Cabo Verde, Botswana, Seychelles e a África do Sul. O país pior classificado é a Somália.
Deterioração de direitos humanos prejudica classificação de Angola
Segundo o índice, constata-se uma melhoria clara na última década, em particular no domínio da saúde, no sector rural, na economia e na igualdade de género. Havendo todavia uma degradação quanto à situação dos direitos do homem, os quatro países motor do continente africano – Egito, África do Sul, Nigéria e Quénia – não registaram evoluções positivas neste domínio, pelo contrário.
É precisamente a deterioração em termos de direitos humanos e participação cívica que impede uma melhor classificação de Angola no índice Mo Ibrahim. Angola subiu uma posição na classificação passando a estar em quadragésimo lugar num total de 52 países. Quanto aos outros países lusófonos a Guiné-Bissau tem a pior classificação neste índice ocupando o 45º lugar. Moçambique situa-se na 21ª posição, São Tomé é o 11º classificado, e Cabo Verde mantém o exemplar segundo lugar nesta tabela.
Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Renate Krieger