Comunidade internacional preocupada com eleições no Senegal
4 de fevereiro de 2024A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Europeia e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de França defenderam, este domingo (04.02), que o Senegal deve realizar eleições presidenciais o mais rápido possível. Isto depois do Presidente do país, Macky Sall, ter adiado, este sábado, as eleições presidenciais de 25 de fevereiro.
Em comunicado, a CEDEAO "manifesta a sua preocupação com as circunstâncias que levaram ao adiamento das eleições e pede às autoridades competentes que acelerem os diferentes processos para estabelecer uma nova data".
O bloco regional, composto por 15 países - embora os Governos do Burkina Faso, do Mali e do Níger tenham anunciado a sua retirada na semana passada -, também apelou a "toda a classe política [senegalesa] para dar prioridade ao diálogo e à colaboração para a realização de eleições transparentes, inclusivas e livres".
Em comunicado, a União Europeia diz que "apoia a posição expressa pela CEDEAO e apela a todas as partes interessadas para que trabalhem, num clima pacífico, para realizar eleições transparentes, inclusivas e credíveis, o mais rapidamente possível e com respeito pelo Estado de direito, a fim de preservar a longa tradição de estabilidade e democracia no Senegal", referiu a UE.
Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros de França defende que o Senegal deve realizar eleições "o mais rápido possível”.
"Apelamos às autoridades para que eliminem as incertezas relativas ao calendário eleitoral para que as eleições possam ser realizadas o mais rápido possível, respeitando as regras da democracia senegalesa", apontou, em comunicado, o executivo francês.
A suspensão eleitoral é motivada por um "conflito aberto no contexto de um alegado caso de corrupção de juízes", referiu o Presidente do Senegal, Macky Sall, numa declaração televisiva.
Perante a decisão de Macky Sall, a oposição convocou protestos para esta tarde.
Polícia usa gás lacrimogéneo em protesto
Para dispersar as centenas de pessoas que se deslocaram a uma das principais ruas de Dakar para contestar o adiamento das eleições presidenciais, a polícia atirou gás lacrimogéneo.
Segundo um jornalista da Agence France-Press (AFP), os manifestantes, homens e mulheres de todas as idades, reuniram-se na rotunda de uma das principais estradas da capital do Senegal envergando a camisola da seleção nacional e agitando bandeiras do país.
Demissão no Governo
Na sequência do anúncio de Macky Sall, o ministro secretário-geral do Governo senegalês, Abdou Latif Coulibaly, apresentou a sua demissão.
"Depois de tomar nota com muito cuidado do discurso [do Presidente do Senegal] dirigido ao povo senegalês, tomei a decisão de retirar todas as consequências disto tudo e de deixar o Governo", disse Coulibaly, em comunicado.
Coulibaly, um antigo jornalista de renome no Senegal e irmão de um dos juízes suspeitos de corrupção no caso invocado por Sall para adiar as eleições, referiu ter-se demitido para poder defender as suas opiniões e as suas convicções políticas.